Controladoria Geral investiga 11 policiais por omissão em assassinato de jovem em Camocim

Vítima teria sido morta a tiros pelo policial militar Gorge Tarik de Vasconcelos Ferreira, de 33 anos, após discutirem em uma festa e o jovem ser levado para uma delegacia na cidade

16:49 | Set. 13, 2022

Por: Mirla Nobre
A vítima, identificada como Mateus Silva Cruz, 19, teria sido morta a tiros pelo policial militar Gorge Tarik de Vasconcelos Ferreira, de 33 anos, após discutirem em uma festa em Camocim (foto: Reprodução/Redes sociais)

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) investiga a conduta de 11 policiais militares pela suspeita de omissão, negligência, conivência, prevaricação ou outra conduta no assassinato de um jovem de 19 anos em Camocim, a 357,9 km de Fortaleza.

O crime aconteceu dentro de uma delegacia em fevereiro deste ano.

A vítima, identificada como Matheus Silva Cruz, teria sido morta a tiros pelo policial militar Gorge Tarik de Vasconcelos Ferreira, de 33 anos, após discutirem em uma festa e o jovem ser levado para uma unidade da Polícia Civil na cidade.

Na época, o policial estava de folga e alegou, em depoimento, dois dias depois, que assassinou o jovem “em um momento de fúria, levado por violenta emoção”. O agente está preso desde fevereiro.

No último dia 6 de setembro, a Controladoria Geral de Disciplina (CGD) publicou no Diário Oficial do Estado (DOE) uma Sindicância Administrativa que acrescenta o nome de três agentes na investigação.

Antes, oito policiais já estavam sendo investigados. Agora, somam-se 11 policiais. Ao todo, os investigados são: um tenente, dois subtenentes, um sargento, um cabo e seis soldados

Na portaria da CGD, a inclusão dos demais agentes na investigação ocorre devido “a necessidade de melhor adequação típica das condutas citadas aos tipos legais da lei substantiva e a necessidade de inclusão no rol de sindicatos dos militares responsáveis pela detenção de Matheus”.

Ainda segundo a Controladoria, no dia do crime, além da vítima, outro jovem sofreu agressões e perseguições pelos agentes.

É informado nos autos do Inquérito Policial Militar que, após sair da boate, outro jovem, que estava na companhia de Mateus, foi agredido fisicamente por um tenente e um soldado da PM e teve uma arma apontada para o rosto.

Na ocasião, a vítima de 19 anos conseguiu sair do local, mas foi alcançado e detido na Praça do Coreto por três policiais que estavam de folga e o colocaram em um veículo da Polícia Militar junto ao amigo.

Dentro do veículo, conforme o documento publicado no DOE, Matheus recebeu lesões no seu rosto, inclusive faltando um pedaço da orelha, e chegou a informar a um amigo que foi agredido pelos policiais.

Também consta que a vítima teria informado ao amigo que um dos agentes teria mordido a sua orelha direita, lesão que, entre outras, está descrita no Auto de Exame de Corpo de Delito. Matheus foi morto enquanto aguardava para ser ouvido dentro da delegacia em Camocim.