Seis cães de abrigo em Caucaia morrem afogados durante enchente
Inundação foi causada pelas fortes chuvas que atingiram a Cidade no domingo, 6, e na segunda-feira, 7. Os cães ficaram sobre cadeiras e mesas durante alagamento para se salvar do risco de se afogar
O aumento do nível das águas após o transbordamento do Rio Ceará invadiu residências e um abrigo de cães e gatos de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. A inundação causou a morte de seis cachorros da Organização Não Governamental (ONG) Anjos de Quatro Patas.
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A fundadora do abrigo, Isa Lima, contou que tentou fazer o resgate, mas que não conseguiu salvar todos os animais. "Ou eu salvo eles ou eles vão morrer", disse Isa Lima.
"Eu perdi o freezer, onde eu guardo a alimentação deles, eu perdi a geladeira, eu perdi a máquina de lavar. Perdi os animais. Eu perdi tudo", lamenta a fundadora da ONG.
A ONG cuidava de 200 animais, entre cães e gatos, que foram vítimas de atropelamento e de violência humana. Além disso, o local também acolhe animais idosos, deficientes e que necessitam de cuidados especiais.
"Fico impotente diante de uma situação em que você não consegue salvar um animal cego que está ali se afogando. É bem complicado mesmo passar por isso, eu não desejo isso para ninguém. Porque eu salvo eles dos maus-tratos da rua. E não consigo salvar de uma enchente como essa", lamenta Isa Lima.
Ela relata que a situação é recorrente nos períodos chuvosos, porque o abrigo fica localizado em uma área de risco. O abrigo, onde Isa mora e acolhe os animais, está localizado no bairro Nova Metrópole (Jurema).
No bairro, moradores ficaram desalojados pelo transbordamento do rio, na última segunda-feira, 7.
Na ocasião, 33 famílias atingidas foram abrigadas na Escola Municipal Antônio Miranda de Melo, situada no bairro Picuí.
Isa Lima registrou em vídeos publicados na própria rede social, o momento em que o alagamento atinge o abrigo. Em uma das publicações, ela lamentava que não poderia sair do abrigo sem poder levar os animais.
“Olha está pior (alagamento) que todos os outros dias. Não para de chover. As cadeiras não comportam mais eles (os cachorros). Está subindo água além das cadeiras e não para de chover. (...) Não quero sair daqui e deixar eles (os cães) aqui. Não sei o que eu faço”, relatou Isa em vídeo que mostrava alguns animais sobre cadeiras e mesas, tentando salválos da inundação.
Entre as 7 horas do domingo, 6, e às 7 horas de segunda-feira, 7, Caucaia registrou 83.4 milímetros (mm) de acumulado de chuva, conforme informações da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
“Não temos ajuda do poder público. Então, nós vivemos hoje de doação, de ajuda de voluntários”, disse a fundadora do abrigo em uma publicação no Instagram no fim de semana.
A cuidadora também reclama da falta de um local, em Caucaia, onde os animais possam ser abrigados especialmente durante a enchente. "Sabemos que esses animais são de responsabilidade do poder público, que não faz nada", comenta.
"E nós fazemos isso por compaixão. Então, hoje eu solicito um local adequado para que eu possa levá-los e cuidar deles. E levar para um local seguro, onde a gente não tenha medo de chuva", acrescenta a fundadora.
Prefeitura de Caucaia afirma que fará visita ao abrigo
Ao O POVO, a Prefeitura de Caucaia diz que lamenta a inundação do abrigo Anjos de Quatro Patas e informa que nessa terça-feira, 8, será realizada uma visita ao local, com a participação de um grupo de secretários que integram o comitê emergencial para enfrentamento dos efeitos das chuvas intensas.
O objetivo da visita, segundo a gestão municipal, é avaliar medidas a serem tomadas para contribuir com a proteção animal.
De acordo com a Prefeitura, o Instituto de Meio Ambiente de Caucaia (Imac) disponibilizará um veterinário para atender os animais que estão hoje no abrigo e fará a doação de vermífugos e medicamentos.
A Prefeitura afirma ainda que o prefeito de Caucaia, Naumi Amorim, autorizou a realização de um estudo técnico para avaliar a disponibilidade de terrenos que possam abrigar a instituição.
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