Conselho cria movimento 'SalveJeri' e página sobre caso das terras de Jericoacoara

Entidade diz que iniciativas foram feitas para elucidar caso envolvendo uma empresária que afirma ser proprietária de 80% das terras de Jericoacoara

O Conselho Comunitário de Jericoacoara iniciou o movimento “SalveJeri” diante da repercussão imobiliária que vem movimentando a vila de Jericoacoara, região turística no Ceará, nas últimas semanas. O caso acontece após uma empresária apresentar um documento afirmando ser proprietária de 80% das terras da região.

Nos últimos dias, a entidade sem fins lucrativos também criou a página “Salve Jeri, a verdade está aqui” buscando elucidar as questões sobre o caso envolvendo a empresária e a região turística. O objetivo, conforme o Conselho, é ter “um local de divulgação de informações detalhadas e precisas”.

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Segundo representantes do Conselho, ainda há mais informações para inserir e que o espaço, criado há poucos dias, está em atualização. “Está em processo de alimentação, com atualizações e validação do conteúdo pela diretoria e pelos advogados que estão assessorando”, afirma.

No local, uma linha do tempo detalha os trâmites do caso e busca, por meio de um abaixo assinado, que a Controladoria Geral do Estado (CGE) interceda na transferência das terras para a empresária. O documento conta com mais de cinco mil assinaturas, com a meta de alcançar 7.500 manifestações.

Nessa sexta-feira, 1º, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) divulgou que decidiu suspender o acordo extrajudicial firmado com a empresária, identificada como Iracema Correia São Tiago, de 78 anos, para que sejam feitas mais diligências e perícias de órgãos ambientais e fundiários e ampliar o acesso das informações aos moradores da região.

Como divulgado pelo O POVO ontem, a principal da intenção de suspender o acordo é buscar mais informações sobre a cadeia dominial, que confirma o histórico documental da Fazenda Junco I, que pertence à empresária e teria a área em sobreposição com a vila.

Terras de Jericoacoara: conselho diz que documentos da empresária foram alterados

O Conselho afirma que os documentos apresentados pela empresária foram alterados. O órgão questionou o tamanho da fazenda pertencente a mulher, que teria registros imobiliários anteriores e atuais variando de 441,04 hectares para 924,49 hectares. Os advogados da empresária citaram que recursos tecnológicos teriam ajustado a dimensão dos terrenos.

Na descrição da página sobre o caso do redemoinho imobiliário de Jeri, o conselho afirma que “existem alterações inexplicáveis feitas nos documentos”. “Verificado vários registros de novas topografias que aumentaram sucessivamente o tamanho do terreno”, afirma a entidade na página.

O POVO buscou a presidente do Conselho Comunitário, Lucimar Marques, para saber sobre a decisão de criar o movimento e quais as novas atualizações do caso diante dos novos episódios envolvendo as terras da vila de Jeri.

De acordo com a líder comunitária, a iniciativa surgiu a partir da reivindicação de cada morador já presente em Jeri e das histórias que a comunidade compartilha com a terra litorânea.

"Quem disse que Jeri tem um dono? Nossa, não dá mais nem para contar quantos donos tem em Jeri, porque todo mundo acreditou e é um sonho. Todo mundo veio e compartilhou com a vila de pescadores esse sonho. Hoje nós não somos mais isolados, porque nós somos donos de toda a Jeri, e nós lentamos essa bandeira dizendo assim 'Salve Jeri que já é nossa'", pontua Lucimar.

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