Óbitos por tuberculose no Ceará têm crescido desde 2020
O total de mortes passou de 172 para 244 entre 2020 e 2024. Secretaria da Saúde realiza oficina sobre tratamento e controle da doença
O Ceará tem uma incidência de 42 a 45 casos de tuberculose por 100 mil habitantes, marca maior que a do Brasil, de 35. O número de óbitos pela doença no Estado também impressiona e apresenta crescimento entre 2020 e 2024: passou de 172 mortes para 244.
No mês de alusão à doença e com base nesses números, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) realizou, nesta quarta-feira, 26, uma oficina sobre o tratamento e controle da tuberculose.
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Evento aconteceu na Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE), no bairro Meireles, em Fortaleza.
Com o tema “Juntos pelo fim da tuberculose: teste, trate e cure”, a oficina teve o intuito de viabilizar uma atualização abrangente sobre o diagnóstico e o tratamento da doença.
Foram discutidas as diferentes formas da doença, incluindo suas manifestações extrapulmonares, os desafios da multirresistência aos medicamentos, as estratégias de tratamento preventivo e o manejo das sequelas pós-tuberculose.
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção e Saúde (Covep), Ana Cabral, explicou que o Ministério da Saúde (MS), através do programa Brasil Saudável, visa atingir a meta de diminuir os casos de tuberculose para menos de dez casos por 100.000 mil habitantes até 2030.
“Faltam cinco anos, e a gente tem que reduzir a tuberculose e a incidência da doença para menos de dez. É uma meta desafiadora, visto que hoje a média de incidência do Brasil é em torno de 35 por 100.000. No estado do Ceará, em torno de 42 a 45 por 100.000”.
Ainda de acordo com ela, o governo federal possui a meta de reduzir o número de óbitos pela doença. “Só o Ceará tem um pouco mais de 230 por ano”. O painel de vigilância sobre tuberculose, do IntegraSUS, aponta que houve 244 óbitos pela doença no ano passado.
“Existem a tuberculose pulmonar e a extrapulmonar. A primeira se desenvolve no pulmão, já extrapulmonar se desenvolve em outras regiões do corpo”. É o que explica Ana Cabral ao O POVO.
Por mais que o agente etiológico seja o mesmo no tratamento, Ana explica que o procedimento muda de pessoa para pessoa. “A forma de transmissão é por contato respiratório, geralmente por secreção. E é transmitido de pessoa para pessoa através da tosse e do espirro”, explica.
Questionada sobre a atenção à doença no Interior, a coordenadora de Vigilância Epidemiológica e Prevenção e Saúde (Covep) afirmou que "todos os municípios têm uma atenção primária organizada para atender o paciente”.
O secretário-executivo de Atenção à Saúde e Desenvolvimento Regional, Lauro Vieira, informou que o Estado faz o diagnóstico de cerca de 3.600 e 4.000 casos de tuberculose por ano. “A frequência de cura tem diminuído ou mantido um platô, que a gente tem muita chance de melhorar”.
Ainda de acordo com Lauro, existem poucos pontos de internação clínica: “Isso é uma fragilidade (...) A gente não tá falando de uma doença que não tem questões sociais, que não tem questões de nutrição, que não tem questões de violência, é uma doença que perpassa por isso tudo”, afirma.
Óbitos por tuberculose no Ceará
2020 - 172
2021 - 204
2022 - 226
2023 - 236
2024 - 244
Tuberculose: número de casos por municípios e sintomas
Dados do cenário epidemiológico da tuberculose no Ceará, coletado pela Sesa, apontam que alguns municípios do Estado, incluindo a Capital, registram altos índices de casos. Os dados foram atualizados no último dia 10 de março.
Municípios
- Fortaleza | 1.749 casos
- Caucaia | 238 casos
- Itaitinga | 171 casos
- Maracanaú | 126 casos
- Aquiraz | 116 casos
- Pacatuba | 50 casos
- Sobral | 148 casos
- Juazeiro do Norte | 122 casos
Sintomas
- Tosse por 3 semanas ou mais;
- Febre vespertina;
- Sudorese noturna;
- Emagrecimento.
O MS recomenda que, em casos de sintomas, deve-se procurar a unidade de saúde mais próxima da residência para avaliação e realização de exames. Se o resultado for positivo para tuberculose, deve-se iniciar o tratamento o mais rápido possível e segui-lo até o final.
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ESP lança curso de Vigilância e Manejo Clínico da Tuberculose
Em nota exclusiva ao O POVO, a ESP comunicou que lançará um novo curso com 30 vagas, voltadas aos profissionais da saúde e que abordará o manejo clínico da tuberculose.
De acordo com a Diretoria de Educação Permanente e Profissional em Saúde (Dieps) da ESP/CE, as vagas são voltadas às Coordenadorias de Áreas Descentralizadas (Coads), Superintendências Regionais de Saúde (SRs) e municípios.
“A iniciativa visa assegurar que os profissionais de saúde dessas áreas tenham acesso direto e imediato ao treinamento necessário para lidar com a doença, em consonância com as diretrizes e demandas locais”, finaliza a pasta em nota.