Município no interior do Ceará enfrenta surto de chikungunya

Catarina, no sertão cearense, tem 69 casos da doença confirmados, que ainda não foram detectados nos boletins do município

21:25 | Mar. 22, 2017

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[FOTO1]Distante pouco mais de 300km de Fortaleza, a cidade de Catarina  enfrenta um surto epidemiológico de arboviroses, sobretudo da chikungunya. De acordo com o coordenador de endemias do município, Aglayrton Guedes Feitosa, 69 casos da doença foram confirmados e 100 aguardam resultado de exames.

Os casos ainda não foram detectados nos boletins do município, mas são relatados com preocupação pelos moradores.

O POVO Online conversou, por telefone, com um catarinense que não quis se identificar. “Minha filha, meus pais e meu avô tiveram (arboviroses). Meu avô, por ser idoso, foi atendido em Iguatu. Toda a cidade está doente. Você abre a torneira e larvas caem”, relatou. José Wellfter, que também mora na cidade, comenta sobre a situação. "Está uma epidemia, a água é de péssima qualidade, com cheiro de lama...60% dos habitantes estão doentes", frisa.

Enfermeiro no Hospital Municipal de Catarina Dr. Gentil Domingues, Lucas Feitosa conta que 500 ampolas de analgésicos Dipirona eram usadas durante um mês, agora, essa quantidade acaba em apenas um fim de semana. “A situação está caótica, é um cenário de guerra. Pessoas adoecidas a todo momento, o hospital ficou pequeno para a demanda”, explana.

A lotação no hospital, de pelo menos 200 pessoas com suspeita de arboviroses por dia, segundo o enfermeiro, faz com que alguns pacientes sejam transferidos ao Hospital Regional de Iguatu, cerca de 70km de Catarina, uma viagem estimada em 1h40min. “Não todos, mas os casos mais complicados vão para lá”, explica.

Duas pessoas morreram na cidade entre os últimos dias 20 e 21: Valdelice Duarte Martins Feitosa e José Sitônio Mendonça, de acordo com o coordenador de endemias, única fonte do município que a reportagem conseguiu contato, as mortes não tiveram relação com a epidemia. Ele informou ainda, que medidas como limpeza nas caixas d’água, carro fumacê e mobilização para conscientizar a população, estão sendo feitas para controlar a situação.

O POVO Online tentou contato com o prefeito Thiago Paes de Andrade Rodrigues (PMDB) e a secretária municipal de saúde, Valéria Rodrigues Cavalcante, no inicío da tarde dessa terça-feira, 21, até às 14h48 desta quarta, 22, e não conseguiu contato. Em nenhuma das tentativas, houve alguém que pudesse responder pelo município.


Conseguimos contato com o diretor administrativo do hospital municipal, Jardel Mendonça, ainda na tarde de ontem, 21, ele confimou o surto epidemiológico e disse que esclareceria sobre a situação da unidade, mas que não poderia falar no momento. Após esse contato, ele não foi mais localizado pela reportagem. 

Por telefone, a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) informou que ações de controle são de responsabilidade do município. Em nota, afirmou que Catarina passou por ciclo recente de pulverização de inseticida, conhecido popularmente como fumacê. A pulverização espacial UBV-pesado aconteceu entre os dias 14 e 21 de março.

A SECRETARIA ORIENTA

"A recomendação aos moradores é que abram portas e janelas das casas na passagem do fumacê para que o inseticida atinja o mosquito dentro das residências. A passagem do fumacê não diminui a necessidade da eliminação dos potenciais focos do mosquito. Por isso, as famílias devem também fazer sua parte no combate ao Aedes aegypti. O inseticida não mata as larvas do Aedes aegypti, que estão em caixas d’água, potes, baldes, pneus, lajes. É preciso também manter os quintais sempre limpos, recolher, eliminar ou guardar longe da chuva todo objeto que possa acumular água, como pneus velhos, latas, recipientes plásticos, tampas de garrafas, copos descartáveis e até cascas de ovos. O lixo doméstico deve ser acondicionado em sacos plásticos e descartado adequadamente, em depósitos fechados. A eliminação de criadouros deve ser realizada pelo menos uma vez por semana. Assim, o ciclo de vida do mosquito será interrompido", Secretaria da Saúde do Estado do Ceará por meio de nota.

 

Saiba mais

Arboviroses são consideradas as doenças transmitidas por insetos e aracnídeos como mosquitos, carrapatos e aranhas. No Brasil, além de dengue, zika, chikungunya e febre amarela, os arbovírus transmitem patologias como malária, Doença de Chagas, febre do Mayaro e leishmaniose.

 

Colaborou Amaury Alencar