Após 22 dias de ordem judicial, plano anuncia data para jovem receber transplante de medula

Recifense radicada em Fortaleza, Laís Carvalho conversava com O POVO quando recebeu a notícia de que cirurgia deverá acontecer sexta, 27. Jovem tem diagnóstico de Linfoma de Hodgkin desde 2023 e precisou judicializar demanda por tratamento

O caso da recifense Laís Carvalho, de 31 anos, radicada em Fortaleza, que aguarda a realização de seu transplante de medula óssea, ainda não teve o desfecho determinado pela Justiça, apesar da ordem judicial dada ao plano LIV Saúde. Em 2023, a jovem recebeu o diagnóstico de um Linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer que é detectado no sangue.

Na noite dessa sexta-feira, 20, inclusive, apesar da urgência para tratar seu caso, a gerente de marketing compartilhou no seu Instagram que a operadora ainda não havia emitido nem enviado a guia de autorização para o procedimento.

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O cenário teve uma mudança e um fio de expectativa exatamente na manhã deste sábado, 21. Laís recebeu uma ligação da operadora de saúde informando que a guia de autorização para o transplante deverá ser liberada até a próxima sexta-feira, 27. No momento em que o plano deu a informação, a jovem fornecia entrevista sobre o caso, que foi publicado pelo O POVO no dia 12 de dezembro

No início desta semana, o LIV Saúde entrou em contato, solicitando que ela comparecesse a uma consulta com um hematologista da própria operadora. O exame clínico foi feito na quinta-feira, 19, e o relatório reforçou a necessidade do transplante.

No mesmo dia, Laís foi novamente contactada pelo plano, que informou sobre a liberação de uma guia para a realização de um PET-CT, um diagnóstico por imagem capaz de detectar possíveis tumores pelo corpo. O exame é necessário antes que o procedimento final seja realizado.

Ao questionar sobre a guia do transplante, a paciente ouviu da operadora que em até 24 horas receberia a liberação. “Até brinquei: ‘Mulher, vai sair este ano ainda?’. E ela: ‘Vai, com certeza’”, descreve.

“Ontem (sexta-feira) pela manhã me ligaram para falar do PET e disseram que ligariam para falar do transplante, mas não ligaram”, relembra Laís. “Liguei de novo e falaram: ‘Não tem nenhum gerente aqui para falar, o pessoal do setor de autorização não está disponível. Melhor retornar na segunda-feira’”.

Com a ligação da manhã deste sábado, Laís foi informada que a operadora está resolvendo com a instituição credenciada que realizará o procedimento, o Hospital São Camilo.

Ao O POVO, o plano LIV Saúde confirmou que os exames estão autorizados e marcados. Afirmou ainda estar mantendo contato com a paciente para mais detalhes. Os procedimentos a serem realizados estão sendo acertados com as prestadoras de serviço.

Quais os riscos com a demora no transplante de medula óssea

Em 2024, Laís Carvalho realizou um tratamento por imunoterapia, após não responder bem à segunda fase de quimioterapia que precisou ser submetida. Não sendo convencional, este tratamento contra o câncer busca combater o avanço da doença ativando o sistema imunológico do paciente.

A resposta foi positiva, mas a gerente de marketing foi indicada para realizar um transplante de medula óssea autólogo, no qual as células precursoras da medula óssea vêm do próprio indivíduo transplantado, ou seja, o receptor.

Em entrevista ao O POVO, publicada no dia 12 de dezembro, ela explicou:

“Primeiro é feita uma mobilização das células-tronco. Então, faz com que eu produza bastante células, e novas também que não são doentes. Eles retiram essas novas células, tratam e depois infundem em mim de novo. [Isso] meio que reseta o meu sistema imunológico, eu viro um bebê de novo”.

Há urgência em realizar esse procedimento. Laís não pode correr risco da doença retornar, pois caso isso aconteça ela se torna inelegível. “Por isso está sendo uma correria contra o tempo”, argumenta.

"Só vou sossegar quando estiver com essa guia em mãos e no meu aplicativo. Ela é a certeza de que farei o transplante, ligação não. A guia autorizando é o que (permitirá) ir no hospital e dar entrada", arremata.

Relembre o caso

O impasse entre a pernambucana Laís Carvalho e a operadora LIV Saúde não é recente. Em abril de 2023, a jovem foi diagnosticada com Linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer no sangue. O primeiro tratamento de quimioterapia contra a doença foi realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e finalizado ainda em 2023.

Após o término, a recifense entrou em contato com o plano de saúde para fazer o PET-CT, que custava R$ 5 mil, mas o plano, que havia sido contratado em março, não cobriu o exame. “Quando acabou a carência de procedimentos de alta complexidade, achei que conseguiria o PET-CT. Quando solicitei, começou toda a briga na Justiça e me perguntaram por que eu estava solicitando (o exame)”, relatou ao O POVO.

Ela também informou que foi chamada para uma conversa presencial com a operadora. Na ocasião, ouviu que não poderiam assinar a autorização para o exame, pois ela se caracterizava como doença pré-existente. “Eu não sabia que estava doente quando contratei o plano. Eles disseram que isso não tinha como ser comprovado. Eu não tinha feito nenhuma perícia médica”.

O câncer retornou e após a segunda quimioterapia que não respondeu bem, foi indicada a realizar a imunoterapia. Conseguiu na Justiça que o plano cobrisse os gastos, mas a medida não foi cumprida e ela precisou novamente realizar uma vaquinha on-line. 

Com o término do tratamento e a necessidade do transplante, Laís teve outra vitória judicial: no último dia 29 de novembro, a Justiça determinou, com tutela de emergência, que a LIV Saúde liberasse a guia de autorização para a realização do transplante. A medida deveria ser cumprida em até cinco dias úteis, mas não foi o que ocorreu e ela segue aguardando a guia.

Com informações de Alexia Vieira e Bárbara Mirele/Especial para O POVO

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