Praia do Icaraí deverá ganhar faixa de areia de 40 metros
Aumento da faixa de praia ainda deve contemplar outras regiões litorâneas do município de Caucaia. Projeto deve ser iniciado após a implantação de 11 espigões
15:34 | Ago. 23, 2022
A praia do Icaraí passa por transformações que visam reverter os prejuízos causados pelo avanço do mar na região. Na manhã desta terça-feira, 23, o primeiro dos 11 espigões previstos para a orla do município de Caucaia foi entregue pelo prefeito Vitor Valim, juntamente com a governadora do Ceará, Izolda Cela.
No local, é possível observar bolsões de areia que se formaram em uma área próxima ao primeiro espigão finalizado. Com 431 metros, a estrutura já influi na recuperação da faixa de areia da praia, que havia sido tomada pelo mar.
De acordo com André Daher, secretário de Infraestrutura da cidade, o espaço deverá ficar ainda maior nos próximos anos.
"Também passaremos por uma obra de engorda da praia, porque onde não for engordado naturalmente, nós queremos deixar uma praia de, pelo menos, 40 metros", explica.
Segundo o titular da pasta, a expectativa é de que os 11 espigões sejam entregues ainda no atual mandato do prefeito Vitor Valim.
Sobre o processo de ampliação da faixa de areia, o secretário relata que é preciso um novo processo de licenciamento e uma nova licitação. Daher destaca que a praia do Icaraí não será a única contemplada no projeto.
"É exatamente a dragagem, como Fortaleza fez. Nós pretendemos tirar areia da plataforma continental e bombeá-la para a nossa praia, garantindo uma faixa de 40 metros em toda a extensão desse 11 espigões", o que contemplaria as praias do Pacheco e da Tabuba, que também sofrem com o avanço das águas.
Atualmente, a construção dos espigões encontra-se na primeira fase, na qual está prevista a construção de três das 11 estruturas até o mês de outubro. Além da conclusão do primeiro espigão, o segundo encontra-se com 80% do serviço finalizado e o terceiro com pouco mais de 15%.
O investimento da primeira etapa é de R$ 44 milhões e foi realizado por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Caucaia e o Governo do Estado.
Ainda de acordo com o secretário de Infraestrutura, o problema do avanço do mar em Caucaia foi causado pelas obras do Porto do Mucuripe, em Fortaleza, realizadas na década de 1940. Com o intuito de evitar que o problema seja repassado para o município seguinte (São Gonçalo do Amarante), os espigões de Caucaia possuem formato de serpente.
"Esse tipo de espigão, nesse modelo serpente, só barra o resíduo necessário e permite que passe o restante. Esse modelo não causa esse dano que foi causado no século passado", finaliza.
Mudança
Durante a visita às obras dos espigões, o prefeito de Caucaia, Vitor Valim, avaliou que as intervenções realizadas na orla do município serão lembradas como um divisor de águas da região.
"Essa não é só uma obra estrutural, é uma obra que muda a vida das pessoas. O turismo vai ser outro, vai ser um antes e um depois para o turismo, a moradia e o comércio".
Já a governadora Izolda Cela, ao ser questionada sobre quais medidas podem ser adotadas para que o litoral cearense seja protegido de processos de erosão, afirmou que o Estado busca monitorar a situação.
"Temos uma ação bem importante sendo desenvolvida, que diz respeito ao ordenamento do litoral cearense. Toda essa parte de zoneamento e classificação, para que nós possamos preservar e aproveitar as riquezas da nossa costa."
A governadora ainda defendeu a presença das comunidades costeiras em processos que envolvam decisões voltadas ao litoral cearense.
Esperança para a população
Com a conclusão do primeiro espigão e a volta da faixa de areia em parte da praia do Icaraí, moradores da região celebram o que pode ser o início da retomada da movimentação na área.
"O mar tava invadindo tudo, e esse espigão está devolvendo a praia do Icaraí. A tendência é melhorar", relata Napoleão Viana, 63.
Ele conta que frequentava um estabelecimento que já não existe devido ao avanço do mar e diz ter esperança de dias melhores.
"Na década de 80 era maravilhoso, mas tudo acabou. Essa obra retorna em arrecadação para o município e em geração de emprego", opina.
Já Francisco das Chagas, 50, que possui um comércio próximo à praia, espera que as vendas possam melhorar.
"Tá amenizando a situação. São 30 anos morando aqui. Essa área se acabou. No passado, isso aqui bombava, espero que volte."