Em 12 anos, Ceará registrou mais de 140 mil acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho

Em 12 anos, Ceará registrou mais de 140 mil acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho

Entre 2012 e 2023, foram registradas 675 mortes e 50.358 afastamentos do trabalho com concessão de benefício por afastamento no Estado

Um levantamento realizado pela Superintendência Regional do Trabalho no Ceará (SRT-CE) revelou que, entre 2012 e 2023, o Brasil registrou 7.492.570 acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho.

Somente no Ceará, as estatísticas apontam que, no mesmo período, esse número chegou a 140.400 notificações, incluindo subnotificações, acidentes típicos, acidentes de trajeto e doenças ocupacionais.

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Com o objetivo de promover o debate sobre Segurança e Saúde no Trabalho na contemporaneidade, auditores fiscais do Ministério do Trabalho realizaram, nessa quarta-feira, 23, a abertura da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho 2025 (Canpat 2025), com o tema "SESMT e CIPA - Protegendo vidas no Trabalho", em Fortaleza.

O evento, celebrado na sede da Superintendência Regional do Trabalho no Ceará, tem como foco o fortalecimento da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) no ambiente de trabalho, instrumentos de prevenção de acidentes.

De acordo com dados das Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs), documentos oficiais que registram acidentes e doenças ocupacionais, foram reportados 9.296 acidentes de trabalho no Ceará em 2024, sendo 62 fatais. Este ano, já foram notificados 2.745 acidentes no Estado, dos quais 7 resultaram em óbitos.

A auditora fiscal do trabalho e chefe do setor de segurança e saúde da Superintendência do Trabalho, Maria Ervanis Brito, ressalta a importância de debater e divulgar informações ligadas a segurança no trabalho, com o objetivo de reduzir os números de doenças e acidentes que afetam os trabalhadores.

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“Quando a gente fala de adoecimento e de acidente de trabalho, não é algo que toca tão somente o trabalhador; toca diretamente a ele, porque é a saúde ele; toca a família, porque é um membro que pode estar adoentado e pode vir até a falecer por força de um acidente de trabalho. Mas, para o empregador, ele tem questões de números, questões financeiras muito fortes. Quando a gente fala de prevenção de doenças e acidentes, a gente deixar o ambiente de trabalho seguro e saudável faz com que a produção ocorra de uma forma muito mais equilibrada”, explica.

O Canpat faz parte da campanha anual de conscientização sobre saúde e segurança no trabalho, focada na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, conhecida como “Abril Verde”. Durante o mês, é comemorado o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, e o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, ambos no dia 28.

Para Luís Alves de Freitas, chefe da Fiscalização do Trabalho no Ceará, a Canpat alerta para a questão da segurança e saúde e mostra como os impactos ligados aos acidentes de trabalho vão muito além do próprio trabalhador.

“Infelizmente, tem tido um aumento no número de acidentes e também dos acidentes fatais, que é o mais grave de todos, que é quando o trabalhador chega a óbito por fruto de um problema que aconteceu na empresa por não cumprir as normas de segurança do trabalho”, AFIRMA. 

O fiscal lamenta ainda o número reduzido de fiscais no Estado do Ceará, razão que, segundo ele, dificulta o atendimento e fiscalização em todo o território.

“Infelizmente, não tem braço para todo o estado do Ceará. Hoje nós só temos fiscais em Fortaleza e um em Sobral. Então, para atender o estado do Ceará, a gente hoje tem uma dificuldade muito grande de atender. Mas Fortaleza e a Região Metropolitana ainda é a maior parte dos acidentes e a fiscalização acontece mais nessas áreas”, detalha.

Ceará é 11º estado brasileiro que mais registrou acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho

Os dados, obtidos a partir do Anuário Estatístico da Acidentes de Trabalho (AEAT), mostram ainda que no universo de eventos acidentários, foram registradas 29.686 mortes e 2.456.659 afastamentos do trabalho com concessão de benefício por afastamento (B91) O auxílio doença acidentário é um benefício previdenciário pago pelo INSS a trabalhadores que se incapacitam para o trabalho devido a acidentes ou doenças ocupacionais. , no país.

No Estado, observou-se a ocorrência média anual de 11.700 acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho. Nos doze anos, foram registradas 675 mortes e 50.358 afastamentos do trabalho com concessão de benefício por afastamento.

Os números colocam o Ceará como o 11º estado que mais ocorrem acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho, de acordo com o SRT-CE.

Entre as atividades econômicas privadas com mais notificações de acidentes entre o período analisado no levantamento, destacam-se serviços ligadas ao atendimento hospitalar (10,55%), comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - hipermercados e supermercados (4,1%); construção de edifícios (2,67%), transporte rodoviário de carga (2,23%) e atividades de Correio (2,03%).

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro-Ce), Domingo Neto, reforça a importância da participação dos trabalhadores em eventos como a Canpat para cobrar melhorias em relação às condições de trabalho.

“A gente representa uma categoria que corre ainda mais riscos, por vários motivos. Desde a sua saída de casa, pela manhã, sair 4 horas, 5 horas da manhã, ele já corre risco risco, né? Nas paradas de ônibus, a gente cobra também que tenha mais segurança, né? (...) A gente vai participar e ao mesmo tempo a gente vai cobrar que as empresas tenham mais cuidado, e que o Ministério do Trabalho tenha uma fiscalização melhor para que as categorias não passem tanto risco nos seus locais de trabalho", destaca.

Entre os principais desafios enfrentados pela categoria, o presidente do Sintro-Ce destaca o estresse, potencializado pela demissão dos cobradores de ônibus. Segundo Neto, o afastamento desses profissionais aumentou a sensação de insegurança no ambiente de trabalho.

“Nós somos a categoria que mais adoece na questão da cobrança que as empresas fazem. Com a demissão dos cobradores, prejudicou mais ainda, porque o cobrador não era só para passar troco, ele sempre auxiliava o motorista durante sua jornada de trabalho. Com a demissão dos cobradores, piorou cada vez mais”, afirma.

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