Tia de garoto morto em ação policial em Chorozinho está desaparecida

Lizangela Rodrigues da Silva Nascimento, de 39 anos, foi vista pela última vez no sábado, 7, no bairro Triângulo, em Chorozinho. Ela testemunhou a morte do sobrinho, Mizael Fernandes da Silva Lima, de 13 anos, em 1º de julho de 2020

A Polícia Civil investiga o desaparecimento de Lizangela Rodrigues da Silva Nascimento, de 39 anos, vista pela última vez no último sábado, 7, no bairro Triângulo, em Chorozinho (Região Metropolitana de Fortaleza).

Lizangela é tia de Mizael Fernandes da Silva Lima, de 13 anos, morto em uma ação policial em 1º de julho de 2020. A morte ocorreu na casa de Lizangela, que estava no local no momento do fato e testemunhou o crime.

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Conforme Leidiane Rodrigues, irmã de Lizangela e mãe de Mizael, Lizangela desapareceu após uma mulher, que ela não conhece, chamá-la para ver uma casa para alugar. Desde então, a família não soube mais notícias dela. Houve um boato de que um corpo foi encontrado em Chorozinho e que poderia ser o de Lizangela, mas o relato mostrou-se falso.

"Nós estamos aflitos. Nós não sabemos de notícia dela, não temos paradeiro”, diz Leidiane, que reitera que a irmã não tinha como hábito ficar fora de casa sem dar notícias. “Ela gosta sempre de estar em casa. Indo à rua, comprar uma coisa e voltar para casa. Nunca ela fez isso não, foi a primeira vez”.

Devido ao caso Mizael, Lizangela chegou a entrar no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Estado (Provita).

Ela relatava ter recebido ameaças e intimidações que seriam feitas com o intuito de demovê-la da ideia de testemunhar contra os PMs. Entretanto, Leidiane conta não ter tomado conhecimento de que Lizangela havia sido ameaçada nos últimos dias.

Devido ao ingresso no Provita, Lizangela chegou a deixar o Estado, mas voltou sem o conhecimento do programa e morava em Chorozinho desde o final do ano passado. “Ela veio para receber as coisas do meu pai, que é doente e só quem resolve as coisas dele é ela”, diz Leidiane.

O caso também é acompanhado pela defensora Mariana Lobo, supervisora do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas da Defensoria Pública Estadual. Ela afirma que, ao tomar conhecimento do desaparecimento, já no sábado, entrou em contato com os órgãos de segurança, que, desde então, têm realizado procedimentos visando localizar Lizangela.

“A gente não sabe se isso tem ou não relação com o procedimento criminal (que julga a autoria da morte de Mizael)”, diz Lobo. “Pode ter ou pode não ter, mas, por coincidência, o procedimento criminal entrou agora na fase de instrução processual”.

As investigações do desaparecimento de Lizangela estão a cargo da Delegacia Metropolitana de Chorozinho, que conta com o apoio da 12ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), especializada em desaparecimentos, informou, em nota, a Polícia Civil.

Relembre o caso

O sargento da Polícia Militar que efetuou o disparo contra o garoto, identificado como Enemias Barros da Silva, foi denunciado e é réu pelo crime. A defesa dele alega que o disparo ocorreu após Mizael puxar uma arma contra o PM, mas, conforme a investigação da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), o revólver foi plantado pelos policiais, já que não apresentava nenhum perfil genético da vítima.

Enemias ainda é acusado de fraude processual, junto com outros dois PMs que participaram da ação. Conforme o Ministério Público Estadual (MPCE), os três policiais, além de plantarem o revólver, alteraram a cena do crime limpando e recolhendo objetos.

Dias após o crime, Lizangela concedeu entrevista a O POVO contando o que testemunhou no dia do crime. Conforme o relato, os PMs chegaram na residência por volta de 1 hora e tiveram a entrada permitida. Eles determinaram que a família saísse da residência, o que foi atendido, em um primeiro momento.

"A gente não acordou a criança porque ele estava dormindo e, até então, achava que eles só queriam acesso ao quintal. Achei que eles estavam fazendo abordagem em outro local e alguém tinha pulado pelo muro", disse ela a O POVO.

Lizangela voltou para acompanhar a abordagem, mas, quando "botou o pé na sala" se deparou com um "clarão" vindo do quarto, o tiro que vitimou Mizael. Em relatório de ocorrência, os PMs afirmaram ter recebido informação de que um jovem acusado de crimes como roubo se refugiava na casa.

A tia do garoto disse a O POVO saber quem é o suspeito e reconhece a semelhança de seu sobrinho com ele, mas questionou: "Todo loiro que tiver a mesma altura vai ser executado?". "E por que ele estaria na minha casa se não tenho nenhum contato com ele?". 

Colabore

A SSPDS reforça que a população pode contribuir com as investigações repassando informações, com sigilo e anonimato garantidos.
Disque-Denúncia: 181
WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181
Delegacia Metropolitana de Chorozinho: (85) 3319-1237

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