Hoje em agonia, Castanhão já teve bons momentos; relembre sangrias de 2004 e 2009
Arquivos do Banco de Dados do Jornal O POVO ajudam a rememorar duas sangrias na década passada, antes da crise hídrica que se arrasta há seis anos no Estado
11:30 | Jan. 21, 2018
O POVO deu destaque à triste realidade do Açude Castanhão, na última quinta-feira, 18. A reportagem "A agonia do maior açude do Brasil" mostra que o reservatório está em seus últimos meses, caso a natureza não contribua com um "inverno avassalador". As impressões trazidas nas matérias foram desanimadoras.
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Conforme o presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), João Lúcio de Farias, seriam necessários 30% do volume total do açude, aproximadamente 2 bilhões de m³, para o açude não perecer. O pescador José Wanderley, de 44 anos, afirma que, embora já tenha vivido várias secas, nunca viu nada igual a esta, que persiste há seis anos.
Apesar do contexto presente, o Açude já deu alegrias aos que dele dependem. Arquivos do Banco de Dados do Jornal O POVO ajudam a rememorar duas sangrias na década passada.
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[SAIBAMAIS]A primeira foi em 27 de fevereiro de 2004. À época, mais de 360 milhões de litros d'água escorreram pelas 12 comportas do açude do municipio de Alto Santo, na região do Jaguaribe. Naquele tempo, o reservatório estava com somente um ano de inaugurado.
Quase um mês antes, mesmo com 4,62% da capacidade total, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) informava que ele poderia encher completamente ao longo do ano. O Castanhão já acumulava pouco mais da metade do que havia armazenado após a quadra invernosa de 2003. "Passando de 750 milímetros de chuva, o açude sangra com segurança", avaliou o engenheiro responsável pelas obras, Getúlio Maia. Foi o que aconteceu.
2009
"Castanhão chega a 95,5%" foi o título da matéria assinada pela jornalista Mariana Toniatti no dia 10 de maio de 2009. Dos 6,7 bilhões de metros cúbicos, 6,4 bilhões estavam preenchidos de água. O problema, à época, era justamente o oposto do encontrado hoje. Caso o Castanhão atingisse o seu 100%, as cidades da Região do Jaguaribe poderia ser inundadas.
No mesmo ano, o açude atingiu uma marca que não era batida há 24 anos. "Desde 1985, o Ceará não via cair tanta água", abriu sua matéria a então repórter Daniela Nogueira, atual ombudsman do O POVO. Em 1984, por exemplo, tinham sido registrados 941,7 milímetros, ao passo que foram 1.044,5, em 2009. A maior chuva acontecera no município de Amanaiara, em Reriutaba, a 309 quilômetros de Fortaleza.
Uma curiosidade é que as chuvas e o arrombamento de um açude particular impossibilitaram o acesso pela CE-183, após duas crateras de 30 e 50 metros de comprimento, ambas com 5 metros de profundidade.
Confira matéria da TV O POVO sobre o Castanhão:
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