Paradidático resgata história local do município de Guaiúba, no Ceará
Pesquisa tem o objetivo principal de não deixar morrer a história local da cidade e ser objeto de pesquisa de estudantes por meio de paradidáticos implementados nas escolas municipais e estaduaisO livro “Núcleo Colonial Pio XII: Um resgate histórico da primeira reforma agrária do Estado do Ceará”, resgata a história local do município de Guaiúba, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O periódico é de autoria do historiador Rafael Rosário Nogueira, 36, natural de Redenção e residente da cidade de Guaiúba. A pesquisa tem o objetivo principal de não deixar morrer a história local da cidade e ser objeto de pesquisa de estudantes por meio de paradidáticos implementados nas escolas municipais e estaduais.
Além de destacar o Núcleo, a história aborda, de forma resumida o Brasil e o Ceará colonial, passando pela doação das Sesmarias de Guaiúba até chegar no sítio São Gerônimo de Francisco da Cunha Freire, primeiro nome da cidade de Guaiúba, primo do Barão da Ibiapaba, um dos maiores acionista da estrada de ferro de Baturité. “Ele é o primeiro dono dessas terras e posterior a ele, veio outra referência no Estado do Ceará, que é o Emanuel Leiria de Andrade”, conta Rafael.
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O historiador relata que o livro traz aspectos importantes sobre a história local da cidade. Entre eles, a venda do Sítio para o Governo Federal em 1958, que marcou a primeira reforma agrária do Estado do Ceará. “Essa venda para o Governo Federal foi fruto de um outro assunto histórico muito importante e desconhecido do povo cearense, que foi o encontro dos bispos que ocorreu em Campina Grande, na Paraíba”, explica.
O encontro contou com a presença do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. No encontro, vários decretos foram aprovados em busca de melhorias para o nordeste e aprovados por JK. Conforme Rafael, um desses decretos criou o Núcleo Colonial Pio XII, no Ceará. “Um fato histórico pouco comentado na história do Ceará é que esse núcleo foi criado por JK”, conta.
História das famílias residentes em Guaiúba
Além de contar sobre como o Núcleo foi criado, o paradidático fala sobre a história de família que foram para Guaiúba na época e que ainda vivem lá através de netos, bisnetos e demais gerações dessas famílias. São histórias de povos de outras culturas, como a japonesa.
“Nessa criação do Núcleo, vieram famílias de diversos locais dentro do Ceará para morar aqui em Guaiúba. Ao todo, foram 44 famílias. Dentre elas, haviam nove famílias de imigrantes japoneses das cidades de Nagano e Hiroshima. O povo nordestino também queria uma mão de obra especializada, a agricultura japonesa era bem mais especializada do que a brasileira”, comenta Rafael.
Segundo o historiador, há outro aspecto importante dessa imigração japonesa para o Estado, além da própria reforma agrária. “Tem um fato bem marcante que é a questão da difusão de culturas que ainda não existiam ainda na época. Que é a questão do melão, como o melão japonês que foi difundido aqui, a melancia, além de alguns legumes que não eram produzidos no Estado na época”, explica.
Motivação
Para a pesquisa, Rafael conta que sua principal motivação surgiu quando ainda estava na faculdade de História. “Dentro da faculdade, tinha alguns trabalhos para apresentar e eu sempre falava dessa história, e eu não tinha noção da grandiosidade desse conteúdo. E os professores falavam que eu deveria registrar essa pesquisa. Isso foi dando motivação. Durante a pandemia, com o isolamento social, eu aproveitei para colocar essa pesquisa adiante e concluí-la”, lembra.
De acordo com ele, é preciso manter a história viva de um local. “Não existe motivação maior do que materializar essa história, com a finalidade de que as pessoas possam conhecer e estudar. É uma história diferente, porque conta a história de famílias que ainda vivem aqui, no Núcleo Pio XII. É uma geração de avós, netos, bisnetos. Essa é minha motivação, é manter a história viva”, conclui. O lançamento do livro ainda não tem data para acontecer, mas a previsão é para o mês de março.
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