Mulher é presa em Maracanaú suspeita de aplicar golpes jurídicos em vários estados

A mulher fingia ser advogada ou servidora de órgão judiciais para arrecadar fundos para uma facção criminosa. As investigações identificaram três golpes na região Norte

15:09 | Ago. 03, 2024

Por: Lara Vieira
Prisão foi realizada durante operação coordenada pela Ficco-CE (foto: Divulgação/Polícia Federal)

Uma mulher foi presa na noite dessa sexta-feira, 2, em Maracanaú, suspeita de integrar grupo criminoso e aplicar golpes jurídicos em vítimas de diversos estados brasileiros. De acordo com a Polícia Federal (PF) no Ceará, as investigações apontam que a suspeita se passava por advogada ou servidora do Judiciário para enganar vítimas e arrecadar fundos para uma organização criminosa com base no Ceará. Até agora, foram identificados três golpes praticados pela mulher em estados da região Norte.

As investigações tiveram início após a Polícia Civil do Amapá tomar conhecimento de golpes jurídicos, aplicados a moradores do estado nortista. A mulher, de 44 anos, tinha como método entrar em contato com as vítimas por telefone, sendo em ligações ou por mensagens de WhatsApp, fingindo ser profissionais do judiciário, como advogada e servidora pública.

Durante essas conversas, sempre adaptando sua abordagem conforme a situação da vítima, ela alegava que precisava de dinheiro para dar andamento em algum processo judicial ou para liberar um alvará, por exemplo. Para dar prosseguimento ao processo, as vítimas então realizavam transferências para a suspeita.

Conforme o delegado Paulo Renato de Almeida, da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) no Ceará, a atuação da mulher também se estendia a outros estados do País. “Nós temos a confirmação de dois golpes no estado do Amapá e um no Amazonas. Contudo, há suspeitas de que ela também tenha aplicado, ou tenha feito tentativas, em outros estados”, disse.

As Forças de Segurança do Amapá entraram em contato com as unidades do Ceará. Conforme o delegado Paulo Renato, os valores subtraídos nos golpes seriam para financiar as atividades ilícitas do grupo criminoso no qual a suspeita seria integrante, a facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). As investigações apontam que, a cada golpe, a mulher subtraia de R$ 3 mil a R$ 5 mil por vítima. Ainda não se sabe, contudo, o valor total extraído pela capturada.

“Conseguimos localizar a suspeita e, com o mandado de prisão autorizado pela Central de Garantias e Execução de Penas e Medidas Alternativas do Tribunal de Justiça do Estado do Amapá, encontramos essa mulher em um imóvel em Maracanaú”, conta o delegado.

A captura ocorreu no bairro Alto da Mangueira. Ao ser abordada, a mulher, natural do município, não apresentou resistência aos policiais. Não houve apreensão de pertences ligados aos golpes durante a abordagem. Ela foi encaminhada à Delegacia Municipal de Maracanaú, detida por suspeita de estelionato, conforme previsto no artigo 171, § 2Aº do Código Penal (Lei nº 2848).

Segundo a Ficco, a investigação continua para determinar a extensão dos golpes praticados pela mulher capturada e calcular o total subtraído das vítimas. "Além disso, estamos apurando se ela contava com parceiros que a ajudassem a dar continuidade aos golpes, tanto no Ceará quanto em outros estados", concluiu o delegado Paulo Renato de Almeida.

Os nomes dos suspeitos presos em ações das forças da segurança do Ceará deixaram de ser divulgados desde o dia 5 de fevereiro de 2024. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou atender à orientação da sua assessoria jurídica para adequar-se à Lei de Abuso de Autoridade (Lei Nº 13.869/2019).

Operação da Ficco

A operação conjunta de localização e captura contou com a participação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-CE), da Polícia Civil do Amapá, do 14º BPM da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e da Assessoria de Inteligência (Asint) da PMCE.

Essa não é a primeira vez que criminosos domiciliados no Estado praticam esse tipo de ação em outros estados. Há menos de cinco dias, no dia 31 de julho, um grupo criminoso foi desmantelado após aplicar fraudes jurídicas eletrônicas em pelo menos 54 vítimas de Goiás.

Na operação, Polícia Civil do Ceará prendeu 15 suspeitos, que se passavam por advogados e juízes para enganar as vítimas, exigindo pagamentos sob o pretexto de liberar precatórios. Também foram cumpridos 30 mandados de busca e apreensão e o bloqueio de mais de 340 contas bancárias dos investigados.

Em agosto de 2023, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), em colaboração com a Polícia Civil do Ceará (PC-CE), cumpriu três mandados de prisão no Ceará contra suspeitos envolvidos em um esquema de falso precatório que vitimava moradores de Taguatinga, no Distrito Federal. Já em novembro, uma organização criminosa de municípios cearenses foi o alvo da operação "Lobo em Pele de Cordeiro" após aplicar esse golpe em moradores do Paraná.