Ministério da Saúde confirma morte de criança por doença rara em Caucaia
Caso foi identificado pelo Serviço de Verificação de Óbito do Estado e estava sob análise da pasta governamentalO Ministério da Saúde confirmou que a morte de uma criança de 1 ano e três meses, em Caucaia, foi causada por meningoencefalite amebiana primária. O caso foi enviado para análise da pasta na última semana e teve a confirmação divulgada durante a última terça-feira, 10.
A causa do óbito foi atestada em alerta de evento nacional emitido pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), órgão ligado ao Ministério. O documento confirmou o falecimento da criança sete dias após o início de sintomas como febre, sonolência, irritabilidade e vômito.
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Ainda conforme o Cievs, a água utilizada para o banho provinha de um açude na região e não passava por tratamento adequado.
Em entrevista ao O POVO na última sexta-feira, 4, o secretário executivo da vigilância em saúde do Ceará, Antônio Lima, informou que a principal hipótese sobre o contato com a ameba é de que ele tenha ocorrido durante o banho, já que a criança nunca tomou banho no açude contaminado.
"A ameba foi detectada na água de consumo das famílias de lá. A gente não pode afirmar ainda pelo Adolfo Lutz [instituto que realizou as análises da água] se existia na cisterna ou no reservatório. Isso é ainda carece de confirmação", disse o secretário.
"O que nos parece indicar que de fato foi do reservatório é a forma que criança pode ter se contaminado: no banho. É uma criança pequena, não tomava banho de açude, nunca tomou."
Uma cisterna, anéis de cimento e tambores utilizados para o armazenamento de água no quintal da casa estiveram entre os itens analisados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) para coletar indícios da infecção por meningoencefalite.
Após a constatação da presença do protozoário, diversas ações como a substituição do processo de abastecimento de água da comunidade e instalação de novos cloradores foram adotadas. Também foram realizados exames nos moradores abastecidos pelo mesmo sistema de água, mas nenhum novo caso foi identificado.
O que é a Naegleria fowleri?
Por atacar severamente o sistema nervoso central, a Naegleria fowleri é popularmente conhecida como “ameba comedora de cérebro”. Apesar do nome assustador, a Sesa reforça que não há motivos para maiores temores na população, já que a ameba não se transmite de pessoa para pessoa.
Outro fator importante e já citado é de que uma detecção de N. fowleri em uma lagoa, por exemplo, não significa que aquele local está totalmente contaminado e irá causar novas infecções. Ou seja, apesar de grave, a meningoencefalite não tem potencial para atingir uma grande parcela da população tal qual outros vírus, como Influenza e Covid-19, que são transmitidos de um ser humano para outro.
O agravante da ameba é a sua alta letalidade, que conforme o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, país onde a ameba também é encontrada, pode chegar a 97%.
Ainda não há uma cura cientificamente confirmada para a N. fowleri, o que torna o diagnóstico ainda mais preocupante para a vítima. Conforme a Sesa, o que se utiliza atualmente é uma combinação de drogas, que pode ajudar a combater a doença, mas sem um grau suficiente de eficácia para o controle.
A principal forma de prevenção da doença é o aviso do histórico de Naegleria fowleri nos lagos onde ela foi detectada. Ainda sem tratamento, a meningoencefalite pode ser combatida ao se evitar mergulhos em locais onde a ameba já se fez presente.