Ceará alcança 46% da reserva hídrica no início de março
Índice é 5,6% maior que o acumulado do mesmo período no ano passado; aporte da primeira semana de março nos açudes foi maior que o registrado em todo o primeiro bimestre
Iniciado o segundo mês da quadra chuvosa, o Ceará acumula 46% da sua capacidade hídrica total, calculada em cerca de 18 bilhões de metros cúbicos (m3). Segundo dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), a marca foi atingida nesta quinta-feira, 6, e supera em mais de 5% o volume reservado na mesma data de 2024.
Das 12 bacias hidrográficas do Estado, nove já comportam mais de 50% do volume máximo. Entre os destaques estão as bacias do Acaraú e Alto Jaguaribe, duas entre as principais do Ceará, que hoje armazenam 79% e 60%, respectivamente.
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Juntas, as duas podem comportar mais de 4 bilhões de m3 de água e têm participação significativa nas reservas disponíveis para o consumo residencial e agrícola do insumo. Na bacia do Alto Jaguaribe, por exemplo, está situado o açude Orós, segundo maior do Estado, que apresenta volume 10% maior que o observado no dia 6 de março do ano passado.
E não é só ele que tem mostrado incrementos desde 2024. O Castanhão, maior reservatório d’água da América Latina com capacidade para 6,7 bilhões de m3, saltou de 24% para 27% da capacidade ocupada neste último ano. Completando a lista dos três grandes açudes do Ceará, o Banabuiú, localizado no Sertão Central e Inhamuns, foi o único a regredir, com queda de 37% para 35% em 12 meses.
“Estamos otimistas que vamos terminar sim a nossa reservação hídrica do Estado dentro de um [nível] razoável para termos aí pelo menos mais um ou dois anos de segurança hídrica para todas as nossas atividades e usos múltiplos da água”, afirma o diretor de operações da Cogerh, Tércio Tavares.
Outro indicativo de uma maior chegada de água aos reservatórios é o número de açudes sangrando em todo o Estado. Até esta quinta, 16 equipamentos monitorados pela Cogerh estão acima do nível máximo, enquanto outros 19 já ultrapassam 90% da capacidade.
Na mesma data de 2024, 13 açudes cearenses estavam transbordando e mais seis caminhavam para tal, somando mais de 90% da cota limite. Em meados de abril, a Terra da Luz alcançou 72 açudes vertendo ao mesmo tempo, recorde dos últimos 13 anos.
Bacias do Centro Sul apresentam baixo nível de reservas
Se por um lado o número de açudes sangrando cresce mês a mês, do outro também há reservatórios que lidam com a escassez de água acumulada. Os principais casos como este no Ceará estão na porção centro-sul do Estado, mais especificamente em bacias como a do Banabuiú, que soma 35% e a do Médio Jaguaribe, com 28%.
Dentre os agrupamentos de açudes de toda essa região, a situação mais delicada é a da bacia dos Sertões de Crateús. Mesmo sendo a quinta menor de todo o Ceará, hoje ela acumula apenas 18% da sua reserva plena e tem metade dos seus 10 açudes com níveis abaixo dos 30%.
De acordo com a Cogerh, essa diferenciação ocorre principalmente devido à características geográficas e climatológicas, que resultam na baixa reservação de água em algumas áreas. Para administrar situações como essa, a pasta afirma monitorar diariamente os níveis dos reservatórios, a fim de administrar situações de baixo aporte, como as registradas nesses locais.
“O acompanhamento contínuo dos açudes nos permite antecipar cenários e tomar decisões estratégicas para o uso sustentável dos recursos hídricos. A gestão da água no Ceará é feita de forma técnica e participativa, sempre em diálogo com os Comitês de Bacias e demais atores envolvidos”, explica o presidente da Cogerh, Yuri Castro, em nota.
Essas questões geográficas e climatológicas destacadas pela Companhia têm muito a ver com os locais onde chove. Aqui no Ceará, nem sempre muita chuva significa muito aporte, já que esses milímetros (mm) d’água não necessariamente irão decair sobre os reservatórios.
A própria faixa Centro-Sul do Estado, onde os açudes têm registrado volumes menores, tem registrado altos índices de chuva este ano. Segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as regiões onde estão inseridas as bacias do Banabuiú, Médio Jaguaribe e Sertões de Crateús superaram a média histórica de precipitações durante o primeiro bimestre.
Chuvas nas bacias hidrográficas do Ceará
Aporte da primeira semana de março foi maior que o de todo o primeiro bimestre
O segundo mês da quadra chuvosa cearense começou com um índice animador para as reservas hídricas. Apenas na primeira semana de maio, o estado teve aumento de 1,56% no volume de água armazenada, número maior que todo o bimestre janeiro-fevereiro, onde o aporte foi de 1,29%.
O incremento chega junto ao mês de maior intensidade da quadra chuvosa cearense, e que nos primeiros seis dias, obteve precipitações diárias em todas as macrorregiões do Estado.
No comparativo entre as bacias, a que mais recebeu água nos açudes foi a do Alto Jaguaribe, com 92 milhões de m3. Entretanto, a região foi apenas a quinta que mais choveu no Ceará este mês, com média acumulada de 60 milímetros.
Com 91 mm, a Região Metropolitana foi onde mais choveu ao longo dos últimos seis dias. Este valor resultou em 74 milhões de m3, atestando que, não é porque choveu muito que toda essa água irá resultar em armazenamento hídrico.
“Nem sempre chuva resulta em aportes. As chuvas, mesmo na média ou até acima da média, carecem de constância e precisam cair no lugar certo para gerar escoamento e, consequentemente, aportes”, ressalta Castro, também em nota.