Após quase 14 anos, Açude Orós volta a sangrar no Ceará
A última sangria ocorreu em 2011 quando o açude atingiu mais de 147% de sua capacidade. Fato histórico voltou a ocorrer neste sábado, 26, por volta das 22h17min
23:10 | Abr. 26, 2025

Após quase 14 anos, o Açude Orós voltou a sangrar neste sábado, 26 de abril, por volta das 22h17min. Localizado no município de mesmo nome, na microrregião de Iguatu, a 342 quilômetros de Fortaleza, o reservatório não registrava sangria desde agosto de 2011.
O fenômeno representa esperança para milhares de cearenses que dependem de suas águas para o abastecimento e a subsistência. A ação da natureza foi registrada de forma emocionada por moradores, em postagens na internet.
A população oroense esperava o acontecimento próximo às águas e acompanhou a vazão do recurso hídrico com gritos e pulos de alegria.
Porém, até as 23h42min do sábado, 25, não havia registro ainda no portal hidrológico cearense, estando ainda entre os 14 açudes com volume acima de 90%, mas ainda não entre os 50 sangrando até a hora registrada (ver lista ao fim da matéria).
“O Orós é festa, vida e esperança! Hoje o nosso gigante sangra, enchendo de alegria os corações do nosso povo. É o presente da natureza abençoando a nossa terra com água, fartura e renovação. Viva o Açude Orós! Viva essa benção, que se espalha em cada canto da nossa História! Que essa sangria seja símbolo de dias melhores para todos nós!”, comemorou a Prefeitura de Orós, em publicação nas redes sociais.
Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), nos últimos 20 anos o açude registrou somente três episódios de sangria: em 2008, 2009 e 2011. Desde então, o maior volume armazenado foi registrado em abril de 2012, quando o reservatório chegou a 84,4% da capacidade total.
O período mais crítico de escassez ocorreu entre janeiro e março de 2020, quando o açude operou no volume morto — menos de 5% de sua capacidade. Esse cenário preocupante refletia a severidade da estiagem e os impactos nas atividades agrícolas, no abastecimento urbano e na vida das comunidades ribeirinhas.
Graças às fortes chuvas que atingiram o estado desde o início do ano, o reservatório apresentou uma elevação significativa no volume de água. A barragem passou de 58,6% de sua capacidade em 1º de janeiro para 88,8% no dia 25 de abril, representando um aumento de quase 30%
O Orós é o segundo maior reservatório do Ceará, com capacidade para armazenar 1,612 bilhão de metros cúbicos de água. Ele fica atrás somente do Castanhão, que comporta 6,7 bilhões de m³.
O desastre
A construção do Açude Orós iniciou-se no governo de Epitácio Pessoa (1919–1922), mas foi interrompida e só retomada durante o mandato de Juscelino Kubitschek (1956–1961).
Em 1960, durante o período de obras, fortes chuvas provocaram o rompimento parcial da barragem, despejando 3,5 bilhões de metros cúbicos de água no leito do rio Jaguaribe.
Conforme noticiado pelo O POVO à época, o desastre teve consequências devastadoras. Cerca de 70 mil pessoas foram diretamente impactadas, o equivalente a 60% da população do baixo Jaguaribe na época. Casas, plantações e estruturas foram arrastadas pela força da água.
Diante da tragédia, o então presidente Juscelino Kubitschek visitou a região apenas três dias após o rompimento e ordenou a imediata retomada das obras. O açude foi finalmente concluído em 1961 e, desde então, tornou-se uma das principais estruturas hídricas do estado.
A importância do Açude
O Orós é peça-chave para a segurança hídrica do Ceará. Com sua capacidade de armazenar mais de 1,6 bilhão de metros cúbicos de água, ele abastece diretamente cidades e comunidades rurais, além de contribuir para o equilíbrio do sistema hídrico estadual.
O açude também desempenha papel decisivo no suporte à agricultura irrigada, especialmente em períodos de estiagem prolongada. Suas águas garantem o funcionamento de perímetros irrigados e a subsistência de centenas de famílias que dependem da produção agrícola para sobreviver.
Além disso, ele integra o sistema de reservatórios que alimentam a Região Metropolitana de Fortaleza e outros grandes centros urbanos do estado, funcionando como regulador do volume hídrico em tempos de abundância ou escassez.
Açudes sangrando no Ceará
A indicação dos açudes foi atualizada nesta sexta-feira, 25 de abril (21h13min).
- Acaraú Mirim (Massapê)
- Arrebita (Forquilha)
- Carmina (Catunda)
- Forquilha (Forquilha)
- Jenipapo (Meruoca)
- Sobral (Sobral)
- São Vicente (Santana do Acaraú)
- Caldeirões (Saboeiro)
- Muquém (Carius)
- Rivaldo de Carvalho (Catarina)
- Trici (Tauá)
- Angicos (Coreaú)
- Diamantino II (Marco)
- Gangorra (Granja)
- Itaúna (Granja)
- Tucunduba (Senador Sá)
- Várzea de Volta (Moraújo)
- Caxitoré (Umirim)
- Frios (Umirim)
- Itapajé (Itapajé)
- Jerimum (Irauçuba)
- Tejuçuoca (Tejuçuoca)
- Gameleira (Itapipoca)
- Gerardo Atimbone (Sobral)
- Missi (Miraíma)
- Mundaú (Uruburetama)
- Poço Verde (Itapipoca)
- Quandú (Itapipoca)
- Santa Maria de Aracatiaçu (Sobral)
- São Pedro Timbaúba (Miraíma)
- Acarape do Meio (Redenção)
- Amanary (Maranguape)
- Aracoiaba (Aracoiaba)
- Catucinzenta (Aquiraz)
- Cauhipe (Caucaia)
- Germinal (Pacoti)
- Itapebussu (Maranguape)
- Malcozinhado (Cascavel)
- Maranguapinho (Maranguape)
- Pacajus (Pacajus)
- Penedo (Maranguape)
- Pesqueiro (Capistrano)
- Sítios Novos (Caucaia)
- Tijuquinha (Baturité)
- Olho d'Água (Várzea Alegre)
- Rosário (Lavras da Mangabeira)
- Tatajuba (Icó)
- Do Batalhão (Crateús)
- Sucesso (Tamboril)
- São José III (Ipaporanga)