Oropouche: cidades serranas do Cariri, Meruoca e Ibiapaba têm ambiente propício para vetor e são monitoradas

Apesar de não terem registrado casos em 2024, regiões estão sendo constantemente monitoradas pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) por já terem a presença do mosquito maruim

17:43 | Jan. 09, 2025

Por: Alexia Vieira
CASOS de febre do oropouche foram registrados no Maciço de Baturité (foto: Divulgação/ Secretaria de Vigilância em Saúde)

Em 2024, o Ceará registrou 254 casos de febre oropouche. A doença, transmitida por um mosquito conhecido como maruim, ficou restrita a sete municípios próximos ao Maciço de Baturité. Devido ao ambiente propício para a reprodução do vetor, em 2025 outras áreas serranas do Estado serão monitoradas.

O secretário executivo de Vigilância em Saúde, Antonio Silva Lima Neto, o Tanta, explica que as áreas já afetadas pelo surto em 2024 provavelmente não passarão novamente por um aumento de casos. “A imunidade que é conferida aparentemente é duradoura”, explica.

Além disso, devido à concentração de casos nesses municípios, foi comum que povoados inteiros adoecessem ao mesmo tempo no pico de transmissão, que ocorreu por volta da primeira quinzena de agosto.

“Esses povoados não mais serão afetados porque não têm população suscetível para adoecer”, afirma Tanta.

Casos de oropouche no Ceará em 2024

Cidades:

  • Aratuba (67)
  • Capistrano (64)
  • Pacoti (36)
  • Baturité (29)
  • Mulungu (28)
  • Redenção (27)
  • Palmácia (3)


Perfil dos pacientes:

  • 54,7% (139) são sexo masculino.
  • Faixa etária de 20 a 49 anos com maior número de casos confirmados
  • Três gestantes

Óbitos:

  • Um óbito fetal foi registrado e confirmado pelo Ministério da Saúde

Isso significa que o mosquito que carrega o vírus pode migrar para outros locais do Estado, onde os moradores ainda não têm resistência à febre oropouche.

As serras do Cariri, de Meruoca e da Ibiapaba são alguns dos novos territórios com potencial de transmissão.

Apesar de não terem registrado casos em 2024, Tanta relata que os locais estão sendo constantemente monitorados pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) por já terem a presença do mosquito maruim.

Mosquito se reproduz em área rural de vegetação úmida

Diferente do Aedes aegypti, já acostumado com o ambiente urbano, o inseto Culicoides paraensis se reproduz principalmente em áreas rurais.

São áreas de mata atlântica, especialmente associadas à plantação de banana e chuchu. A preferência por esse ambiente se dá pela presença de plantações que geram sombreamento e deposição de matéria orgânica no solo.

As principais vítimas da doença acabam sendo os moradores que residem a poucos metros das áreas de cultivo.

“Quando você georeferencia os casos, você percebe que mesmo nos municípios que têm áreas de sertão, áreas de transição, você não teve casos. Você só teve casos mesmo nas áreas que a gente convenciona chamar de vegetação úmida”, diz o secretário.

É por isso também que não há casos de febre oropouche em Fortaleza. Segundo Tanta, isso só ocorreria se outro vetor passasse a transmitir o vírus.

Pela maior presença do mosquito em terra úmida, o período chuvoso é um momento que demanda mais atenção. No Ceará, ele ocorre de fevereiro a maio.

Medidas de proteção

De acordo com nota técnica do Ministério da Saúde, não há evidências que comprovem a eficácia de inseticidas contra o mosquito maruim. Por isso, é preciso se proteger também de forma individual.

Cobrir áreas expostas do corpo com calças e camisas de mangas compridas, meias e sapatos fechados é recomendado. O uso de repelente também não tem comprovação da eficácia contra o maruim, mas é importante para evitar doenças transmitidas por outros mosquitos, como dengue, zika e chikungunya.

Para quem mora próximo das áreas de reprodução do mosquito, é importante a utilização de telas de malha fina nas janelas e mosquiteiros com gramatura inferior a 1,5 mm.

O manejo ambiental das áreas de cultivo e do entorno das residências pode ajudar a diminuir a proliferação do mosquito, com a limpeza do solo para livrá-lo do acúmulo de material orgânico.

No entanto, mulheres grávidas não devem se ocupar da limpeza de quintais ou de qualquer local que possa elevar o risco de exposição ao mosquito.