Centro de atendimento emergencial para tartarugas marinhas é inaugurado no Ceará
Animais agora podem ser atendidos e estabilizados antes de realizar um longo trajeto até o Rio Grande do Norte. Centro de Tratamento tem previsão para iniciar os atendimentos às tartarugas a partir de fevereiro de 2023O Ceará recebeu seu primeiro Centro de Atendimento Emergencial às Tartarugas Marinhas. O equipamento, inaugurado na manhã desta quarta-feira, 21, funcionará nas dependências do Centro de Estudos Ambientais Costeiros (CEAC), pertencentes ao Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), no município de Eusébio. O local tem como finalidade realizar os primeiros socorros, além da estabilização do quadro de saúde de tartarugas encontradas debilitadas no litoral cearense.
O Ceará tem 573 quilômetros (km) de praia registrados nos 20 municípios do litoral. O ambiente é passagem para diversos animais marinhos, entre eles diversas espécies de tartarugas. O Instituto Verde Luz atende tartarugas que chegam às praias feridas ou com problemas de saúde, realizando resgates e tentando salvar a vida desses animais ameaçados de extinção.
Até o momento, as tartarugas resgatadas em estado crítico de saúde no Ceará eram encaminhadas ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres Cetáceos da Costa Branca, em Areia Branca, no estado do Rio Grande do Norte. Por conta da longa viagem, de mais de 300 km, diversos animais não resistiam ao trajeto e muitas vezes morriam. Com os primeiros socorros realizados no novo Centro de Atendimento Emergencial, a expectativa é a diminuição dos óbitos.
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"Era uma reivindicação histórica dos ambientalistas do Estado. A tartaruga é o nosso animal símbolo da década oceânica (2021 a 2030), e nós entendemos que era um equipamento extremamente necessário para a proteção desse animal tão valioso e tão admirado pela população. Creio que nós vamos diminuir consideravelmente o número de mortes de tartarugas marinhas a partir deste equipamento", pontuou o secretário de Meio Ambiente do Ceará, Artur Bruno.
Apesar de ser inaugurado nesta quarta-feira, o Centro de Tratamento tem previsão para iniciar os atendimentos às tartarugas a partir de fevereiro de 2023. "Agora, em janeiro, nós estamos concluindo o Licenciamento Ambiental, que a Semace [Superintendência do Meio Ambiente do Ceará] está fazendo. Vamos concluir a contratação de outros profissionais, [comprar] remédios", explicou o secretário.
Durante a cerimônia de inauguração, esteve presente o reitor da UFC, Cândido Albuquerque. Na ocasião, o gestor ressaltou a parceria entre diversas instituições, inclusive com a Universidade Estadual do Ceará (Uece).
"Essa ação não pode ser vista de maneira isolada, ele está dentro de um cenário de mudança de cultura da humanidade, em contexto de meio ambiente. Eu acho que hoje nós comemoramos aqui uma vitória das instituições em defesa do meio ambiente. Esse espaço não é só da UFC, esse espaço é de todas que lutam pela preservação ambiental", frisou o reitor da UFC.
O equipamento é fruto de uma parceria entre a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) com diversas outras instituições: o Instituto de Ciências do Mar (Laboma), unidade acadêmica da Universidade Federal do Ceará (UFC); a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace); o Curso de Veterinária da Uece, Instituto Verdeluz, Corpo de Bombeiros e Batalhão de Polícia do Meio Ambiente.
Tratamentos dos animais
A oceanógrafa Malu Vilanova, integrante da equipe Cientista Chefe Meio Ambiente SEMA/Semace, esclarece que o equipamento servirá como um “centro de estabilização.
"Nós atuamos com o resgate das tartarugas a partir do contato de quem as encontrou. A partir daí nós mobilizamos o transporte, que ocorre através da Sema, Semace, ou com o BPMA. Aqui temos equipamentos para atender desde filhotes até às espécies mais pesadas, com adultos de 160 kg", explica a especialista.
"As tartarugas vão receber os primeiros atendimentos no laboratório, inclusive medicamentos, e vamos estabilizar o animal. Aqui também temos tanques de água salobra e doce, onde os animais vão descansar, se alimentar e ficar durante o tempo necessário para se estabilizarem", explica Malu Vilanova.
Ela explica ainda que, após serem encaminhados ao Centro de Reabilitação no Rio Grande do Norte, as tartarugas vão passar por um tratamento a longo prazo para que sejam totalmente recuperadas e devolvidas, por fim, ao seu hábitat natural.
De acordo com a Sema, em 2021, 139 encalhes de tartarugas marinhas mortas foram registrados no Ceará, e oito tartarugas marinhas vivas foram encaminhadas para reabilitação em Areia Branca. Também foram descobertos 39 ninhos na Sabiaguaba e Praia do Futuro e um ninho em Aquiraz, além de terem sido lançados ao mar 2.565 filhotes.