Justiça aceita denúncias contra PMs acusados de homicídios em Campos Sales

Ao todo, cinco pessoas foram denunciadas pelos assassinatos de Francisco Igor da Silva e Paulo José dos Santos. Suspeitos foram alvos de operação em março

A Vara Única da Comarca de Campos Sales aceitou na última semana, pelo menos, duas denúncias contra acusados de homicídios em Campos Sales, no Cariri Cearense. Entre os cinco réus estão dois policiais militares. A denúncia referente ao assassinato de Francisco Igor da Silva, de 19 anos, foi aceita pela Justiça nessa sexta-feira, 8; e a acusação referente ao assassinato de Paulo José dos Santos, de 53 anos, foi aceita na quarta-feira, 6.

Os acusados haviam sido alvo de uma operação deflagrada em 23 de março último pela Polícia Civil, batizada de "Magnum Finalem". A ofensiva policial prendeu, ao todo, dez pessoas, acusadas de assassinatos ocorridos em Campos Sales e Salitre (também no Cariri) entre 2018 e 2022.

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Os autos da operação encontram-se em segredo de Justiça, mas O POVO localizou os processos referentes a dois homicídios que fazem parte do escopo da investigação.

O primeiro crime ocorreu em 22 de março de 2021 em uma localidade denominada Sítio Caldeirão, na Zona Rural de Campos Sales, e teve como vítima Francisco Igor da Silva. Por esse crime, foram acusados pelo Ministério Público Estadual (MPCE) o sargento Ricardo Elói de Souza, assim como seu primo João Erik Gomes Elói e José Genciano Soares.

Conforme o MPCE, a vítima estava em casa, por volta da meia-noite, quando os executores bateram em sua porta alegando serem policiais que iriam cumprir mandados de busca e apreensão. Quando Francisco Igor abriu a porta, ele teria sido arrastado para fora de casa e executado com três tiros.

Em seguida, os criminosos fugiram em um carro. Acionados para a ocorrência, policiais militares localizaram um carro que batia com a descrição do veículo utilizado pelos homicidas. Os suspeitos não obedeceram a ordem de parada, e uma perseguição foi iniciada. Cerca de três quilômetros depois, o veículo finalmente foi parado.

No carro, estavam Ricardo, João Erik e José Genciano. Uma pistola e um revólver calibre 38 foram encontrados com eles. A pistola pertencia ao PM, e José Geciano assumiu a posse do revólver, o que o fez ser autuado por porte ilegal de arma.

Não houve prisão em flagrante pelo homicídio, porém. Foi pedida, entretanto, microcomparação balística entre o revólver e os projéteis retirados do corpo da vítima, que concluiu que partiu daquela arma as balas que mataram Francisco Igor.

“Nessas circunstâncias fica evidente que os denunciados participaram diretamente, como mandantes ou como executores, da morte de Francisco Igor da Silva”, afirmou na denúncia, apresentada na quinta-feira, 7, a promotora Efigênia Coelho Cruz.

Homicídio em 5 de janeiro de 2022

Já a segunda denúncia de homicídio cai em desfavor do cabo da PM Antônio Cesário Vieira e de Clêmio Cavalcante Feitoza. Eles são acusados de matar, com três tiros, Paulo José dos Santos em 5 de janeiro de 2022, por volta das 11h30min, no bairro Guarani, em Campos Sales. Conforme a denúncia do MPCE, a vítima foi surpreendida por dois homens encapuzados em uma moto.

A investigação da Polícia Civil localizou câmeras de seguranças do entorno do local do crime e, a partir das imagens, identificou os dois suspeitos. Os dois foram flagrados, minutos antes do crime, seguindo a vítima até o local da execução e usando roupas e objetos que viriam a ser encontrados durante cumprimento dos mandados de busca e apreensão, como capacetes, jaquetas e uma mochila.

“Pelas provas colhidas nos autos, Antonio Cesário Vieira tinha a missão de garantir o sucesso na execução da ação criminosa do executor, uma vez que foi ele (Antonio Cesário) quem seguiu a vítima e pilotou a motocicleta que conduziu o assassino até o local do crime”, afirmou na denúncia, apresentada na segunda-feira, 4, a promotora Efigênia Coelho Cruz. “Já Clêmio Cavalcante Feitoza, pelos elementos de provas acostados aos autos, tinha a missão de efetuar os disparos que ceifaram a sua vida, como de fato o fez”.

Em nenhum dos dois casos, a denúncia identifica a motivação do crime. O POVO não localizou as defesas dos acusados na noite desse sábado, 9.

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Operação Policial Campos Sales Homicídio Campos Sales Homicídio praticado por PMs

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