Projeto em Juazeiro incentiva a recuperação e orientação de homens agressores de mulheres
O projeto também recebe homens que desejam receber as orientações de forma voluntáriaO “Projeto das Marias: Pela Paz, Pela Vida”, vinculado ao Centro de Referência da Mulher de Juazeiro do Norte, tem como objetivo a prevenção à reincidência de casos de violência contra mulheres. Com caráter educativo, o projeto reúne semanalmente homens que respondem pela Lei Maria da Penha, com medidas protetivas de urgência. Nos encontros, são trabalhados os direitos das mulheres, as formas de violência, bem como o impacto de possíveis potenciadores da violência, como o álcool.
As informações sobre o projeto foram fornecidas pela assistente social do Centro de Referência da Mulher, Emanuelle Vasconcelos, em entrevista à Rádio CBN Cariri.
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O equipamento está dentro da política de assistência social e tem caráter educativo. Contudo, mesmo em casos de famílias que já tenham histórico de agressões, o projeto atua na prevenção de novas situações de violência doméstica. As orientações ocorrem após o encaminhamento dos homens, que estão respondendo pela Lei Maria da Penha, com medidas restritivas, pelo Juizado da Mulher. Com a medida, eles participam de 10 sessões reflexivas.
"Nessas 10 sessões, nós vamos trabalhar os tipos de violência. Muitas vezes, eles chegam com a percepção de que não praticaram nenhum tipo de violência. Há uma noção ainda muito difundida que a violência se restringe apenas a violência física", conta Emanuelle Vasconcelos, assistente social do Centro de Referência da Mulher. De acordo com o texto que assegura a Maria da Penha, há cinco tipos de violência contra a mulher: a violência física, patrimonial, psicológica, moral e sexual.
Potenciadores da violência
Além das formas de violência, durante as sessões são trabalhadas a Lei Maria da Penha, a evolução dos direitos das mulheres, bem como a atuação dos potencializadores da violência como o álcool e outras drogas. "Os dados estatísticos mostram um grande índice de uso de potencializadores no momento da violência. Nós temos dados estatísticos que nos mostram que o álcool é usado em 96% dos casos que atendemos lá no projeto", relata Emanuelle.
O projeto surgiu em 2019. Contudo, por conta da pandemia da Covid-19, as atividades foram interrompidas, mas retomadas em 2020.
Apesar do projeto aceitar, principalmente, indivíduos encaminhados por processo judiciais, também são aceitos homens que desejam receber orientação voluntária. "Qualquer homem que esteja se percebendo em uma relação abusiva, que queira procurar o projeto para se trabalhar, se desconstruir, também é muito bem-vindo", explica a assistente social.
Segundo a representante entre os atendidos, 47,2% são pardos; 34% têm ensino médio completo; 84% são heterossexuais e 83% dos homens expressam algum tipo de religião, em geral, católica ou evangélica.
Além de Juazeiro do Norte, o Projeto Marias também tem atuação em Fortaleza. As sessões de orientação ocorrem uma vez por semana, em horários não comerciais e duram, em média, dois meses.
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