PM confessa crime contra jovem de 19 anos e diz que está arrependido: "Momento de fúria"

De acordo com os autos, o jovem estava desarmado, algemado, sob a custódia do Estado, quando foi morto. O agente de segurança descarregou a pistola contra a vítima

20:04 | Fev. 07, 2022

Por: Redação O POVO
Matheus Cruz, de 19 anos, foi morto a tiros dentro da Delegacia de Camocim (foto: Reprodução/redes sociais )

O jovem Mateus Silva Cruz, de 19 anos, foi morto a tiros dentro de uma delegacia de Polícia Civil, em Camocim, cidade localizada a 356 km de Fortaleza. O policial militar George Tarik de Vasconcelos Ferreira, de 33 anos, confessou o crime. Ele disse, em depoimento, que atirou em Mateus após uma confusão entre os dois.

De acordo com os autos, o jovem estava desarmado, algemado, sob a custódia do Estado, quando foi morto. O agente de segurança, que descarregou a pistola contra a vítima, diz que estava sob efeito do álcool e afirma estar arrependido da conduta.

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Segundo o depoimento do policial, ele estava dentro de uma boate quando Mateus passou esbarrando e disse: "Vai querer embaçar comigo porque é polícia?". O policial disse que continuou andando e foi empurrado pelo jovem. O agente de segurança afirma que, ao olhar para trás, foi surpreendido por um soco no olho esquerdo. Depois disso o PM afirma que foi até o estacionamento e tentou abordar o rapaz para conduzi-lo à delegacia. 

Tarik deu voz de prisão a Mateus, mas foi agredido novamente ao tentar tirar do jovem a chave de ignição do veículo que estava com ele.

O policial afirma que o jovem fugiu a pé, mas que a Polícia Militar, que veio prestar apoio ao policial, o abordou e ele foi conduzido à delegacia. Já o militar relatou que foi à unidade policial no próprio carro e que, ao chegar no local, Mateus estava sentado em um banco. Lá, o jovem teria encarado e desafiado o policial militar.

Conforme o depoimento do agente, em "um momento de fúria, levado pela emoção", ele sacou a pistola e, sem advertir a vítima, efetuou diversos disparos contra Mateus, que morreu no local.

George Tarik alegou que estava sob efeito de álcool e que estava fazendo uso de bebida alcoólica desde o meio-dia do último sábado, 5. Ele afirmou estar "arrependido da conduta".

O que diz a SSPDS

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social informa que investiga a morte do jovem de 19 anos e confirma que o policial militar teve a arma apreendida, permanece preso no Presídio Militar e está a disposição da Justiça. Leia a nota na íntegra. 

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informa que o inquérito policial que investiga as circunstâncias da morte de um homem de 19 anos, ocorrida dentro de uma repartição pública, na madrugada do domingo (06), será remetido à Delegacia de Assuntos Internos (DAI), vinculada à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).

Na ocasião, um policial militar, de 33 anos, que estava de folga, foi preso e autuado em flagrante pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE), em Camocim - Área Integrada de Segurança 14 (AIS 14) do Ceará, por atirar contra a vítima, que foi a óbito. Antes do homicídio, uma composição da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foi acionada para atender a uma ocorrência, que envolvia o policial militar.

A vítima do homicídio e o militar suspeito teriam se desentendido em um estabelecimento comercial. Eles foram conduzidos para a Delegacia Regional de Camocim. No local, enquanto aguardavam o procedimento, o militar atirou contra o homem que não resistiu aos ferimentos e morreu. O policial militar foi colocado à disposição da Justiça e permanece preso no Presídio Militar. Ele teve sua arma apreendida.

A SSPDS reitera que não compactua com desvios de conduta de seus agentes e determinou a apuração imediata dos fatos para possível responsabilização de policiais militares e civis envolvidos na ocorrência. A pasta informa ainda que a própria CGD também conduz investigações paralelas sobre o assunto.