Elmano: "É preciso separar empresas envolvidas com facções e extorquidas"

Elmano: "É preciso separar empresas envolvidas com facções e extorquidas"

Governador do Estado ressaltou o cuidado nas investigações, para "não acusar injustamente" empresas que não estavam envolvidas com esquemas criminosos

Governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), enfatizou nesta terça-feira, 25, que é preciso “separar muito bem”, durante as investigações de ataques a provedoras de internet no Estado, quais empresas estavam envolvidas com facções criminosas e quais estavam “sendo ameaçadas, extorquidas”.

“Já tem nomes [de empresas investigadas], mas só devem ser ditos com provas. Penso que a gente tem que dar tranquilidade à Polícia Civil para fazer a investigação, preservando o sigilo de informações importantes”, afirmou.

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Para o gestor, a ação policial em curso é “fundamentalmente” contra facções: “Tem empresário sendo ameaçado, sendo extorquido, então temos que ter muito cuidado para separar muito bem, não acusar injustamente”.

“Tem que aprofundar a investigação. Não podemos ser irresponsáveis. O empresário que estiver envolvido, nós vamos provar que ele está envolvido”, concluiu o chefe do Executivo cearense.

Os comentários de Elmano foram ditos durante coletiva de imprensa no Centro de Eventos, em Fortaleza, após a entrega de 25 novas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) a municípios cearenses.

Lula: quebrar 'espinha dorsal' das facções

Em entrevista exclusiva ao O POVO divulgada durante sua passagem pelo Ceará, na última quarta, 19, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que “quebrar a espinha dorsal” das facções criminosas é a “única forma de acabar com a violência que ocorre no Brasil”.

Lula se referia à estrutura financeira das organizações criminosas. Ele afirmou que, em 2024, a Polícia Federal (PF) causou prejuízo de R$ 5,6 bilhões às facções do País, 70% a mais que o ano anterior. Isso ocorreu por meio de operações policiais que envolviam apreensão de bens.

Outra frente de combate ao crime organizado, na visão de Lula, é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública. O texto define novas regras e padronização de protocolos para as forças de segurança do Brasil, além de estabelecer o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).

Ataques de facções a empresas de internet

Ataques a empresas provedoras de internet no Ceará têm sido registrados no Estado desde o fim do mês de fevereiro.

No sábado, 22 de fevereiro, uma semana antes do Carnaval, um veículo da empresa Brisanet foi incendiado no bairro Jacarecanga, em Fortaleza.

Cinco dias depois, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), em São Gonçalo do Amarante, foi alvo de ataques do Comando Vermelho (CV), que estaria cobrando taxas para as empresas operarem na região.

No mesmo dia, o Governo do Estado se reuniu com 15 provedoras atuantes na área e prometeu medidas mais eficientes no combate à ação criminosa.

Entre 22 de fevereiro e 7 de março, pelo menos quatro ataques a empresas de internet foram registrados.

No sábado, 8 de março, o município de Caridade passou por ataques, os quais deixaram 90% dos moradores sem acesso à internet. Criminosos arrancaram cabos e quebraram caixas de transmissão em postes.

Ainda no mesmo dia, Elmano de Freitas anunciou a criação de um grupo especial nas forças de segurança do Estado para atuar na prevenção aos ataques de facções contra os empreendimentos.

No domingo, 9, duas empresas tiveram portas e cadeiras quebradas durante a madrugada em Caucaia. No dia seguinte, 10, a fachada de uma provedora no bairro Itambé, também em Caucaia, foi atacada com pelo menos seis tiros.

Até a segunda, 17 de março, 27 pessoas foram presas suspeitas de extorquir empresas ou usuários de internet a mando de facções no Ceará.

Três dias depois, em 20 de março, uma empresa provedora de internet anunciou o encerramento de suas atividades, após sofrer atos de vandalismo em sua sede, localizada no bairro Soledade, em Caucaia.

“Infelizmente, em meros 20 minutos, atos de vandalismo devastaram tudo o que construímos com tanto e esforço e comprometimento”, disse a empresa GPX Telecom em comunicado.

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