Dona de lar que abriga 59 jumentos denuncia zoofilia no interior do Ceará
Segundo a cuidadora dos bichanos, Érica de Caria, duas fêmeas foram raptadas, amarradas e estupradas em Amontada, cidade onde mora
16:48 | Mai. 27, 2023
A criadora do Lar dos Pancinhas, Érica de Caria, denunciou crime de zoofilia cometido contra duas de suas jumentinhas durante a noite do último domingo, 21, no município de Amontada, a aproximadamente 174 km de Fortaleza.
A tutora dos animais usou as redes sociais para denunciar o caso que, segundo ela, já ocorreu outras três vezes.
Érica relata ter ouvido um barulho estranho vindo do quintal e quando foi averiguar, encontrou a filhote Pororoca amarrada e suja com esperma. A cuidadora procura há algum tempo estabelecer contato com as autoridades policiais do município, mas só obteve resposta após o caso gerar indignação na internet.
Em vídeo publicado no perfil do lar, a Érica mostra o local onde Pororoca foi amarrada e violentada. Na gravação a dona do lar ainda exclama
“Eu quero ver se a polícia não vai vir investigar essa m**** de zoofilia. É o quarto caso que eu enfrento aqui. Eu não aguento mais isso!”.
A polícia até chegou a ir à casa onde o crime aconteceu, mas só após a repercussão que o caso ganhou nas redes sociais.
A visita, no entanto, não rendeu muitos frutos, já que os policiais afirmaram não poder fazer nada no momento e pediram que Érica, que já havia aberto B.O eletrônico, fosse até a delegacia realizar a denúncia pessoalmente.
Contatamos a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre o assunto, que, em nota, informou sobre as medidas adotadas no local. Veja abaixo o texto na íntegra:
“A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informa que a Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) apura as circunstâncias de uma ocorrência de maus-tratos a animais, que teria ocorrido nesse domingo (21), em Amontada, na Área Integrada de Segurança 17 (AIS 17) do Estado. Uma equipe da Polícia Militar do Ceará (PMCE) esteve no local, nessa segunda-feira (22), e intensificou o patrulhamento na região. As delegacias Municipal de Amontada e Regional de Itapipoca, com o apoio da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), unidades responsáveis pela área e especializada da PC-CE, respectivamente, estão a cargo da ocorrência.”
Além das autoridades policiais, a Prefeitura de Amontada também foi contatada para cuidar da iluminação pública no local, fator que auxilia nos crimes contra os animais, mas não respondeu à Érica.
O Órgão reconhece as reclamações feitas pela cuidadora através das redes sociais, mas afirma que nenhum pedido foi formalizado. A gestão reforça que demandas como quedas de energia frequentes e abertura de associação foram levantadas por Érica, mas não competem ao executivo municipal.
Também questionada sobre a limpeza pública da área onde a tutora mora, a Prefeitura destacou que o serviço é oferecido nas vias da cidade, mas não em locais privados. O órgão ainda afirma estar de portas abertas para atender o cidadão, mediante reivindicação pelos meios oficiais.
Recorrência
Além das violências que já ocorreram com os animais do Lar, esses casos vêm sendo praticados em toda a cidade. Segundo a tutora, centenas de animais já foram violentados das mais diversas formas em Amontada.
“Eu nunca esqueço eles [os jumentos] dormindo nas ruas e do nada a pessoa passava e jogava uma pedra ou dava um susto, só por maldade. Tem testemunha que já presenciou uma jumenta na quadra de esporte, com vários meninos “pegando” ela ao mesmo tempo”, contou a moradora em entrevista ao O POVO.
Desde que começou o trabalho de resgate dos animais, Érica vem sofrendo uma série de represálias do povoado da cidade. Inicialmente, ao ver os maus-tratos com bichos, ela chegou a discutir com muitos deles e ganhou a antipatia de muitos moradores.
“O povoado, na maioria, me odeia. Justamente porque sou paulistana e cheguei com outra mentalidade. Quando comecei a ver as cenas de maus tratos eu discuti com muitos e ganhei a fama de quem é forasteira querendo mandar no local”, conta a mulher.
Devido ao mal estar criado pela situação, Érica diz que deseja sair de Amontada. Após os casos recorrentes de violência contra os animais e o sentimento de descaso com as autoridades locais, a cuidadora planeja juntar fundos que conseguiu angariar com a história dos animais e encontrar um novo lar para ela e os jumentos.