Policial que matou 4 colegas em Camocim é absolvido após ser considerado inimputável
Laudo psiquiátrico diagnosticou o inspetor Antônio Alves Dourado como tendo Transtorno Esquizoafetivo. Além da chacina, ele era acusado de uma tentativa de homicídioO policial civil que matou quatro colegas na Delegacia Regional de Camocim (Litoral Oeste do Estado), em maio de 2023, foi absolvido da acusação após laudo psiquiátrico considerá-lo inimputável. O inspetor Antônio Alves Dourado foi diagnosticado como tendo transtorno esquizoafetivo, conforme o laudo pericial nº 2024.0459972, produzido pelo Núcleo de Psiquiatria Forense, da Perícia Forense do Estado (Pefoce), em setembro último.
A informação consta na edição dessa quarta-feira, 4, do Diário Oficial do Estado (DOE). Além da chacina, Antônio também respondia por uma tentativa de homicídio ocorrida em julho de 2023, quando ele já se encontrava preso na Penitenciária Industrial Regional de Sobral (Pirs), localizado a 121 quilômetro de Camocim.
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Por esse ato, ele também foi absolvido, o que também ocorreu na esfera administrativa. É justamente na portaria referente à tentativa de homicídio que a informação da inimputabilidade de Antônio foi publicada no DOE.
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“Os signatários entendem que o quadro do periciado corresponde a Transtorno Esquizoafetivo (CID-10-F25), condição classificada na legislação aplicável como doença mental (Art. 26, Código Penal Brasileiro), a qual implicou em completo comprometimento da capacidade de entendimento e, por conseguinte, da autodeterminação, no período de interesse”, cita a portaria.
O advogado Oséas Rodrigues, que representa Antônio, afirma que o policial continua recolhido à UP-Sobral, embora tenha sido requerida a transferência para unidade hospitalar especializada em internação psiquiátrica. “Fizemos o pedido e estamos aguardando a manifestação do Judiciário sobre esse pleito”, afirma.
Relembre como aconteceu a chacina
A chacina foi registrada por volta das 4h45min do dia 14 de maio de 2023. As vítimas estavam de plantão e dormiam no momento do crime. Conforme o inquérito policial, Antônio chegou à delegacia em uma moto, trazendo consigo um botijão de gás.
Ele pulou o muro do estabelecimento e usou a própria chave da delegacia para destrancar a porta da entrada. Em seguida, disparou contra as três primeiras vítimas: os escrivães Francisco dos Santos Pereira, 47 anos, e Antônio José Rodrigues Miranda, 33 anos, e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira, 36 anos.
Eles descansavam em redes, após lavrar um flagrante, quando foram mortos. A quarta vítima estava no segundo andar. O escrivão Antônio Cláudio dos Santos, 46 anos, foi alvejado pelas costas, após pular da varanda para a garagem, em uma tentativa de escapar dos disparos.
Após praticar a chacina, Antônio se deslocou até a própria casa utilizando uma viatura policial. Ele mesmo algemou-se e ligou para um policial militar relatando o crime. Antes, o inspetor gravou um vídeo em que descrevia supostas situações de assédio moral e perseguição pelas quais havia passado na corporação.
Antônio foi preso em flagrante. Conforme a investigação, o verdadeiro alvo do policial eram os gestores da Delegacia Regional de Camocim. Ele fazia tratamento psicológico e psiquiátrico desde 2022.