Instituto Luísa Mell faz campanha para resgatar ursos pardos de zoológico em Canindé
Segundo uma das articuladoras da campanha, os animais não sofrem maus-tratos, mas vivem em local inapropriado. A movimentação tem o intuito de levar os animais para um local mais frio e longe de exposições
12:15 | Set. 27, 2018
Atualizada e corrigida às 16h50min
[FOTO1]Dois ursos pardos siberianos, o Dimas e a Kátia, estão vivendo no Zoológico São Francisco em Canindé, distante 116 km de Fortaleza. O Instituto Luísa Mell, organização não governamental (ONG) de proteção animal, está se movimentando para tentar retirar os animais do local especialmente por causa do calor que faz no município cearense.
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De acordo com o site oficial zoológico, que detalha as espécies abrigadas no local, o habitat de ursos pardos são o bioma tundra (no frio) e as regiões montanhosas isoladas. A temperatura em Canindé nesta quarta-feira, 26, até as 10h45min, era de 29ºC com máxima de 38ºC, conforme o site Climatempo.
O zoológico de Canindé é mantido pelo Santuário São Francisco e a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) é responsável pelo licenciamento ambiental.
A campanha do Instituto Luísa Mell, mantido pela ativista de defesa dos animais, surgiu após o resgate da ursa Marsha de um zoológico no Piauí, feito pela ONG no último fim de semana. Depois de saber a notícia, a estudante de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Gleiciane Cândido se juntou a Pedro Soares, que mora no Piauí, e Hellen Farias, moradora de Canindé, para mobilizar as pessoas sobre a situação de Kátia e Dimas e chamar a atenção do instituto.
[FOTO2]Verbene Mendonça, coordenadora do zoológico, frisa que os dois ursos são bem cuidados pela equipe de tratamento e "não sofrem maus-tratos de forma alguma". "As notícias que estão circulando não são verdadeiras. As pessoas estão pensando que maltratamos os ursos, mas eles são super bem cuidados pela equipe", frisa.
"Comecei a campanha porque vi que lá não era lugar para eles. Canindé é muito quente, não é local para ursos, que são naturais de lugares frios. Não é porque eles estão sofrendo maus-tratos, é apenas para que eles tenham um lugar mais fresco para morar e longe também da exposição", comenta Gleiciane.
Sobre as altas temperaturas de Canindé, a administradora do zoológico garante que Kátia e Dimas vivem em boas condições, em local que "não pega muito sol", e afirma que eles contam com "ventiladores, tanques de água e piscina" para se refrescar.
Gleiciane, Pedro e Hellen conseguiram chamar a atenção de Luísa Mell para o caso por meio do Instagram @ursodimasekatiaoficial, onde eles contam um pouco da história dos animais. Dimas foi encontrado em 2008, às margens da BR-222, em Sobral (Região Norte), com unhas extraídas e um olho perdido e levado para o zoológico. Ele viveu durante anos em um circo.
[FOTO3]Por conta dos traumas, o urso pardo faz movimentos repetitivos com a cabeça. "No dia que eu o vi chorei muito", diz Gleiciane Azevedo.
Placa instalada no zoológico pede que as pessoas "somente observem" e não chamem a atenção dele com aplausos e gritos.
Kátia chegou ao zoológico em 2011. Ela vivia com outros três ursos. Um deles era Marsha, que agora está sob os cuidados do instituto, no Rancho dos Gnomos, uma associação de bem-estar de animais localizada em Cotia, interior de São Paulo.
Confira vídeo da situação de Dimas:
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Em publicação no Instagram, Luísa Mell pede contribuições financeiras para viabilizar o resgate dos animais que estão em Canindé. "O primeiro passo é construir os recintos e toda a estrutura fria, cujos custos estimados giram em torno de R$ 300 mil", pontua. A ativista ainda diz que irá tentar "caminhos judiciais" para a saída dos animais do Ceará.
Para ajudar a campanha com doações, o Instituto Luísa Mell tem três contas bancárias:
Bradesco: AG 1974-7 CC 288-7
Itaú: AG 0772 CC 09021-3
Banco do Brasil: AG 1817-1 CC 120.000-3
O POVO Online errou
CORREÇÃO: diferente do que foi informado anteriormente, a Semace é responsável pelo licenciamento ambiental do zoológico e não da administração do local.