Disputa entre facções motivou assassinato de quatro indígenas em Caucaia

Integrante da GDE em Caucaia decidiu ir para a facção CV e, após conflitos na região onde ele morava, três primos e sua mãe foram assassinados. Ele, outro homem e um adolescente foram presos na terça-feira, 5

Dois homens foram presos e um adolescente foi apreendido suspeitos de integrar grupo criminoso e por envolvimento no homicídio de quatro indígenas em agosto e outubro deste ano, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. As prisões ocorreram na tarde da última terça-feira (5), durante uma operação deflagrada pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE). 

Os detalhes das prisões foram divulgados em uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira, 07, no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), no bairro Aeroporto, em Fortaleza.

É + que streaming. É arte, cultura e história.

+ filmes, séries e documentários

+ reportagens interativas

+ colunistas exclusivos

Conforme informações da Polícia Civil, o suspeito de 20 anos foi identificado pela Polícia apenas como “Iago”, apontado como integrante de um grupo criminoso cearense (GDE- Guardiões do Estado), com atuação nos bairros de Madureira, Itambé e Guajiru, em Caucaia. Iago tem vários antecedentes por porte ilegal de arma de fogo e tráfico ilícito de drogas.

Ele também é investigado pelo envolvimento na morte de dois homens em novembro de 2022. Um dos homicídios ocorreu dentro de um shopping em Caucaia.

Desde então, Iago se tornou alvo constante das autoridades. De acordo com a Polícia Civil, até o início de 2024, também fazia parte da facção cearense outro suspeito preso na operação deflagrada nesta terça-feira, 05. O homem foi identificado pela Polícia como “Darlan”, de 23 anos.

Darlan é apontado como o principal responsável por uma série de ações criminosas que resultaram na morte de quatro indígenas em Caucaia. Ele e sua família, de origem indígena, moravam no bairro Madureira, em Caucaia. No entanto, em 2024 Darlan deixou a facção cearense à qual pertencia e passou a integrar um grupo criminoso de origem carioca Comando Vermelho (CV).

A família se mudou para uma aldeia indígena no bairro Sobradinho, em Caucaia. Ao deixar o grupo, Darlan levou consigo armas e dinheiro da facção, o que intensificou os conflitos entre a duas organizações criminosas, GDE e CV.

Ataque para integrar facção

Em agosto deste ano, Darlan e outros três indivíduos retornaram ao bairro Madureira com o objetivo de realizar um ataque para integrar a comunidade à nova facção à qual ele fazia parte.

Durante a tentativa de ataque, os grupos criminosos entraram em confronto. Darlan conseguiu escapar junto com outro indígena, mas dois dos seus parceiros - seus primos - foram mortos e esquartejados pelos rivais. 

Eles tinham sido dado como desaparecidos, até serem encontrados em avançado estágio de decomposição em uma cova rasa, no Guajiru, em Caucaia.

Os crimes continuaram após o duplo homicídio. Ainda em agosto, membros da facção rival invadiram a aldeia indígena onde morava a família de Darlan, em Sobradinho, e assassinaram sua mãe. Em outubro, um primo de Darlan também foi morto.

Na terça-feira, após investigação do Departamento de Inteligência Policial (DIP), a Polícia Civil localizou e prendeu Darlan. O suspeito já possui antecedentes por crimes de tráfico de drogas, lesão corporal e resistência.

Homem e um adolescente são capturados em Caucaia

No mesmo dia, a Polícia também obteve informações sobre o paradeiro de Iago, de 20 anos, que continuava atuando como liderança no bairro Madureira. Na residência, além de Iago, estava um adolescente de 15 anos, primo dele.

O jovem estava armado e trocou tiros com a polícia. Ele foi ferido na perna e encaminhado para custódia policial no Instituto Doutor José Frota (IJF).

Com a dupla, foram apreendidos uma pistola 40, um revólver calibre 38, 45 munições calibre .40, 20 munições calibre 38, dois carregadores, 16 pedras de crack, balança de precisão, caderno de anotações e uma quantia em dinheiro.

As investigações, coordenadas pelo Núcleo de Homicídios da Delegacia Metropolitana de Caucaia, contaram com apoio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), do Departamento de Polícia Judiciária Metropolitana (DPJM) e do Departamento de Inteligência Policial (DIP).

De acordo com Matheus Araújo, diretor adjunto do Departamento de Polícia Judiciária Metropolitana (DPJM) da PCCE, a participação dos três capturados nos homicídios dos quatro indígenas ainda está em investigação.

“Somente poderemos fornecer essa confirmação após a conclusão da investigação. O que podemos afirmar é que um dos presos [Darlan] foi o ponto de partida para toda essa situação”, pontuou o delegado.

Em nota, a Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará (SEPINCE) informou que as ações são conduzidas no âmbito do inquérito policial e, portanto, seguem os procedimentos legais de sigilo. 

 

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar