Operação prende investigados por extorquir comerciantes e expulsar moradores

Seis pessoas foram alvo de mandados por suspeita de integrar organização criminosa. Um racha entre a facção causou mortes e expulsões

Seis pessoas foram alvos de mandados de prisão cumpridos em Fortaleza e Itaitinga, na Região Metropolitana, na manhã desta quarta-feira, 20, em razão de integrar organização criminosa com atuação em Maracanaú.

O inquérito investiga extorsões a comerciantes, expulsões de moradores, homicídios e um racha da facção após divergências entre os criminosos.  Detalhes sobre o caso foram divulgados durante uma coletiva de imprensa no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp). 

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Os seis indivíduos não tiveram os nomes divulgados em razão de protocolo da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS). 

Os levantamentos da Delegacia Metropolitana de Maracanaú apontam que, no início deste ano, o grupo passou a extorquir comerciantes da região. Seriam proprietários de mercadinhos, sorveterias e estabelecimentos dos bairros Alto da Mangueira, Colônia, entre outros. 

Segundo o delegado Alan Pereira, o objetivo dos criminosos era arrecadar uma espécie de aluguel para que o estabelecimento não fosse alvo de roubos. As ações criminosas seriam cometidas pelo mesmo grupo que oferecia a "proteção".

Além de valores, os indivíduos exigiam mercadorias, segundo as forças policiais. Diversos comerciantes, acuados com a situação, registraram boletins de ocorrência e a investigação teve início. 

Racha em facção em Maracanaú

Enquanto a Polícia atuava para identificar os responsáveis, na comunidade o cenário era de divergência. Os casos de extorsões causaram um racha entre o grupo predonominante, Comando Vermelho. Os faccionados que extorquiam os moradores foram expulsos da organização criminosa e obrigados a sair de Maracanaú. Desta forma, os homens passaram a integrar a facção rival, Guardiões do Estado (GDE), como aponta a autoridade policial.

O delegado Alan Pereira citou que houve registro de comerciante que chegou a ser obrigado a deixar a comunidade. As expulsões dos moradores, conforme as vítimas, desagradavam os grupos criminosos. Pelo menos dois homicídios são citados no inquérito, ambos ocorreram após o período de Carnaval. 

As mortes em Maracanaú teriam ocorrido depois que os responsáveis pelas extorsões foram expulsos do território. Serima uma forma vingança e uma tentativa de "tomar" o território do tráfico de drogas para a facção GDE. 

As prisões ocorreram no bairro Canidezinho e também no sistema penitenciário. Um dos suspeitos era egresso do sistema penal em razão de um processo por porte ilegal de arma de fogo. Já no processo atual, todos foram presos por integrar organização criminosa. Os aparelhos celulares foram apreendidos e devem subsidiar as investigações. 

De acordo com o coronel Kilderlan de Sousa, a operação desta quarta-feira, 20, ocorreu de forma conjunta entre a Polícia Civil e a Polícia Militar.

Em relação a prática de extorsões a comerciantes, o oficial destacou o trabalho do Comando da Polícia Militar para Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac/PMCE), que tem a política de atuar de forma próxima à população de territórios. 

Ações contra chefes de organizações criminosas 

O crime organizado que atua em Maracanaú é alvo de diversas investigações da delegacia metropolitana. No fim do ano do ano passado, o titular da unidade destacou o aumento de mortes ocasionadas pela disputa da exclusividade no fornecimento de drogas do município.

Pelo menos três chefes de facções foram presos em operações. Um desses era Reydene Márcio Santana Silva e Sousa, que foi solto no dia seguinte à prisão, durante audiência de custódia. 

Outro integrante de organização criminosa apontado pela Polícia Civil foi Allan Erbe Moreira de Sousa da Silva, conhecido como "Perverso". O homem é investigado por mais de 10 homicídios em Maracanaú e Caucaia. A prisão dele ocorreu em dezembro do ano passado.

"Perverso" respondia ainda por porte ilegal de arma de fogo e por integrar organização criminosa, mas estava cumprindo a pena em liberdade quando foi novamente detido.

As investigações apontavam que, após sair da prisão, no começo de 2023, ele teria iniciado uma disputa pelo controle do território do Parque Tijuca.

No primeiro quadrimestre de 2023, Maracanaú havia apresentado aumento de 62,85 % no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI).

O que diz a defesa 

O advogado que representa todos os suspeitos presos na operação desta quarta-feira, 20, Renan Conde, aponta que os clientes não possuem envolvimento com homicídios ou tráfico de drogas. O profissional pontua que não houve apreensão de droga ou arma de fogo com eles.

"A prisão foi em razão de dois deles, que estavam envolvidos em um vídeo que circulou no Kwai (rede social), em que aparecem atirando em casa de outras facções rivais. Por causa desse vídeo a Polícia Civil fez a investigação e pediu a prisão de todos. Um deles trabalhava de carteira assinada em São Paulo e visitava a família, quando foi preso", afirma.

De acordo com a defesa, dos cinco presos, três não possuem antecedentes criminais. O advogado afirma que não havia suspeita de tráfico ou homicídio, mas por integrar organização criminosa. Na quinta-feira, 21, todos serão submetidos a audiência de custódia.

 

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