Milhares de pessoas participam da Romaria de Finados em Juazeiro do Norte
Celebração teve início no último sábado e espera receber 400 mil fiéis
12:06 | Nov. 02, 2022
A Romaria de Finados, uma das maiores celebrações religiosas de Juazeiro do Norte, a 489, 20 km de Fortaleza está levando uma multidão de pessoas aos cemitérios do município. O principal local de visitação é o cemitério localizado na capela do Socorro, onde está sepultado padre Cícero Romão Batista. Desde o início da pandemia da Covid-19, em 2020, esta é a primeira vez que a romaria de Finados está sendo realizada.
Essa também é a primeira romaria após o início de beatificação de padre Cícero, iniciado em maio deste ano. A Romaria de Finados teve início no último sábado, 29. Conforme a Secretaria de Turismo de Juazeiro do Norte, a expectativa é que até esta quarta-feira, 2, Dia de Finados — quando a celebração é encerrada —, cerca de 400 mil pessoas tenham visitado o túmulo de padre Cícero.
De acordo com crenças populares, quem toca no local onde o “Padim Ciço” está enterrado recebe uma graça. Durante todo o dia de hoje, missas serão celebradas a cada duas horas na capela do Socorro, com a última tendo início às 18 horas.
Uma celebração religiosa também deve ser realizada ao meio-dia, na Basílica da Nossa Senhora das Dores, onde ocorre a tradicional “bênção dos chapéus”, onde os fiéis recebem uma bênção para a viagem de volta a seus lares.
O fato de a romaria ter sido realizada durante o segundo turno das eleições de 2022 não impediu que os fiéis fossem até Juazeiro do Norte. Muitos ônibus chegaram ao município no domingo à noite, quando a votação havia sido encerrada.
Em entrevista à repórter Licia Maia, da rádio CBN Cariri, o responsável pela Basílica, padre Cícero José, disse que esta é uma das maiores romarias pós-pandemia. “Hoje é dia de gratidão. Embora cansados fisicamente, mas restaurados pastoralmente e espiritualmente. Esperamos que eles (romeiros), ao voltarem para suas casas, possam viver a experiência de ser luz”, afirmou o sacerdote.
Também em entrevista à radio CBN Cariri, a romeira Maria Rosinete acredita que é o padre Cícero quem garante o dinheiro para custear a viagem dos fiéis a Juazeiro do Norte. “É coisa inexplicável. Você diz ‘este ano eu não vou, porque eu não tenho condição’. De repente, alguém fala que tem um dinheiro ali pra você ir buscar", declarou.
A família de Maria Rosinete, de Arco Verde (PE), participa das romarias do padre Cícero há pelo menos quatro gerações. A tradição começou com sua avó, passou para sua mãe, agora está com ela, que já está passando para seus descendentes. “É tradição da família, desde a gente bem pequena. Nossa avó trazia a gente, passava quatro, cinco dias viajando. Meu pai vinha de caminhão. Hoje a gente vem de van, vem de ônibus, num maior conforto”, lembra.
Cícero Romão Batista morreu em 1934, rompido com a Igreja Católica por seu envolvimento com a política e após o escândalo do “milagre da hóstia”, quando o item religioso virou sangue na boca de uma beata.
Após sua morte, padre Cícero transformou-se em um santo popular, atraindo milhares de pessoas todos os anos a Juazeiro do Norte.
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