Janeiro Branco: campanha alerta sobre fatores de riscos e cuidados com a saúde mental

À luz do questionamento “O que fazer pela saúde mental hoje e sempre?”, a campanha do Janeiro Branco 2025 lança um convite à população para refletir sobre a importância de cuidar da saúde mental e emocional. O mês escolhido para a mobilização reverbera o sentimento de renovação que acompanha a chegada de um novo ano.

Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças relacionadas à saúde mental, o estresse se destaca como promotor e acentuador de sintomas. Reação natural do organismo a situações imprevistas, como brigas ou insatisfações no trabalho, o estresse pode causar problemas de saúde ao se tornar crônico ou intenso.

De acordo com o relatório global World Mental Health Day 2024, divulgado pelo Instituto Ipsos, 45% da população mundial consideram a saúde mental como o maior problema de saúde em seus países. No documento, o Brasil aparece como o 4º País mais estressado do mundo, com 42% das pessoas entrevistadas relatando os sintomas.

Samuel Pinho, psiquiatra do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), ressalta a importância de ficar atento aos sintomas que podem surgir quando a saúde mental está afetada.

“O impacto do estresse também se manifesta em disfunções físicas objetivas, como a redução da força muscular e da função pulmonar. Quando o estresse se torna prolongado, ele pode sobrecarregar os mecanismos de regulação do organismo, dificultando a manutenção do equilíbrio e aumentando o risco de doenças físicas e mentais”, explica em matéria divulgada pela Sesa.

O especialista detalha que o estresse ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHP), responsável pela integração dos sistemas nervoso e endócrino no corpo humano. Essa ativação contínua pode levar a uma inflamação sistêmica de baixo grau: o problema ocorre quando o sistema imunológico está constantemente ativado, levando a uma resposta inflamatória prolongada e aumentando o risco, por exemplo, de doenças cardiovasculares.

Entre as principais consequências do estresse, destacam-se: doenças de pele, gástricas e autoimunes, insônia, enfraquecimento do sistema imunológico e transtornos psiquiátricos, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

Confira os sintomas mais comuns do estresse:

• Ritmo cardíaco acelerado
• Tremores no corpo
• Manchas roxas no corpo
• Alterações de humor
• Insônia
• Tensão muscular
• Alterações no apetite
• Problemas de atenção e memória
• Náuseas e tonturas
• Vícios como forma de relaxamento
• Dores no corpo, de cabeça e no peito
• Queda de cabelo
• Cansaço demasiado
• Alergias de pele
• Imunidade baixa
• Refluxo, úlcera e gastrite

Ansiedade e depressão são fatores de risco para outras doenças crônicas

Assim como o estresse, a ansiedade e a depressão são consideradas fatores de risco para diversas doenças crônicas. Samuel Pinho, psiquiatra do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), explica que “os mecanismos biológicos dessas condições incluem a resposta inflamatória sistêmica, disfunções metabólicas e alterações na microbiota intestinal”.

De acordo com a pesquisa “Panorama da Saúde Mental”, divulgada em outubro de 2024 pelo Instituto Cactus, realizada em parceria com a AtlasIntel, 68% dos brasileiros relataram se sentir ansiosos, nervosos ou muito tensos.

O especialista reforça como as escolhas adotadas no estilo de vida podem influenciar no desenvolvimento dessas doenças. “Escolhas de estilo de vida frequentemente associadas a esses transtornos, como inatividade física e sono inadequado, agravam ainda mais os impactos na saúde física”.

Entre as principais doenças crônicas potencializadas pela ansiedade, destacam-se: hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e trombose venosa profunda (TVP), mediada por inflamação crônica e disfunção do eixo HHP.

Além disso, a depressão pode elevar o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade, além de estar associada à presença de múltiplas condições crônicas.

Campanha convida ao cuidado integral

Para evitar o desenvolvimento de quadros clínicos vinculados a doenças ligadas à saúde mental, o especialista alerta que é importante considerar que o corpo e a mente estão interligados.

O equilíbrio entre saúde mental e física é interdependente: enquanto condições emocionais podem impactar profundamente a saúde física, desequilíbrios no corpo também influenciam nosso bem-estar psicológico. O manejo adequado dessas condições, com apoio psicológico e médico, promove não apenas uma melhora na qualidade de vida emocional, mas também previne complicações graves, fortalecendo a saúde como um todo”, afirma.

Para o início do ano, o profissional faz um convite: começar dando mais atenção à saúde mental. “Neste Janeiro Branco, incentivamos você a observar suas emoções e a identificar sinais de sobrecarga. É importante reconhecer que cuidar da mente é cuidar do corpo e, além disso, é o primeiro passo para uma vida equilibrada e saudável”, aconselha o psiquiatra.