Criador da Turma da Mônica, Maurício de Sousa participa de aula com alunos de Caucaia

Encontro reuniu crianças das turmas de terceiro ano do ensino fundamental de colégio no bairro Metrópole, em Caucaia

A aula remota para uma turma de 30 alunos do 3º ano do ensino fundamental do Colégio Duque Castilho, no bairro Metrópole, em Caucaia, teve um convidado especial: o criador da Turma da Mônica, Maurício de Sousa. Na manhã desta quarta-feira, 10, o famoso cartunista brasileiro conversou descontraído durante uma hora com os pequenos por videochamada.

Alunos mostram exemplares das produções de Mauricio de Sousa ao autor
Alunos mostram exemplares das produções de Mauricio de Sousa ao autor (Foto: Reprodução/Google Meet)

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A ideia partiu da professora responsável pela turma, a pedagoga Alane Santos. "Eu realmente não esperava que isso pudesse acontecer. Quando eu tomei a iniciativa de enviar o email, eu não acreditava que ele iria ver". E completa: "Depois, a secretária dele me ligou perguntando mais detalhes sobre possíveis perguntas, onde o material ficaria e por onde poderíamos conversar."

Formada pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), Alane conta que, desde o ano passado, iniciou o projeto "Gibitecando", para discutir sobre obras e os autores do material. Em 2020, passaram por análise da turma: Ruth Rocha, Ziraldo, o próprio Maurício de Sousa e Bia Bedran, por exemplo. Esta última chegou a gravar um vídeo especial aos pequenos onde contou a história do famoso livro: O pescador, o anel e o rei.

VEJA TRECHO DA ENTREVISTA

"Proporcionar às crianças momentos de leitura prazerosa é algo que sempre procurei fazer diariamente na minha prática pedagógica. Mas nunca imaginei que pudesse proporcioná-las o contato com o próprio autor. Essa experiência marcou a vida escolar dos meus alunos e a minha vida profissional. Só tenho agradecer ao senhor Maurício de Sousa pela humildade e gentileza de ouvi-las e respondê-las com tanto carinho. A ele, minha eterna gratidão".

Alane Santos ensina no Colégio Duque Castilho desde o ano passado, quando a instituição foi fundada
Alane Santos ensina no Colégio Duque Castilho desde o ano passado, quando a instituição foi fundada (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal )

Alane descreve que alunos e pais ficaram bastante empolgados com o encontro. Entre os questionamentos, os pequenos quiseram saber de Maurício por que Cebolinha troca o R pelo L, por que alguns personagens não têm sapatos e a preferência de Cascão em não tomar banho. "Eu sempre admirei muito o trabalho dele e os alunos passaram a gostar também, mas alguns questionamentos eu já não conseguia responder", confessa.

A professora comenta ainda que, durante o bate-papo, o escritor mostrou o cachorro Bidu, que inspirou o personagem com o mesmo nome na ficção, parte do apartamento e da vista de onde mora em São Paulo e contou sobre como estavam as filhas.

Espaço de trabalho da professora Alane Santos
Espaço de trabalho da professora Alane Santos (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal )

 

"Isso colabora significativamente para a motivação dos estudantes. Eu recebi vários relatos dos pais de que desde o início do projeto os alunos não param de ler. Chamar atenção da criança para a leitura não é fácil. Tem de tentar de várias formas. Eu tento proporcionar prazer na leitura. Mas trazer os próprios autores, eu nunca pensei que fosse conseguir".

Após finalizar a discussão sobre Maurício de Sousa, Alane diz que deve levar aos estudantes as produções de Ziraldo. Depois disso, começa o processo de produção do próprio gibi da turma. A pedagoga comenta que encontrou um software gratuito, chamado hagáquê, que permite aos alunos escreverem as próprias histórias. "Isso é muito interessante para as aulas virtuais. Nós vamos consolidar o que estudamos. Ainda vamos decidir o título, o tipo de quadrinho, os personagens que vão aparecer, tudo isso nós estamos consolidando".

Conversa

"Meu contato com escolas e alunos é tão humano, tão gostoso, tão quente mesmo que seja virtual", disse Maurício no início da conversa.

"A maioria dos meus personagens eu comecei a fazer a partir de observações que eu fazia de crianças. O Cebolinha existiu realmente. Quando eu o conheci, ele era um menininho jogando bola perto da minha casa, o apelido dele era Cebolinha. Ele tinha uns cabelinhos espetados, igual uma cebola. Eu vi o menino e resolvi criar um personagem baseado nele. Eu copiei a realidade", respondeu à primeira criança, Elisa Rodrigues. Maurício revelou também que a pessoa inspiradora do personagem é um amigo pessoal e mora em Mogi das Cruzes, em São Paulo.

Outra pergunta foi da aluna Alana Monteiro: "Eu queria saber qual foi o primeiro personagem que você criou!". Maurício respondeu: "Foi o Bidu, o cachorrinho. Naquele tempo, eu trabalhava no jornal, eu era repórter. Eu falei: 'Agora chega de escrever só assuntos policiais. Eu quero fazer o que sempre desejei, eu quero fazer histórias em quadrinhos'. Eu fui para casa, me tranquei um pouquinho, faltei dois dias no trabalho, fiquei treinando o cachorrinho. Funcionou. O pessoal gostou. Quase 60 anos que eu fiz isso".

"É excepcional o seu trabalho. Na época de escola, nós tínhamos que fazer a leitura, e a professora pedia para ler 'mesmo que seja gibi'", relembra Ana Paula Castilho, diretora da escola, dos seus tempos de estudante e comenta que a época remete ao período de quando as histórias em quadrinhos eram marginalizadas.

Veja conversa completa: 

 

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