Duplo feminicídio: preso diz que divisão de bens e vítima "perturbar demais" motivaram os crimes
Cícero Roberto da Silva, de 60 anos, ainda tentou matar um ex-sócio. Audiência de custódia manteve a prisão dele
17:03 | Jan. 24, 2023
O homem preso em flagrante por um duplo feminicídio nessa segunda-feira, 23, em Iguatu (Região Centro-Sul do Estado) disse em depoimento que matou Antônia Evilenne Fernandes, de 47 anos, esposa dele, após divergências sobre a divisão de bens; e que matou Jucileide Alves Bezerra, de 44 anos, com quem tinha um relacionamento, após ela descobrir que ele ainda mantinha relação com a esposa.
Cícero Roberto da Silva, de 60 anos, ainda disse que matou a amante porque ela estava “perturbando demais” e “ligando demais” e que, "por estar cheio de problemas, resolveu desferir os disparos". As informações constam na decisão da audiência de custódia a qual Cícero, também conhecido como Bigode, foi submetido na manhã desta terça-feira, 24.
A audiência converteu a prisão em flagrante de Cícero em prisão preventiva. Além do duplo feminicídio, Cícero foi autuado por atirar contra o ex-sócio, crime que teria cometido, segundo diz, por conta de desavenças relativas à sociedade que tinham.
O auto de prisão em flagrante (APF) de Cícero informa que a primeira vítima foi Antônia Evilenne, morta com um tiro. O crime ocorreu por volta das 10 horas, dentro da sua residência, situada no bairro Mirante Verde.
Em seguida, prossegue o APF, Cícero foi até o bairro Areias e assassinou, com dois tiros, Jucileide. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu enquanto recebia atendimento em um hospital. Por fim, Cícero foi até o bairro Cohabs e tentou matar o ex-sócio, que conseguiu correr e não foi atingido pelos disparos.
Após os crimes, Cícero fugiu em uma moto, tendo sido localizado momento depois pela equipe policial nas proximidades da localidade de Sítio Baú. Com ele, os policiais apreenderam um revólver calibre 38 e várias munições do mesmo calibre.
Além disso, os policiais constataram que a camisa dele estava suja de sangue. Conforme o APF, Cícero não reagiu e confessou o crime aos policiais. Ele voltou a admitir a autoria em depoimento na delegacia.
Na decisão da audiência de custódia, a juíza Yanne Maria Bezerra de Alencar destacou que, em liberdade, o autuado ofereceria riscos à sociedade, até por conta dos antecedentes criminais que têm — porte ilegal de arma de fogo, furto e contravenção penal.
“Outrossim, a liberdade prematura concedida após um fato grave geraria instabilidade na ordem pública, ocasionada pela falta de credibilidade na Justiça, e um efeito pedagógico desastroso perante a população”, afirmou a magistrada.
A defesa de Cícero ingressou com um pedido de liberdade provisória, que aguarda decisão judicial. O POVO entrou em contato com a advogada responsável pela defesa de Cícero, mas ela afirmou que, por ora, não se manifestaria.
Até sábado, 21, mais recente atualização disponibilizada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), 17 mulheres haviam sido mortas no Estado. Quatro desses crimes foram registrados pela SSPDS como feminicídio. Com os crimes de Iguatu, agora são, pelo menos, seis feminicídios desde o início do ano no Ceará.