Juazeiro do Norte: por que o resgate de mulher que caiu em cacimba é difícil
Dificuldade de acesso, chuvas e desabamento da estrutura da cacimba prejudicam o trabalho das equipes do Corpo de Bombeiros. Resgate não tem previsão de horário para ser finalizadoMais de dois dias após o acidente, Sônia Cristina Pereira da Silva, 48, continua desaparecida em uma cacimba de quase 60 metros de profundidade em Juazeiro do Norte, no Cariri, interior do Ceará. O resgate é feito pelo Corpo de Bombeiros, que tem encontrado dificuldades para retirar a vítima do local. O difícil acesso e a chuva registrada na quinta-feira, 24, aumentaram a complexidade da operação e não há previsão de quando o resgate deverá acabar.
A cacimba, localizada no quintal da residência de Sônia, estava desativada. O desabamento que abriu a cratera onde ela caiu ocorreu enquanto Sônia e Maria Edilânea Moreira, 36, estavam retirando roupas do varal. As duas caíram no buraco, mas Maria Edilânea foi resgatada com vida ainda na tarde de quinta-feira, 24. Ela foi levada ao Hospital Regional do Cariri e tem estado de saúde estável.
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O resgate de Maria Edilânea foi mais rápido porque a mulher tinha caído por cima da tampa da cacimba. Já Sônia ficou soterrada embaixo da pedra. Uma das primeiras dificuldades encontradas pelo Corpo de Bombeiros foi retirar a pedra, que acabou desabando ainda mais após as chuvas de quinta-feira, 24. O objeto só foi removido na sexta-feira, 25, à tarde. Mesmo assim, as equipes de resgate ainda não conseguem contato visual com Sônia.
Paredes da cacimba estão desabando
De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros de Juazeiro do Norte, o tenente-coronel Agnaldo Alexandre, outro fator que dificulta o resgate é o desabamento das paredes da cacimba. “Desde ontem que as paredes da cacimba estão desmoronando. Em cima nós tínhamos três metros de diâmetro, embaixo só está dando um. Então significa que todo o material que estava ali em cima cedeu e está por cima da vítima”, explicou em entrevista ao repórter Guilherme Carvalho, da rádio CBN Cariri.
Para entender a situação das paredes da cacimba, uma câmera com alcance de 360° chamada First Look (primeiro olhar, em português) é utilizada. O aparelho foi um dos equipamentos disponibilizados pelo Corpo de Bombeiros do Ceará para auxiliar nas buscas de vítimas de soterramento em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Proteção da equipe
Já que as paredes da cacimba estão desabando e também há chances de o resto do quintal ceder, a segurança das equipes de resgate também fica comprometida. Por isso, é necessário utilizar manilhas, que consistem em tubos verticais, para melhorar a estrutura e dar maior proteção à equipe. Parte do material que desabava próximo à cacimba também está sendo retirado.
Cacimba fica em local de difícil acesso para máquinas
Segundo o tenente-coronel, outro aspecto da ocorrência que prejudica o trabalho dos bombeiros é a proximidade entre as casas ao redor da cacimba. “Vou completar 30 anos de serviço e ainda não tinha pego uma ocorrência dessa natureza, até porque o espaço é mínimo. Nós temos duas casas, uma na frente e outra atrás, e as casas laterais não nos permitem instalar nossos materiais e fazer com que o nosso pessoal desça a cacimba com segurança”, afirma Agnaldo Alexandre.
Também foi necessário podar uma árvore para que um caminhão com um guincho pudesse adentrar o local e ajudar no resgate. Na sexta-feira, 25, as equipes pararam os trabalhos às 18h para estudar melhor o local. Equipes especializadas de Fortaleza se dirigem ao Cariri para auxiliar a operação.
Com informações do repórter Guilherme Carvalho/Rádio CBN Cariri