Ex-alunos criam associação para evitar fechamento de escola em Baturité

Organização deve, dentre outras coisas, arrecadar fundos para a unidade de ensino

16:02 | Out. 06, 2023

Por: Gabriela Almeida
Escola anunciou que irá encerrar atividades em definitivo (foto: Reprodução | Foto retirada do site do Salesianas Baturité)

"Foram muitos os esforços para a continuidade do colégio, mas os mesmos não foram suficientes e as condições atuais, infelizmente, não condizem com o propósito da instituição, de continuar garantindo o ensino adequado e de excelência aos seus alunos e alunas", destacou a escola em publicação. 

Entidade ainda apontou que as causas para o fim das atividades foram relacionadas a um conjunto de episódios, como baixas gradativas do número de alunos, o alto grau de inadimplência, o aumento de descontos e concessão de bolsas e o impacto financeiro causado pela pandemia da Covid-19.

Escola deixou claro em nota que "o ano letivo de 2023 deve ser concluído normalmente", garantindo que estudantes não serão prejudicados. No entanto, esse deve ser o último semestre de aulas. O comunicado pegou de surpresa ex-alunos da instituição privada, que atua na região há 91 anos.

"Além de uma formação curricular de excelência (...) Uma casa e escola salesiana nos prepara para sermos bons cristãos e honestos cidadãos (...) De fato, em uma casa salesiana, a educação é coisa do coração. É acolhedora, respeitadora das diversidades, propagadora de bons valores e de cidadania", conta Daylana Régia, de 27 anos, que estudou na escola durante todo o seu ensino médio.

Ex-alunos estruturam criação de associação 

A jovem participa de um movimento, junto a outro ex-alunos, que buscam soluções para evitar o encerramento das atividades da comunidade de ensino, que tanto contribuiu em suas formações. 

Grupo tem tentado pedir apoio do poder público estadual e municipal. Na última semana, participantes estiveram presentes na sessão pública itinerante promovida pela Assembleia Legislativa do Estado (Alece-CE). Ex-alunos já realizaram também diversas reuniões, entre eles e com representantes religiosos. 

Francisco Marcio, de 53 anos, é um dos integrantes desse movimento que busca dar voz para o que está acontecendo na escola. Ele estudou no local quando tinha 11 anos e a importância do colégio foi tanta em sua vida que ele colocou o seu filho, que atualmente tem 9 anos, para estudar no espaço também.

"Por tratar-se de uma escola religiosa e vindo de uma família tradicionalmente assim, ali (na escola) aprimorei minha formação humanística, espiritual, religiosa, aprendi a ver meu semelhante como irmão, a ser solidário, sendo um agente social, ajudando a construir uma sociedade justa e igualitária", destaca. 

De acordo com o representante, o grupo definiu a criação de uma associação de ex-alunos. Proposta é que cada associado contribua financeiramente todos os meses, destinando valores para manter a instituição funcionando. Além disso, eles buscam a mobilização e a participação da sociedade no geral. 

"Através dela (associação) teremos diversas iniciativas e atividades com fim de manter o colégio ativo, aberto, funcionando em 2024 e permanecendo assim, servindo de diversas formas a nossa gente, à população de Baturité e do Maciço de Baturité", conta o médico. 

Proposta da associação já está estruturada e deve ser apresentada nesta sexta-feira, 6, para a equipe administrativa da Rede Salesiana no Nordeste. De acordo com Márcio, irmãs que dirigem a instituição esperam uma proposta "concreta" para definir se realmente vão seguir com o fechamento. 

O POVO procurou, por meio de mensagem enviada por e-mail no dia 28 de setembro, à direção do INSA para falar sobre o encerramento das unidades e o futuro da escola. Também foram encaminhadas duas mensagens para o WhatsApp do colégio, mas até o fechamento da reportagem não houve retorno.