Família afirma que motorista de aplicativo foi torturado e teve todos os dedos quebrados antes de ser morto
Automóvel do bacharel em Direito passou pelo Pirambu, Messejana e Beira Mar antes de ser encontrado. Uma transferência por meio de Pix foi realizada do aparelho dele para a conta de outra pessoaA família de Antônio Cláudio de Sousa Nascimento, de 29 anos de idade, está inconformada com a violência e a brutalidade empregada contra o bacharel em direito e motorista de aplicativo.
O rapaz foi morto de forma cruel e, conforme parentes, que têm a identidade preservada pelo O POVO, ele foi torturado antes de ser morto, teve todos os dedos das mãos quebrados e apresentava diversos hematomas no rosto. O corpo do rapaz foi encontrado em São Gonçalo do Amarante, Região Metropolitana de Fortaleza.
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As circunstâncias e a motivação do crime estão sob investigação. A fonte descreve, aos prantos, a impossibilidade de velar Cláudio com o caixão aberto, diante de tantas marcas de agressão. O velório e sepultamento aconteceram no sábado, 10. O corpo foi encontrado um dia antes, durante a manhã, no Pecém. O sepultamento dele aconteceu memorial Sol Poente, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza.
Cláudio era morador de Caucaia, havia terminado o curso de Direito e estudava para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Ele completaria 30 anos de idade no dia 18 de junho, era um rapaz religioso, conforme parentes, e não possuía inimizades.
O rapaz fazia o trabalho de motorista de aplicativo há aproximadamente sete meses e recebeu um automóvel do pai recentemente. Havia pago a segunda parcela nos últimos dias. O rapaz mantinha um relacionamento amoroso, mas era discreto ao falar da relação.
Trajeto do carro da vítima: veículo passou pelo Pirambu, São Gonçalo do Amarante, Messejana e Beira Mar
O rapaz se comunicava com os familiares sempre que fazia corridas e informou, na quinta-feira, 8, por volta das 20 horas, que faria o embarque de passageiros no Centro de Caucaia com destino ao bairro Antônio Bezerra. Com base nas informações colhidas pelo aplicativo, os parentes identificaram que essa corrida foi a última de Cláudio, mas que em seguida ele foi até o Pirambu, em Fortaleza, onde o carro permaneceu por horas e em seguida à São Gonçalo do Amarante, onde o corpo da vítima foi encontrado, na sexta-feira, 9, pela manhã.
Pix de R$ 5 mil
De acordo com o trajeto e a localização do veículo, ainda na quinta-feira, durante a madrugada, o carro passou pelos bairros da Messejana e foi até a Beira Mar. Foi feito um Pix de R$ 5 mil do celular da vítima para outra conta bancária. Por fim, o automóvel voltou ao Pirambu, onde foi abandonado. Imagens de câmeras de segurança teriam flagrado cinco indivíduos saindo do automóvel.
Investigações
O POVO solicitou informações à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre como estão as investigações do caso. Conforme o órgão, o veículo da vítima foi apreendido na sexta-feira, 8, no bairro Barra do Ceará. "Outras informações serão repassadas posteriormente para não comprometer as investigações", destaca.
Em nota publicada anteriormente, a SSPDS confirmou a morte de Cláudio e afirmou que ele possuía lesões contundentes. Ele foi achado morto em uma estrada no bairro Saquinho. As investigações estão com a Delegacia de São Gonçalo do Amarante.
Caucaia
Um outro jovem havia desaparecido em Caucaia, no dia 1º de junho, e foi encontrado morto no dia 10, no bairro Cumbuco. O corpo de Gabriel da Silva Cruz, de 18 anos, foi achado em uma lagoa. Ele havia saído de casa para trabalhar e não voltou mais. Dois dias antes de encontrar o corpo do rapaz, os parentes acharam uma bicicleta e chinelos, que seriam dele, no bairro Cumbuco, nas proximidades da lagoa. Após a intensificação das buscas no local, ele foi encontrado.
Vítima seria o 53º motorista de aplicativo morto no Ceará
A Associação dos Motoristas de Aplicativo divulgou que Cláudio é o 53º motorista de aplicativo morto no Ceará desde o ano de 2017. Entre os casos que tiveram uma grande repercussão no Ceará, o crime brutal contra o motorista de aplicativo José Hilker. O crime foi em 2020, e o profissional teve o corpo incendiado por assaltantes em Caucaia.
Ele morreu após duas semanas internado no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza. Hilker era ex-militar da Força Aérea Brasileira. Na época, um adolescente de 14 anos de idade foi apreendido. A esposa de Hilker havia concedido entrevista comentando sobre a rotina do casal e a ausência do companheiro, que deixou um filho.
Também em 2020, o motorista de aplicativo Alexandre Hablich Fernandes, de 32 anos, foi encontrado morto em Itaitinga, na Região Metropolitana. A vítima, natural do Paraná, estava desaparecida. O caso foi elucidado e os suspeitos foram presos. Nesse período também aconteceram situações de violência com motoristas de aplicativo, como a de um profissional que levou seis tiros e conseguiu sobreviver.
Em 2017, o motorista de aplicativo Guilherme Maia foi morto na Alameda das Palmeiras, bairro Ancuri. Guilherme tinha 22 anos de idade. Na época do crime, a equipe de reportagem verificou que haviam pichações de facções mandando que os motoristas descessem os vidros de carros e ligassem as luzes dos veículos. Como o rapaz havia deixado uma passageira a noite e a visibilidade não permitiu que ele visualizasse o aviso dos criminosos, ele teria o carro cercado por criminosos.