Condição imprópria para banho na Praia de Jericoacoara foi fator pontual, explica Semace

Na última semana, resultado foi fora dos padrões das análises anteriores do órgão, em que apresentava condições favoráveis para balneabilidade; no sábado, 6, nova análise constatou as condições dentro dos padrões novamente

19:21 | Nov. 08, 2021

Por: Mirla Nobre
Potencial turístico é diferencial para Jijoca de Jericoacoara (foto: FCO FONTENELE)

Uma nova análise para condições de balneabilidade na Praia de Jericoacoara, no Ceará, apontou condição própria para banho no último sábado, 6. No entanto, em boletim da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), do dia 29 de outubro, a região tinha apresentado condições imprópria para banho, considerando possível contaminação.

Em entrevista ao jornalista Jocélio Leal, da rádio O POVO CBN, nesta segunda-feira, 8, o gestor ambiental da Semace, Lincoln Davi Mendes, explicou o que de fato aconteceu nos resultados da balneabilidade do litoral de Jericoacoara.

Conforme Lincoln, o resultado do último sábado confirmou a suspeita da equipe da Semace, sobre um fator pontual sobre os resultados fora dos padrões do último boletim do órgão. O especialista comentou que o resultado apresentado no último boletim estava fora dos padrões que a Praia de Jericoacoara apresentava e que logo em seguida foi feita nova análise que constatou as condições dentro dos padrões novamente da região.

“Se fosse uma contaminação contínua, ou seja, algo que tivesse a continuação da fonte poluidora certamente daria novamente o resultado negativo, o que não ocorreu, felizmente”, comenta.

O gestor ambiental explica que na coleta para análise da balneabilidade de uma região, a equipe realiza a coleta nos pontos previamente estabelecidos. Eles são aqueles pontos onde há uma maior probabilidade de dar um resultado negativo para condições favoráveis para banho. Segundo Lincoln, esses pontos são onde geralmente tem grande aglomeração de turistas, que são definidos como pontos onde você tem possíveis fontes poluidoras.

Segundo Lincoln, após a coleta, as amostras são levadas para o laboratório da Semace onde são detectados a presença de bactérias. "Essas bactérias estão presente no intestino dos animais de corpo quente, como seres humanos, cachorro, gato etc. Então, o fato da bactéria estar presente naquela água diz que ela teve alguma fonte poluidora proveniente do intestino de algum animal de sangue quente", informa.

Além disso, o especialista informa que quanto mais próximo da fonte poluidora e quanto menor o intervalo de tempo entre a poluição e a coleta, maior vai ser a probabilidade daquele teste dar o resultado fora dos padrões.

“Talvez se naquele mesmo dia, nós tivéssemos feito a coleta na parte da tarde, já iria estar dentro dos padrões, mas é importante que no momento em que foi feito a coleta, muito provavelmente, muito próximo do intervalo de tempo da contaminação e da fonte poluidora apresentou aquele resultado”, explica Lincoln sobre a coleta na Praia de Jericoacoara.

Saiba como é feita a análise

Os critérios utilizados são baseados na Resolução Conama Nº 274, de 29/11/2000 em que as amostras são processadas conforme diretrizes do Standart Methods for the Examination of Water and Wastewater para a contagem da quantidade de uma bactéria chamada Enterococos, que pode ser encontrada no aparelho digestivo (intestino) e no urinário.

As amostras são coletadas mensalmente, entre 9 e 16 horas, sendo coletada uma em cada ponto, na isóbata de 1 metro de profundidade, que representa a região mais visitada da praia.

É utilizado um critério em que adota-se o resultado acima de 100 NMP/100mL (número mais provável por 100mL) de Enterococos como "em alerta" (EA) para atividades como o banho. Resultado igual ou abaixo desse limite será tratado como "aconselhável" (A) para banho e "impróprio" (I) para banho caso o número seja seja superior a 400 NMP/100 mL.

Dentre os fatores que influenciam a quantidade dessas bactérias nas águas, estão:

- Presença de resíduos ou despejos;

- Sólidos ou líquidos;

- Esgotos sanitários;

- Óleo;

- Graxas e outras substâncias.

De acordo com o gestor ambiental da Semace, o Ceará possui 62 pontos de monitoramento da balneabilidade do litoral. “Só em Fortaleza são 32 pontos. Na Praia do Futuro, são 10 pontos pela quantidade de fontes poluidoras que tem. Quanto maior a quantidade de fontes poluidoras, mas a gente tem pontos para esta coletando”, pontua o especialista.

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