Padre Cícero: missa marca 90 anos de morte e une romeiros

Evento reuniu milhares de pessoas de diversos pontos do País. Devotos do "Padim Ciço" pagam promessas e agradecem por graças alcançadas

A cada dia 20 de julho, data que marca a morte de padre Cícero Romão Batista, milhares de romeiros de diversos cantos do Brasil vão a Juazeiro do Norte, na região Sul do Ceará, para homenagear o “Padim Ciço”. Em 2024, a romaria é especial, por marcar os 90 anos da passagem de uma das figuras históricas mais conhecidas do Nordeste.

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É o caso do romeiro Márcio Virgínio, que, pela 16ª vez, foi a pé para participar de uma romaria em Juazeiro do Norte. “É emocionante. Com esses 90 anos da passagem do meu Padim Ciço, melhor ainda, mais gratificante”, disse ele, sobre poder participar do momento religioso.

Essa é a segunda passagem de Márcio em Juazeiro do Norte em 2024. Em janeiro, ele esteve presente na romaria de Nossa Senhora das Candeias. No entanto, a romaria de julho, por marcar a morte do primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, é a mais especial, pois Márcio vem pagar as promessas, agradecer as grças alcançadas ao longo do ano e realizar novos pedidos ao santo popular.

Joseandro dos Santos, de Garanhuns (PE), também participa com frequência das romarias em Juazeiro. Com cerca de 27 viagens a cidade, essa foi a primeira vez que ele fez os mais de 430 km que separam sua cidade natal a Juazeiro do Norte a pé.

Foram aproximadamente dez dias de caminhada para participar da missa em celebração aos 90 anos da passagem de padre Cícero. “Essa data é muito importante. Traz lembranças muito fortes. Todo ano a gente vem. Já vim de pau-de-arara, carro, moto e, agora, a pé, para assistir à missa na igreja do Padim Ciço”, conta.

Todos os anos, cerca de 2,5 milhões de pessoas vão a Juazeiro do Norte para o chamado turismo religioso.

Padre Cícero: "Se existisse um padre Cícero Romão a cada 100 anos, o Nordeste seria outro"

Em entrevista à rádio O POVO CBN, o reitor e pároco da Basílica Nossa Senhora das Dores, padre Cícero José, exortou às pessoas a cuidarem dos outros, como padre Cícero fez ao longo de sua vida. “Toda sua vida foi dedicada a ter um coração voltado para Deus e tomar conta do povo. Esse cuidado ele vai dando com ações concretas, ensinando a viver essa experiência de unidade em unidade, com oração e experiência com Deus”, disse o sacerdote.

O pároco também lembrou que durante os desafios, fossem eles nos campos político, social ou religioso, padre Cícero jamais abandonou sua fé. “Ele nunca tirou os olhos da cruz, porque ele sabia que meta queria alcançar,” refletiu.

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Para o clérigo, celebrar os 90 anos da passagem de padre Cícero é dar continuidade à missão iniciada por ele. “Nessa romaria, o lema é ‘meu padrinho, quanta saudade o senhor deixou entre nós’. Sempre que vou falar sobre esse tema, me recordo do papa João Paulo II. Durante uma visita a Assis, ele disse que se nascesse um Francisco a cada 100 anos, o mundo seria outro. Parafraseando o papa, eu falo: se existisse um padre Cícero Romão a cada 100 anos, o Nordeste, o Brasil seria outro”, afirmou o padre Cícero José.

Padre Cícero: da hóstia em sangue à beatificação

Nascido em 1844, padre Cícero Romão Batista ordenou-se padre em 1870, no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Em 1872 chega à Juazeiro, à época um pequeno povoado do município do Crato.

No entanto, a relação entre padre Cícero e a Igreja Católica foi rompida anos depois de sua nomeação como sacerdote. Em 1º de março de 1889, uma hóstia teria se transformado em sangue na boca de Maria de Araújo, uma mulher pobre da região, que foi acolhida pelo padre.

O fato acabou se espalhando e não foi bem aceito pela Igreja, que em 1891 proibiu Cícero Romão Batista de exercer suas funções como sacerdote. Ele chegou a ir ao Vaticano, para pedir absolvição ao papa Leão XIII.

No entanto, ele foi reabilitado anos depois pelo Vaticano. Atualmente, padre Cícero está em processo de beatificação e pode tornar-se um santo reconhecido pela Cúria Romana.

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