Universidade do Canadá realiza workshop sobre preservação de peixe-boi marinho em Icapuí

Os profissionais estão trabalhando no refinamento de modelos de habitat e no desenvolvimento de um mapa de prioridades de conservação para as espécies

17:28 | Out. 16, 2024

Por: Bárbara Mirele
O evento está sendo coordenado pela doutora em Ciências Marinhas Tropicais, pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar-UFC), Carol Meirelles, que também é pesquisadora associada da UCB e vai até esta sexta-feira, 18 (foto: Acervo Aquasis)

A Alliance for Manatees — Aliança pelos Peixe-boi, em português — , projeto da Unidade de Pesquisa de Mamíferos Marinhos do Instituto de Oceanos e Pesca da Universidade da Colúmbia Britânica (UCB), localizado em Vancouver, no Canadá, está realizando um workshop sobre sobre a preservação do peixe-boi marinho, em Icapuí, a 201,7 km de Fortaleza.

O evento, que segue até sexta-feira, 18, está sendo coordenado pela doutora em Ciências Marinhas Tropicais, pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar-UFC), Carol Meirelles, que também é pesquisadora associada da UCB. Participará ainda do workshop o professor Andrew Trites, diretor da Unidade de Pesquisa de Mamíferos Marinhos.

No total, o workshop reunirá 23 pesquisadores de 18 instituições, representando Brasil, Venezuela, México, Suriname, Guiana Francesa e Colômbia. Os profissionais estão trabalhando no refinamento de modelos de habitat e no desenvolvimento de um mapa de prioridades de conservação para as espécies, que estão ameaçadas pela degradação de seus ambientes naturais e pelas alterações climáticas.

O evento está sendo apoiado pela Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), uma ONG local comprometida com a conservação da vida selvagem.

Sobre a Alliance for Manatees

O projeto faz parte da Unidade de Pesquisa em Mamíferos Marinhos, dirigida pelo Prof. Andrew Trites, da UCB. O projeto une instituições líderes em toda a América Latina para proteger o peixe-boi-marinho e seus habitats.

A iniciativa recebe apoio financeiro vital do Zoológico de Nuremberg, da Fundação Pairi Daiza, de Yaqu Pacha e.V. e da IUCN — União Internacional para a Conservação da Natureza — Species Survival.

 

 

Ao O POVO, Carol Meirelles explica que a troca de informações tem sido muito importante no workshop. “Os pesquisadores têm trabalhado em suas áreas há bastante tempo e possuem informações sobre a presença da espécie. Essa troca de informações possibilitou com que a gente pudesse fazer essa pesquisa e tentar identificar essas áreas prioritárias para a conservação”.


A doutora conta que o grande desafio para evitar a extinção da espécie é o fato do habitat natural do animal ser costeiro. “Ele está intimamente relacionado com a presença humana. Todas as espécies costeiras acabam sofrendo com muitos impactos das atividades humanas”, relata.

Carol continua: “Por mais que algumas questões tenham sido resolvidas em certos locais, como por exemplo: já não há mais a caça ou que tenha diminuído bastante, tem outras ações humanas aparecendo e aumentando. Essas ações atuam sinergicamente. Como o funcionamento de portos, tráfego de embarcações e aí você tem a contaminação do ambiente, risco de atropelamento”.

Segundo a pesquisadora, as ações que podem ser adotadas para evitar a extinção é o que está sendo debatido no workshop. “Estamos trabalhando em colaboração para identificar essas áreas importantes, o que pode ser feito e o que deve ser priorizado para diminuir as ameaças à espécie na América do Sul”.

Carol destaca que o que tem sido mais discutido “são os locais que têm as características ambientais, recursos disponíveis para a sobrevivência da população de peixe-boi na América do Sul. Estamos falando desde a Colômbia até Sergipe, no Nordeste do Brasil”.

A partir da identificação dessas áreas e das ameaças, é possível considerar quais delas são as prioritárias para ações de conservação. No Brasil, a espécie é encontrada em águas costeiras e estuarinas. Já em outras regiões da América Latina, o animal é encontrado em rios.

“Os habitats críticos vão depender de que tipo de ecossistema eles habitam. Mas tem que ter o recurso, que são os itens alimentares e a água doce”, explica a pesquisadora.

Ainda segundo ela, a disponibilidade de água doce é limitante. “Nesse cenário de mudanças climáticas, há uma previsão de diminuição nesse aporte. Isso gera bastante preocupação, ficamos de mãos atadas na resolução. É uma das ameaças mais desafiadoras”, finaliza Carol.