Larittrix, cearense de 19 anos, entra para a Forbes Under 30
Maria Larissa Ferreira Paiva já detectou 25 asteroides, identificou mais de 2 mil galáxias e foi a primeira astronauta análoga (termo usado para se referir a pessoas que realizam simulações de missões espaciais sem sair da Terra) do Estado
Aos 19 anos, a cearense Maria Larissa Ferreira Paiva, também conhecida nas redes sociais como Larittrix, entrou para a lista da Forbes Under 30, sendo destaque na categoria Ciência e Educação. O reconhecimento veio após anos de dedicação aos estudos de astronomia. A lista foi publicada pela revista Forbes no fim de 2024.
“Esse reconhecimento não é só meu — é de todos que acreditam que a ciência pode mudar vidas!”, comemorou a jovem em suas redes sociais.
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Sendo natural de Pires Ferreira, cidade com aproximadamente dez mil habitantes no Sertão de Sobral, Larissa tem uma trajetória marcada por descobertas astronômicas, inovação e divulgação científica.
A estudante já detectou 25 asteroides, identificou mais de 2 mil galáxias e foi a primeira astronauta análoga do estado (termo usado para se referir a pessoas que realizam simulações de missões espaciais sem sair da Terra).
Seu trabalho ganhou reconhecimento nacional e internacional, tornando-a inspiração para jovens cientistas, especialmente meninas que sonham em ingressar no mundo da ciência. Atualmente é embaixadora do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A jornada de Larittrix
Aos oito anos, Larissa observou a constelação de Órion, conhecida popularmente como "Três Marias". Sem saber que esse era o nome das estrelas, questionou sua avó sobre os astros.
Esse momento despertou sua curiosidade e a fez buscar conhecimento por conta própria, iniciando assim sua paixão pela astronomia. Em entrevista à revista Forbes, Larissa disse: “Eu cresci fazendo perguntas sobre o mundo ao meu redor, mas nunca me conformei com as respostas”.
Desse primeiro contato com as estrelas veio seu apelido, Larittrix, inspirado em Bellatrix — a terceira mais brilhante da constelação de Órion, onde estão as populares “Três Marias”.
Sem acesso inicial à internet, a jovem cientista buscava respostas em livros didáticos e auxílio dos professores para aprender. Em 2018, aos 13 anos, com a chegada de uma lan house em sua cidade, teve a oportunidade de aprofundar seus estudos de forma autodidata, utilizando recursos online para expandir seu conhecimento.
“Foi onde eu tive a oportunidade de pesquisar sobre as Três Marias pela primeira vez, foi lá que eu descobri a existência da astronomia. Depois, comecei a ensinar minha família, minha comunidade e meus amigos sobre as coisas que eu aprendia”, confidenciou à Forbes.
Com um bom desempenho estudantil, ingressou em uma escola técnica profissionalizante na cidade de Ipu, onde cursou Administração de Empresas e o ensino médio. Foi nesse período que conheceu as Olimpíadas Científicas, que são competições nacionais entre escolas brasileiras em diferentes disciplinas, incluindo a astronomia.
Aos 15 anos, mesmo sem acesso a cursos e professores especializados, se destacou nas competições, conquistando suas primeiras medalhas na Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) e na Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG). Ao longo dos anos, acumulou mais de 20 medalhas nessas competições.
Em 2021, aos 16 anos, durante a pandemia, Larissa fez sua primeira grande descoberta ao identificar um asteroide por meio do programa Asteroid Hunt (NASA/MCTI/IASC), uma iniciativa da NASA em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Para participar do projeto, os candidatos precisavam, obrigatoriamente, utilizar um computador ou notebook com acesso ao Windows, mas na época, a jovem divulgadora científica assistia às aulas da escola pelo celular. A solução veio quando um vizinho emprestou um notebook, permitindo que ela participasse da busca por asteroides.
O desejo de popularizar o conhecimento científico e torná-lo acessível se tornou de suas principais missões. Desde então, ela á identificou 25 asteroides e analisou 2 mil galáxias por meio do Galaxy Cruise, do Observatório Astronômico Nacional do Japão (NAOJ).
O reconhecimento da Nasa trouxe a atenção de investidores, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e de um colégio particular de Fortaleza, o Farias Brito.
“Eu recebi dois notebooks, um da Multilaser e o outro de um empresário local. Em seguida, ganhei uma bolsa integral para estudar em Fortaleza com tudo pago, inclusive moradia e alimentação. Por fim, fui para Brasília e conheci o presidente”, afirmou Larissa.
Em 2022, além de continuar suas descobertas, a estudante promoveu uma competição de identificação de galáxias, incentivando outros jovens a participarem de projetos de ciência cidadã.
No ano seguinte, aos 17 anos, tornou-se a primeira astronauta análoga do Ceará, da microrregião de Ipu, participando de simulações de missões espaciais. No fim de 2023, venceu o prêmio "Mude o Mundo Como Uma Menina", criado para estimular o desenvolvimento e a entrada de meninas a partir de 10 anos em áreas STEM (sigla em inglês que representa ciência, tecnologia, engenharia e matemática), consolidando-se como líder científica.
A convite da Wogel Enterprise Aerospace, estação espacial análoga móvel localizada em Brasília, Larissa participou de treinamento que simula uma viagem ao espaço, prática comum em agências norte-americanas e dentro da própria Nasa.
Em 2024, foi nomeada como Embaixadora da Popularização da Ciência pelo POP Ciência/MCTI, sendo homenageada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda no mesmo ano, foi destaque na 1ª Olimpíada Brasileira de Inovação, Ciência e Tecnologia.
O futuro de Larittrix
Atualmente, Larissa quer cursar uma faculdade nos Estados Unidos para aprofundar os estudos em astronomia e astrobiologia, com o foco em exoplanetas e formação estelar.
Ela deseja contribuir ainda mais na divulgação e popularização da ciência com a criação do Instituto Larittrix de Educação Cidadã e desenvolver um programa nacional de clubes científicos em escolas públicas no Brasil.