Indígena, primeira mulher pajé do Ceará é vacinada em Caucaia
Pajé Raimunda Tapeba foi a primeira caucaiense a receber a imunização. Ao todo, 8.800 doses da Coronavac foram destinadas ao Município
23:06 | Jan. 19, 2021
Começou no fim da tarde desta terça-feira, 19, a vacinação em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. Sete pessoas foram vacinadas no ato que marcou o início da imunização no Município. A primeira delas foi Raimunda Tapeba, de 76 anos, primeira mulher pajé no Ceará. Ao todo, 8.800 doses da Coronavac foram destinadas a Caucaia para as duas etapas de vacinação, o que representa o segundo maior contingente do Estado, atrás apenas de Fortaleza, já que o município é a segunda maior população cearense.
Do total de vacinas nesta primeira etapa, 2.110 vacinas são direcionadas a profissionais de saúde, o que representa 34% do total de profissionais do Município; 289 são para idosos em Instituições de Longa Permanência (“asilos”), o que é 100% dos idosos institucionalizados de Caucaia; e 1.986 para comunidade indígenas, 30% dessa população em Caucaia. Entre indígenas, detalha Zózimo Medeiros, secretário de Saúde de Caucaia, a vacinação também prioriza idosos e pessoas com comorbidades. Nessa quarta-feira, 20, o secretário deve se reunir com associação que representa as etnias caucaienses para detalhar a logística da campanha.
LEIA TAMBÉM | Em Fortaleza, 742 pessoas são vacinadas contra Covid-19 nesta terça, 19
Medeiros ressalta que o início da vacinação não significa um relaxamento das medidas preventivas contra o coronavírus, como uso de máscaras e álcool em gel e distanciamento social. “O vírus não foi embora”, reitera. “O Governo do Estado, através da Secretaria de Saúde, está estudando até a possibilidade de mutação do vírus, então, não tem nada confirmado, mas a gente está atento também”.
Raimunda Tapeba descreveu a alegria de ser escolhida para receber a primeira vacina. A pajé conta que muitos indígenas estavam com medo de tomar a vacina e ela pode agora alertar e orientar para tomar a vacina. “A felicidade é muito grande”, afirma. Raimunda é pajé de 8 mil índios em Caucaia, sendo responsável por guardar a cultura e as tradições de seu povo, sendo reconhecida como Mestra da Cultura do Estado.
LEIA TAMBÉM | Covid-19: agente de saúde indígena é a primeira vacinada em Maracanaú
O segundo caucaiense a ser vacinado também foi indígena. Para Erandir Anacé, o Nego, de 50 anos, a alegria de receber a vacina foi ainda maior porque, há cerca de quatro meses, o seu irmão, Cleilson de Lima Oliveira, líder de sua aldeia, morreu vítima do Covid-19. “Ele tinha maior medo dessa doença entrar na aldeia e foi o primeiro a falecer”, conta. “Para a gente, é uma alegria muito grande fazer parte desse grupo do primeiro lote de vacinas. O sonho que a gente tem é que toda a nossa aldeia seja imunizado, e não só o nosso povo como todo mundo”. Cerca de 160 famílias, o que dá quase mil pessoas, pertencem aos Anacés.
Também foram vacinadas na ocasião: Pedro Jorge Rodrigues Rebouças dos Santos, 40, auxiliar de serviços gerais do Hospital Abelardo Gadelha; Jennifer Serafim, 29, enfermeira da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Centro de Caucaia; Manuela Martin Menezes, 33, enfermeira do Hospital Abelardo Gadelha; Thaylana de Sousa Araújo, 20, técnica em enfermagem do Hospital Municipal; e Fátima Maria Nogueira Lima, 68, técnica em enfermagem da Upa Centro.
Presente ao evento, o prefeito Vitor Valim (Pros) afirmou que, apesar de toda a regulação da distribuição da vacina está a cargo dos governos federal e estadual, a Prefeitura, a “qualquer momento” que puder conseguir diretamente a vacina com o Instituto Butantan assim irá fazer, até por já ter firmado convênio com o órgão paulista. Ele também reforçou a necessidade de as medidas preventivas continuarem a ser feitas até o fim da campanha de vacinação.