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Grande mancha de óleo chega à praia de Canoa Quebrada

A Marinha retirou cerca de 700 quilos de óleo da praia. O material foi recolhido pela Prefeitura e será encaminhado para análise em Fortaleza

A praia de Canoa Quebrada, em Aracati, um dos principais polos turísticos do Ceará, foi atingida por uma grande mancha de óleo no fim da tarde desta quarta-feira, 23. A Prefeitura do Município informou que a Marinha, por meio da Capitania dos Portos de Aracati, retirou cerca de 700 quilos de óleo da praia. O material foi recolhido pela Prefeitura e será encaminhado para análise em Fortaleza.

A informação foi confirmada, nesta manhã, pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Nas primeiras horas da madrugada, houve mobilização de órgãos da Prefeitura de Aracati, Marinha do Brasil, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e voluntários para remover o petróleo cru. A substância atinge todo o litoral do Nordeste brasileiro há mais de 50 dias, desde o dia 30/8 – quando chegou a Paraíba.

"O restante do óleo que se visualizou ontem no mar não chegou a encalhar na faixa de praia, mas poderá ocorrer hoje à tarde ou pode estar encalhando em outras praias vizinhas de municípios da região", informou a Prefeitura.

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"Agora pela manhã as praias na faixa do município de Aracati estão limpas, porém, nosso monitoramento continua com auxílio da comunidade e, a qualquer momento, nossos meios e pessoal podem ser acionados para retirada que mais óleo", acrescenta a administração municipal.

De acordo com a assessoria de imprensa da Semace, o órgão ambiental espera receber hoje uma tonelada e meia de petróleo cru recolhidas das águas do oceano Atlântico que se inserem no litoral de Aracati, no leste cearense. A substância será destinada aos fornos da fábrica de cimento Apodi. Até agora, 1350 litros de óleo recolhidos em uma parte do Ceará foram usados como combustível na indústria sediada em Sobral.

Óleo na foz do Jaguaribe

No último dia 15, O POVO noticiou que o “óleo pagão” havia chegado à foz do Jaguaribe – o maior rio do Ceará. O Jaguaribe é responsável por trocas ambientais com o Atlântico e ainda tem influência na carga d’água de açudes como o Orós (Orós) e o Castanhão (Alto Santo). Reservatórios de água doce que abastecem, por exemplo, Fortaleza.

O rio Jaguaribe tem em seu leito os dois maiores açudes do estado (Castanhão e Orós) e é responsável pelo abastecimento de água da população do Vale do Jaguaribe, formado pelos municípios de Russas, Morada Nova, Limoeiro do Norte, Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Quixeré, Jaguaretama, Alto Santo, Pereiro, Iracema, Jaguaribara, São João do Jaguaribe, Ererê e Potiretama.

Desde abril último, por causa da diminuição do nível do reservatório causada pela seca, o açude Castanhão - e consequentemente, o rio Jaguaribe - deixou de abastecer Fortaleza e a Região Metropolitana, que hoje utilizam as águas do Sistema Metropolitano (açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião).

Quando o óleo chegou à foz do Jaguaribe, a Marinha do Brasil e a Secretaria de Meio Ambiente de Fortim retiraram 40 quilos de óleo do rio. O petróleo cru, que a Petrobras diz não ser nem de suas plataformas nem dos navios que opera, foi encontrado no ponto onde o maior rio cearense deságua no mar - na divisa dos municípios de Fortim e Aracati.

Manchas chegam a Icapuí

Na última segunda-feira, as manchas de óleo aportaram em Icapuí, na praia de Barreiras. O município é vizinho à Aracati e se liga à costa do Rio Grande do Norte, também atingida pela contaminação.

Ontem, João Paulo Rebouças, secretário Instituto Municipal de Fiscalização e Licenciamento Ambiental (Imfla) de Icapuí, apelou via áudio pelo Whatsapp, para que pescadores e donos de embarcações doassem redes usadas de pesca. “É para entregar ao pessoal da Marinha do Brasil que está recolhendo óleo no mar de fora (alto mar). Como é um pouco sólido, parecido com geleia, as redes entrelaçadas conseguem fazer contenção e arrastar para fora do mar”, explica.

De acordo com João Paulo Rebouças, em entrevista ao O POVO, na tarde de ontem, a Marinha e o Ibama “conseguiram capturar uma mancha de óleo de aproximadamente 15 metros de comprimento” que se deslocava em direção às praias de Icapuí.

A substância tóxica, segundo o secretário, tem de ser detectada ainda em longe do continente para evitar a chegada nas praias. “Criamos um planejamento com a Marinha e os pescadores locais para poder antecipar a coleta desse óleo em alto mar”. Os pescadores informam a localização através do rádio com o ponto georreferenciado e a Marinha se mobiliza para fazer a coleta”, afirma João Paulo.

A Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará e o Ciopaer estão realizando sobrevoos, com helicópteros, no litoral de Aracati e Icapuí a uma distância de 8 a 15 quilômetros das praias para tentar se antecipar à chegada de mais petróleo cru no Ceará.

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