Ceará terminou 2024 com 3.272 homicídios; aumento é de 10,16%
Desde 2020, os índices de assassinatos não cresciam no Estado. Fortaleza registrou no ano passado um aumento de 13%, enquanto, no Interior, o crescimento foi de 17,13%.O Estado do Ceará terminou o ano de 2024 com 3.272 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), a soma de homicídios dolosos, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. O balanço foi divulgado na tarde desta sexta-feira, 10, pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS).
O número representa um crescimento de 10,16% em comparação com 2023, quando foram registrados 2.970 homicídios. É, portanto, a primeira vez desde 2020 que o Estado registra aumento nos índices de assassinatos. Em 2021, houve redução de 18% em comparação com 2020; em 2022, a redução foi de 10% em relação a 2021; e, em 2023, foi registrado o mesmo número de CVLIs que em 2022.
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Em Fortaleza, o aumento no número de homicídios em 2024 foi de 13%. Enquanto, em 2023, ocorreram 738 assassinatos na Capital, no ano passado, esse número foi de 834. Dentre as 10 Áreas Integradas de Segurança (AIS) nas quais a SSPDS divide Fortaleza, três em especial puxaram para cima os números da violência na cidade.
A AIS 6 apresentou (onde estão localizados 16 bairros, incluindo Antônio Bezerra, Quintino Cunha e Pici) um aumento de 65,15%. Em 2023, a AIS 6 registrou 66 homicídios, enquanto, em 2024, foram 109.
Crescimento semelhante teve a AIS 8, onde ficam Barra do Ceará, Cristo Redentor, Floresta, Jardim Guanabara, Jardim Iracema, Pirambu e Vila Velha. Em 2023, também haviam sido registrados 66 assassinatos na região e, em 2024, esse número foi de 110 — aumento de 66,66%.
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Já a AIS 10, composta por 13 bairros, saiu de 28 CVLIs em 2023 para 42 em 2024, o que representa um aumento de 50%. Na AIS 10, estão bairros como a Praia do Futuro, o Papicu, o São João do Tauape e o Dionísio Torres.
No Interior, também houve crescimento. Em 2023, os municípios interioranos registraram, ao todo, 1.354 CVLIs; já em 2024, foram 1.586, ou seja, aumento de 17,13%. Em números absolutos, os municípios com maior incidência de assassinatos foram: Sobral, com 121 homicídios; Juazeiro do Norte, com 82; e Itapipoca, com 76.
Proporcionalmente, porém, a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes foi a de Groaíras, município do Sertão de Sobral. Com 10.910 habitantes conforme o Censo 2022, Groaíras registrou 16 CVLIs em 2024 — taxa de 146,65 homicídios por 100 mil habitantes. O segundo lugar ficou com Itarema (Litoral Oeste do Estado), que, com 42.726 moradores, computou 59 assassinatos — taxa de 138,08 CVLIs por 100 mil.
Na Região Metropolitana de Fortaleza, por outro lado, houve redução de 2,96% nos registros de assassinatos. Em 2023, 878 CVLIs foram computados nos 18 municípios da Grande Fortaleza. Em 2024, foram 852.
Os dois maiores municípios da RMF registraram aumento nas estatísticas, todavia. Caucaia — que teve 233 assassinatos em 2023 —, computou 249 assassinatos em 2024. Já Maracanaú, saiu de 163 para 166 homicídios em 2023 e 2024, respectivamente.
Dezembro foi mês mais violentos da gestão Roberto Sá
O balanço da SSPDS também mostra que o último mês de dezembro foi o mais violento desde que o secretário Roberto Sá assumiu a pasta, o que ocorreu em junho. No mês passado, foram 289 homicídios, 8,64% a mais que o observado em dezembro de 2023.
Com três assassinatos, dezembro passado também foi o mês com o maior número de CVLIs em unidades prisionais do Estado desde dezembro de 2018.
Além disso, também houve recorde no número de mortes por intervenção policial no Estado. Foram 23 casos, o maior número desde abril de 2020.
Secretário destaca redução no segundo semestre
Questionado sobre o aumento no número de homicídios em 2024, o secretário Roberto Sá reconheceu que o ano passado foi “desafiador”, mas destacou uma redução no número de assassinatos a partir do segundo semestre, período em que ele assumiu a pasta.
Os dados da SSPDS mostram que, de julho a dezembro de 2024, ocorreram 25 mortes a menos que no mesmo período de 2023. Os registros saíram de 1.583 CVLIs em 2023 para 1.558 CVLIs em 2024 — redução de 1,6%.
"Não ficamos satisfeitos com isso, obviamente, mas essa redução foi puxada por uma região muito importante e muito violenta historicamente, que é a Região Metropolitana (de Fortaleza), que vinha crescendo a 18% no primeiro semestre e reduziu 23% no segundo", afirmou o secretário em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 10, no Centro Integrado de Segurança Pública, durante a saída de policiais para a Operação Integração Saturação Total.
Para Sá, a redução no segundo semestre mostra que as políticas de segurança estão no “caminho certo”. Ele destacou ações tomadas pelo Governo do Estado na área, como o lançamento de concursos públicos, o investimento em tecnologias e a adoção de gratificações, como as que existem para os profissionais da inteligência e para os agentes de segurança que apreendem armas.
“Vamos adotar, em 2025, a gestão por resultados, trabalhando com diagnósticos, planejamento, correção, reconhecendo o bom trabalho prestado, com foco no combate aos criminosos”, também disse o secretário. “Seguiremos combatendo dia e noite, trazendo mais paz e tranquilidade para a nossa população”.
Atualizada às 20 horas
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