Advogada é detida em presídio por suspeita de repassar instruções para o tráfico
A mulher foi encaminhada à Delegacia de Narcóticos. As orientações teriam relação com a facção criminosa com atuação no Ceará
18:04 | Abr. 18, 2024
A advogada Valner Krislane Procópio dos Santos foi presa suspeita de repassar bilhetes com conteúdo criminoso e instruções para o tráfico de drogas. O caso foi registrado nesta quinta-feira, 18, na Unidade Prisional de Itaitinga 3 (UP-3), no município da Região Metropolitana de Fortaleza.
De acordo com uma fonte ouvida pelo O POVO, a autuação ocorreu na Delegacia de Narcóticos (Denarc). As informações seriam relacionadas à facção Comando Vermelho (CV). Além dela, o interno Fabrício Mendes de Moraes, conhecido como "Babinha", foi encaminhado para prestar esclarecimentos.
O material foi apreendido e encaminhado à delegacia e a advogada foi presa em flagrante por organização criminosa e associação para o tráfico. Ela foi encaminhada à Perícia Forense para um exame de corpo de delito.
Conforme os autos obtidos pelo O POVO, a advogada realizava atendimento agendado para Fabrício. A advogada tera solicitado papel e caneta e ingressado no parlatório, onde atendeu o cliente durante 30 minutos. Em seguida, Valner saiu do espaço com anotações.
Uma policial penal plantonista, então, percebeu que a profissional teria se apressado para guardar um papel no bolso. No entanto, há um procedimento na unidade prisional para que o advogado apresente as anotações na saída para o policial penal com o intuito de checagem.
Depois de solicitar as anotações foi verificado que haviam palavras escritas como "Skank" riscado com lapis; "2 ou 3 óleo com o dinheiro do carro" (sic); "menino do corre"; "valor de Belém ao irmão"; "camila para ajudar"; "foto de barco"; "frete contratar comprar o óleo de Manaus/Belém", além de várias referências a nomes que podem estar ligados ao crime e à família do presidiário.
Além disso, os autos citam diversos outros conteúdos com uso de gírias comumente usadas por criminosos e relacionadas ao tráfico de entorpecentes. "Óleo", por exemplo, seria uma forma de referenciar crack, enquanto a expressão "menino do corre" se referiria ao traficante que executa a entrega da droga para alguém.
Os policiais penais teriam reconhecido os bilhetes em razão de conhecimento histórico de atendimento da advogada. Um deles cita um integrante da organização criminosa que também está em unidade prisional e cuja defesa é feita pela profissional. A situação fez com que os policiais chegassem a conclusão que a advogada passava informações de um preso para outro.
O preso com quem ela se encontrara foi encaminhado à delegacia. Ele foi preso em 2022 em uma ação das forças de segurança do Ceará e o auxílio da Polícia Civil do Pará. Ele é conhecido como "Babinha" e apontado nas investigações como membro da facção. Ele foi preso pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) na Praia do Futuro, em Fortaleza.
Conforme a publicação do site da SSPDS sobre a prisão de "Babinha", ele passou a ser investigado depois de ser deportado da Colômbia em 2019. Ele possui antecedentes por associação criminosa, roubo qualificado e porte ilegal de arma de fogo.
Levantamentos policiais apontaram que o indivíduo é responsável pela comercialização e distribuição de drogas para todo o Brasil. Conforme os levantamentos policiais, o homem residia na região da fronteira e atuava na comercialização e distribuição de drogas para todo o Brasil. "Babinha" também é suspeito de envolvimento em mortes de policiais no estado paraense.
A defesa da advogada emitiu nota dizendo que irá demonstrar a inocência dela.
“É desproporcional a autuação da causídica por associação ao tráfico de drogas e integrar organização criminosa sem que houvesse investigação pretérita ou indicativos de vínculos com práticas ilícitas. As supostas anotações não tem, por si só, o condão de se imputar graves tipificações penais à sua pessoa”, assinam os advogados criminalistas Taian Lima e Thierry Damasceno.
O POVO solicitou informações à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS) e aguarda resposta.
Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) confirmou a prisão.
A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização informa que a advogada Valner Krislane Procópio dos Santos foi flagrada pela polícia penal plantonista da Unidade Prisional Professor José Jucá Neto - UP Itaitinga 3 portando um bilhete com anotações de conteúdo criminoso, que versava sobre valores e orientações sobre tráfico de drogas. A advogada estava em atendimento ao interno Fabrício Mendes de Moraes (pertencente ao Comando Vermelho) e, ao final da consulta, tentou esconder o bilhete no bolso. A SAP esclarece que o bilhete continha informações sobre compra de drogas dos tipos "Skank", que se refere a um tipo de super maconha com alto poder alucinógeno, e "Óleo", expressão utilizada pelo crime para se referir ao "Crack". Além disso, o bilhete continha orientações para contratar um frete para transportar drogas de Manaus, no estado do Amazonas, e de Belém, no estado do Pará. O flagrante foi comunicado à autoridade policial e a advogada foi presa em flagrante pelos crimes de organização criminosa e associação para o tráfico, com agravamento de se tratar um estabelecimento prisional.
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Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) confirmou a prisão.
A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização informa que a advogada Valner Krislane Procópio dos Santos foi flagrada pela polícia penal plantonista da Unidade Prisional Professor José Jucá Neto - UP Itaitinga 3 portando um bilhete com anotações de conteúdo criminoso, que versava sobre valores e orientações sobre tráfico de drogas. A advogada estava em atendimento ao interno Fabrício Mendes de Moraes (pertencente ao Comando Vermelho) e, ao final da consulta, tentou esconder o bilhete no bolso. A SAP esclarece que o bilhete continha informações sobre compra de drogas dos tipos "Skank", que se refere a um tipo de super maconha com alto poder alucinógeno, e "Óleo", expressão utilizada pelo crime para se referir ao "Crack". Além disso, o bilhete continha orientações para contratar um frete para transportar drogas de Manaus, no estado do Amazonas, e de Belém, no estado do Pará. O flagrante foi comunicado à autoridade policial e a advogada foi presa em flagrante pelos crimes de organização criminosa e associação para o tráfico, com agravamento de se tratar um estabelecimento prisional.