Grupo resgata tartaruga e aponta centro de reabilitação abandonado no Ceará
O animal estava preso em uma armadilha utilizada para capturar lagosta e foi encaminhado ao Rio Grande do Norte, onde precisará passar por amputação de uma das patas
10:24 | Set. 21, 2024
Uma tartaruga-oliva foi resgatada após ficar encalhada na Praia do Japão, no município de Aquiraz, a 29,7 km de Fortaleza. Equipe do projeto Amigos do Mar, da Associação de Desenvolvimento da Educação, Preservação do Meio Ambiente, Cultura, do Esporte, Patrimônio histórico e a valorização do ser humano (Apremace), realizou o resgate na última quarta-feira, 18
Conforme o vice-presidente da Apremace e responsável pelo projeto Amigos do Mar, Carlos Antônio Mariano Pereira, inicialmente a tartaruga foi resgatada por atletas de kitesurf. Os esportistas conseguiram trazer o animal à faixa de areia e acionaram o projeto, por volta das 10h30min.
O animal estava preso a uma caueira — armadilha de ferro utilizada na captura de lagostas — e com a pata dianteira presa por cordas. Após o resgate, o animal foi conduzido ao centro de reabilitação Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB), no Rio Grande do Norte, e precisará passar por cirurgia de amputação.
A espécie (Lepidochelys olivacea) é classificada como vulnerável, ou seja, enfenta risco alto de extinção na natureza.
Grupo conscientiza para a preservação ambiental em Aquiraz
A Apremace atua há dois anos no monitoramento das praias de Aquiraz, identificando e protegendo ninhos de tartarugas marinhas. O projeto busca ampliar as atividades de educação ambiental, envolvendo a comunidade local, pescadores e turistas na proteção desses animais. De janeiro a julho de 2024, o projeto levou ao mar cerca de 9.850 mil filhotes de tartaruga marinha.
A proposta é realizar palestras, oficinas e atividades práticas, como a limpeza das praias e a conscientização sobre a importância de reduzir a poluição luminosa e o tráfego de veículos nas áreas de desova.
Também foi observada pelo projeto a necessidade de intensificar as ações de conservação, incluindo a criação de zonas de monitoramento específicas e o uso de tecnologias como drones e GPS para mapeamento e acompanhamento dos ninhos.
Além disso, faz-se necessária a implementação de medidas de proteção, como cercas e telas de sombreamento, para garantir a viabilidade dos ovos e a segurança dos filhotes.
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Segundo Pereira, o Centro de Atendimento Emergencial às Tartarugas Marinhas do Estado do Ceará, no Centro de Estudos Ambientais Costeiros (CEAC) do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi inaugurado em dezembro de 2022, no município de Eusébio, porém, encontra-se abandonado.
“Nosso grande desafio nessa temática ambiental, de preservação das espécies de tartarugas, que parte delas encontra-se em extinção, é a dificuldade de um espaço, de um centro de reabilitação aqui no Estado do Ceará para que possamos ter mais eficácia em levar o animal o mais rápido possível para os primeiros socorros”, expõe.
"Fazemos um apelo ao Governo do Estado, que se sensibilize no sentido de reabrir um centro de reabilitação", finaliza o vice-presidente da Apremace.
Labomar diz que Centro deve voltar até fim do ano
De acordo com a professora e coordenadora do Centro, Caroline Feitosa, o centro foi inaugurado no final da gestão do governador Camilo Santana, que atualmente é ministro da Educação.
Após a inauguração, ela conta que a Secretaria de Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema) não deu continuidade na gestão. "Houve toda uma questão burocrática para retomar tudo, após a mudança de governo. Nessa mudança, o instrumento passou a não ser mais responsabilidade da Sema."
Ainda segundo Caroline, atualmente, toda a parte burocrática já está resolvida e o funcionamento do centro deve voltar até o fim deste ano.
"Vem sendo conversado um consórcio com outros órgãos do Estado e, em paralelo a isso, estamos com um projeto grande com foco no desenvolvimento social, ciência e tecnologia, no âmbito federal para o CEAC. Está tudo se resolvendo e temos notícias boas para os próximos anos", finaliza a coordenadora.