Facção cobra taxas de moradores e de empresas de internet em Caucaia

Facção cobra taxas de moradores e de empresas de internet em Caucaia

Ataques a equipamentos e veículos das fornecedoras de internet vêm sendo registrados em bairros como Conjunto Metropolitano e Sítios Novos. Polícia Civil investiga o caso

Caucaia, município da Região Metropolitana de Fortaleza, é mais um lugar a registrar a cobrança de taxas por parte de facções criminosas para que o fornecimento de internet não seja interrompido. Como forma de pressionar o pagamento, equipamentos estão sendo danificados, assim como veículos das empresas já foram atacados.

Um morador do bairro Conjunto Metropolitano, que pediu para não ser identificado, denunciou ao O POVO ter ficado sem internet após os ataques. Ele conta que, no último dia 27 de fevereiro, a internet da casa dele parou de funcionar, após danos terem sido realizados à estrutura da rede que atende o bairro.

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Técnicos foram até o local e consertaram os equipamentos, mas, dois dias depois, os faccionados voltaram a quebrá-los. O morador relatou ter acionado novamente a operadora, que, desta vez, disse não haver previsão para o retorno do serviço.

Uma fonte ligada à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que também terá a identidade preservada, disse que a situação já havia sido denunciada no ano passado, mas se intensificou mesmo na semana do Carnaval.

Além do Conjunto Metropolitano, ele diz que casos semelhantes foram registrados no bairro Sítios Novos e também em São Gonçalo do Amarante, município também localizado na Região Metropolitana de Fortaleza.

Conforme relatado pela fonte, além de cobrar dos empresários, os faccionados também estariam determinando pagamento por parte dos moradores, que teriam de dar R$ 20 aos criminosos para poderem ter internet em casa.

Policiais militares têm sido acionados para garantir a segurança dos técnicos chamados para realizar os consertos. A fonte ligada à SSPDS ouvida por O POVO ressalta que os funcionários têm medo, já que, muitos deles, moram em bairros próximos à região onde os crimes ocorrem.

Conforme ele afirmou, até esta sexta-feira, 7, não há registro em Caucaia de empresas estarem pagando as taxas aos criminosos.

Segundo a fonte, “salves” compartilhados nas redes sociais com relatos de que apenas algumas empresas estão autorizadas a trabalhar são, na verdade, uma espécie de “média” dos criminosos para com os empresários, uma forma de demonstrar que eles têm o poder de autorizar ou não o serviço nos territórios.

Na noite dessa quinta-feira, 6, um carro da empresa Brisanet foi tomado por criminosos no Conjunto Metropolitano. O veículo foi levado até a rua Pedro Álvaro de Menezes, onde foi incendiado.

Em nota, a Brisanet reiterou o compromisso com a segurança dos colaboradores, “adotando medidas internas para contornar os incidentes de segurança pública”.

Até o momento, não há prisões relacionadas aos ataques. Em nota, a SSPDS informou que a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) investiga o caso, com apoio da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da pasta. "A SSPDS ressalta que o policiamento na região foi intensificado", também diz a nota.

Relembre outros casos

O POVO tem acompanhado registros de extorsão a provedores de internet desde 2019. Em outubro daquele ano, um homem, que seria integrante do Comando Vermelho (CV), foi preso pela Draco suspeito de cobrar taxas para permitir a atuação de empresas de internet no residencial Cidade Jardim II, no bairro José Walter.

Outros casos foram registrados em anos seguintes e, em 2025, uma nova leva de ataques foi registrada. Em 5 de fevereiro, um carro de uma operadora de internet foi incendiado no bairro Carlito Pamplona.

Outro veículo chegou a ser atacado, mas os criminosos não conseguiram atear fogo. Já em 22 de fevereiro foi a vez de um carro de uma outra empresa ser incendiado no bairro Jacarecanga.

Em diversos pontos do Grande Pirambu, são feitos relatos de que criminosos estão danificando equipamentos de empresas “não autorizadas” a atuarem no bairro pelo CV. A situação também se daria em bairros como Barra do Ceará, Sapiranga e Quintino Cunha.

Por fim, no dia 27 de fevereiro, um ataque do CV a equipamentos em São Gonçalo do Amarante, provocou falhas no sinal de internet no município, o que atingiu, até mesmo, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). (Com informações de Mirla Nobre)

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