Presa quadrilha que roubava motos e vendia em feira de Fortaleza
Segunda a Polícia, modelos Honda Titan de baixa cilindrada eram os alvos favoritos da quadrilha, que começou a ser investigada em 2019
13:32 | Mar. 30, 2021
Foi desarticulada na manhã desta terça-feira, 30, uma associação criminosa especializada em roubos, adulteração e clonagem de motocicletas. O grupo foi alvo da "Operação Motors", da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE). Os alvos da operação são apontados como suspeitos de atuar desde o roubo até a falsificação de documentos e placas para os veículos. As motos clonadas eram vendidos em feira na região da Parangaba, em Fortaleza.
Segunda a Polícia, modelos Honda Titan de baixa cilindrada eram os alvos favoritos da quadrilha, que começou a ser investigada em 2019. As investigações policiais começaram a partir da denúncia de uma vítima que viu em circulação uma motocicleta clonada idêntica à dela. A Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC) identificou os suspeitos e constatou como o esquema criminoso funcionava.
"Proprietário de uma moto acabou ali, na avenida Osório de Paiva, encontrando no estacionamento de um determinado comércio uma motocicleta igual à dele, com a mesma placa. De imediato, o cidadão acionou a Polícia", explicou o delegado Pedro Viana, titular da DRFVC.
Segundo o delegado geral da Polícia Civil, Sérgio Pereira, a operação também serve de alerta para quem teve a moto roubada ou suspeita de ter comprado veículo ilegal. "Se algum cidadão que a gente considera de boa-fé em algum momento perceber que adquiriu um veículo desse grupo ou em algum momento ele foi roubado, furtado, procure a Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos para repassar essa informação e fazer esse registro", ressaltou.
Modo de operação
Os principais alvos são um casal preso no bairro Coaçu em Fortaleza, Fernando César Alves Ribeiro Júnior, 28, mais conhecido como Júnior, que já responde por quatro procedimentos policiais por receptação e furto de veículo, e sua companheira Diana Portela Aguiar, 34, conhecida como "Dayana", que também tem antecedentes por receptação. Quando Júnior foi pego com uma moto roubada, foi preso por cerca de oito meses. Nesse tempo, conforme a Polícia, Dayana assumiu a chefia da quadrilha. "Ele mesmo já foi preso, a sua esposa continuou. Com certeza, mediante a orientação e toda coordenação dele do presídio. Ele continuou gerenciando o esquema criminoso", informou o delegado Viana.
O esquema funcionava inicialmente com o roubo de motos, que seria realizado por Paulo Nunes Melo, 23, vulgo "Paulo Júnior". O suspeito é o único não encontrado na operação e as diligências continuam em busca dele. Após o roubo, a Polícia aponta que Paulo Júnior entregava as motocicletas para Luiz Vitor Santos da Silva, 22, que seria responsável por guardar e esconder os veículos em casas desocupadas ou terrenos baldios. O objetivo era guardar as motos até terem certeza que não continham algum tipo de rastreador ou se a o dono ou a Polícia iria resgatar o veículo.
Em seguida, entrava em ação, segundo as investigações, Francisco Erlon Lessa da Silva, 44 anos, conhecido como "Negão", para confeccionar as placas clonadas. Ele já trabalhava em uma empresa especializada na produção desse tipo material licitamente em Maracanaú. Francisco Jeová Magalhães Dias, 52, também atuaria, conforme a investigação, no fornecimento de placas falsas. Nenhum dos quarto possui passagens anteriores na Polícia.
As motos deveriam voltar para circulação e para isso era preciso falsificar a documentação. De acordo com a Polícia Civil, essa era a função de Joab Vidal de Souza, 23, que se encarregava de modificar Certificado de Registro de Veículo (CRV) e produzia, a partir de consulta em bancos de dados, a documentação para que o veículo pudesse ser vendido como real. Foram apreendidos papéis de documentos oficiais, sob suspeita de serem furtados do DEtran, segundo a Polícia.
Já o serviço de adulterar as placas nos veículos seria feito por Claudemir dos Reis, 47, que é mecânico. Despois de todo esse processo de roubo e clonagem, juntos, ele e o casal líder, Júnior e Diana, atuavam em feiras na região da Parangaba. Todas as informações são do relato feito pela Polícia Civil na entrevista coletiva desta terça.
Ação
Até o momento, seis pessoas foram presas e 17 mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos. Foram vistoriados endereços nos bairros Autran Nunes, Bom Sucesso, Canindezinho, Mondubim, Parque Santa Rosa, Quintino Cunha e no município de Maracanaú. Entre os locais visitados, está uma empresa de confecção de placas. Além dos presos, a operação conseguiu regatar veículos roubados que seguiram para a perícia.
O delegado titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC) ressalta ainda que a população deve ficar atenta aos locais onde compram veículos, além de desconfiar de preços muito baratos. "O cidadão tem que desconfiar do preço, do local de onde ele está adquirindo, se é um local legalizado, se é uma empresa devidamente estabelecida, né? Evitar essas compras de veículo que a gente vê em feira, sem você saber de quem você tá comprando", acrescentou.
A população pode contribuir com as investigações repassando informações que possam ajudar na localização dos suspeitos. As denúncias podem ser feitas para o número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou para os números (85) 3101-4926 e (85) 3101-4927, do 34º DP. O sigilo e o anonimato são garantidos.
Com informações da repórter Angélica Feitosa