Caso Zé Maria do Tomé: novo júri é marcado após 14 anos do crime

O ambientalista foi morto no dia 21 de abril de 2010, em Limoeiro do Norte. Ele lutava contra a pulverização aérea de agrotóxicos na região

Um novo júri do caso Zé Maria do Tomé foi marcado para o dia 9 de outubro no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, às 9 horas. A morte do ambientalista, que lutava contra a pulverização de agrotóxico, ocorreu há 14 anos. O caso foi registrado na região de Limoeiro do Norte, a 202 quilômetros de Fortaleza. No dia 21 de abril de 2010, Zé Maria foi morto com mais de  20 tiros em uma estrada carroçável.  

Na época, o líder rural mobilizou movimentos populares contra a prática da pulverização, que deixava efeitos nocivos na saúde dos agricultores. Muitas pessoas sofriam com os efeitos colaterais e também apresentavam diagnóstico de câncer.  

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A dispersão do veneno, que era realizada por aviões, chegou a ser proibida por meio de uma lei aprovada na Câmara Municipal de Limoeiro do Norte. Depois da morte de Zé Maria, a lei foi revogada. 

No ano de 2018, a Assembleia Legislativa aprovou o projeto de lei que proibia a pulverização, de autoria do deputado Renato Roseno (Psol).  A lei foi sancionada pelo então governador Camilo Santana e o Ceará foi o primeiro estado a adotar a legislação a favor da proteção ambiental e saúde pública. 

O júri de Francisco Marcos Lima Barros acontecerá no dia 9 de outubro.  Dentre os suspeitos de execução do crime, havia ainda um homem identificado como Antônio Wellington, que foi morto durante um confronto com a Polícia, após a denúncia do Ministério Público. Eles não são, porém, os únicos suspeitos. 

Depois de chegar ao nome dos dois supostos executores, as investigações apontaram João Teixeira, empresário da região da Chapado do Apodi, e José Aldair, que trabalhava para o empresário, como mandantes.  Estes foram pronunciados, mas recorreram ao Tribunal de Justiça do Estado do Ceará e tiveram ganho de causa. O único réu do caso é Francisco Marcos, que responde em liberdade. 

O julgamento aconteceria em 2020, mas foi adiado a pedido da defesa de Francisco Marcos. Na época, o advogado alegou falta de tempo hábil para se preparar para o julgamento e ausência da intimação em tempo hábil.

Em entrevista ao O POVO, a filha de Zé do Tomé, Márcia Xavier, afirmou que processo foi desaforado (saiu de um fórum pra outro) em razão de um pedido da defesa do réu. "O advogado pediu o desaforamento alegando o risco que o réu corria", afirma. 

O desaforamento seria, inicialmente, para o município de Russas, mas o juiz da comarca do Município pediu o desaforamento para Fortaleza, pois as cidades eram próximas e não havia estrutura para comportar um número maior de pessoas, em razão de ser um caso de grande repercussão.

Em 2022, Márcia havia se manifestado afirmando que o objetivo da execução de Zé Maria era "calar a boca dele" e comentou que no começo os parentes ficaram assustados, mas que depois entenderam que o alvo era o ambientalista. 

Apesar do julgamento, a família ainda pede Justiça para que o mandante do crime seja responsabilizado.  Após a morte, o acampamento da região foi chamado Zé Maria do Tomé em homenagem ao ambientalista. 

 



 


 

 

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