Fósseis da Chapada do Araripe são encontrados com padre investigado por furto
Material pertence a museu na Chapada do Araripe que está desativado desde setembro de 2020; fósseis e obras de arte foram apreendidas em ação policial no Rio Grande do Norte
07:45 | Ago. 18, 2021
Dezenas de fósseis encontrados na casa do padre potiguar, em Currais Novos, Rio Grande do Norte, pertencem ao museu do Centro de Pesquisas Paleontológicas da Chapada do Araripe (CPCA), no Crato. De acordo com o delegado Paulo Ferreira, titular da Delegacia Municipal de Currais Novos, os fósseis pertencem à Bacia do Araripe. Além do material sedimentar, foi encontrado com o padre uma vasta quantidade de objetos de arte sacra.
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O material foi apreendido na última quinta-feira, 13, quando foram cumpridos cinco mandados de busca domiciliar contra o suspeito, dois em Currais Novos e os outros três em Natal. Em entrevista ao O POVO, na mesma data, a assessoria da Diocese de Caicó (RN), informou que o padre faz parte do clero da Diocese de Humaitá no Amazonas (AM). A instituição nortista disse que o padre teve suas atividades sacramentais e administrativas suspensas por tempo indeterminado, enquanto as investigações estiverem em andamento.
De acordo com o paleontólogo e professor da Universidade Regional do Cariri (Urca) Álamo Saraiva, os fósseis encontrados com o padre são de plantas e peixes, entre eles o Rhacolepis buccalis, Cladocyclus gardneri e Tharrias araripis, além de uma planta ancestral das araucárias chamadas de Brachyphyllum castilhoi. Os objetos eram tombados e pertenciam ao CPCA, que foi desativado em setembro de 2020, quando todos os escritórios da Agência Nacional de Mineração (ANM) foram realocados apenas para as capitais.
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Os fósseis foram enviados à Polícia Federal do Rio Grande do Norte, por se tratar de um crime federal. Ainda de acordo com a assessoria da PFRN, o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens informou que tem interesse em incluir os fósseis no seu acervo. Por fim, a assessoria informou que a investigação está sob sigilo e as informações sobre autoria e outras circunstâncias do fato não poderão ser repassadas até a conclusão do procedimento policial, a fim de garantir o êxito dos trabalhos.
A reportagem entrou em contato, por telefone, com o chefe do escritório regional do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no Crato, Artur Andrade, que afirmou que, na região do Cariri, é muito comum encontrar alguns fósseis de peixe sendo utilizados como souvenirs. Essa é uma das hipóteses que explicaria como esses fósseis foram parar nas mãos do padre.
Outra forma seria através de doações, que, por sua vez, só podem sair do local com a avaliação de uma instituição de pesquisa do ensino superior e com o aval do Ministério da Ciência e Tecnologia, contanto que não sejam raras e se tenha em quantidade excessiva naquele local. De acordo com a Lei 8.176/91, a exploração e comercialização de bens da União, sem autorização ou em desacordo com o que for estabelecido é um crime com pena de detenção de um a cinco anos e multa.
Atualmente, os objetos que antes se encontravam no Museu do CPCA estão no escritório desativado da DNPM, no Crato. De acordo com Artur, algumas instituições do Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco já solicitaram a doação desses materiais sedimentares. "Estamos com uma relação e vamos na medida do possível atendê-las, mas a maioria do material fóssil deve ficar no Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, da URCA", finaliza.
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