Em 2024, Hospital de Messejana realiza 34 transplantes de coração e bate recorde de 25 anos

Unidade realiza transplantes do tipo desde 1999. Neste ano, o aumento foi de 26% nos procedimentos

O Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM) realizou 34 transplantes de coração em 2024. O número é o maior já alcançado pela instituição em seus 25 anos de atuação. Em comparação com todo o ano de 2023, quando foram realizados 27 transplantes, o número de procedimentos aumentou cerca de 26%.

Os dados são da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), atualizados até esta quinta-feira, 19. Desde o início do programa, em 1999, a unidade, também conhecida como Hospital do Coração, já realizou 557 transplantes cardíacos.

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De acordo com João David de Souza Neto, cardiologista e coordenador da Unidade de Transplante e Insuficiência Cardíaca do Hospital de Messejana, o último recorde da Instituição foi em 2016, quando foram realizados 32 transplantes.

"Esse novo marco é um fato muito importante para uma instituição como o Hospital de Messejana, onde todos os pacientes são atendidos pelo SUS e têm a oportunidade de ganhar uma nova vida quando o tratamento clínico já não é mais eficiente", comentou.

Para alcançar o bom resultado, a unidade de saúde destaca a regionalização da doação de órgãos. Isso significa que os corações foram captados a maiores distâncias, como nas regiões do Vale do Jaguaribe, Crato, Juazeiro e até em outros estados.

"Isso só foi possível graças a motoristas de ambulância, pilotos e comandantes de aeronaves, que garantem agilidade e precisão no transporte de órgãos e pacientes. É uma operação complexa que exige esforço e colaboração", acrescenta Juan Mejia, coordenador cirúrgico da Unidade de Insuficiência Cardíaca e Transplante do Hospital de Messejana. 

Hospital de Messejana: transplantes de coração por ano 

  • 1999: 1 adulto
  • 2000: 7 adultos
  • 2001: 9 adultos
  • 2002: 8 adultos e 1 pediátrico
  • 2003: 17 adultos e 2 pediátricos
  • 2004: 23 adultos e 1 pediátricos
  • 2005: 14 adultos e 2 pediátricos
  • 2006: 13 adultos e 4 pediátricos
  • 2007: 22 adultos e 1 pediátrico
  • 2008: 28 adultos e 3 pediátricos
  • 2009: 23 adultos e 4 pediátricos
  • 2010: 15 adultos e 1 pediátricos
  • 2011: 19 adultos e 6 pediátricos
  • 2012: 25 adultos e 3 pediátricos
  • 2013: 21 adultos e 9 pediátricos
  • 2014: 18 adultos e 3 pediátricos
  • 2015: 23 adultos e 1 pediátrico
  • 2016: 26 adultos e 6 pediátricos
  • 2017: 18 adultos e 9 pediátricos
  • 2018: 26 adultos e 5 pediátricos
  • 2019: 21 adultos e 4 pediátricos
  • 2020: 10 adultos e 4 pediátricos
  • 2021: 5 adultos e 6 pediátricos
  • 2022: 12 adultos e 4 pediátricos
  • 2023: 22 adultos e 5 pediátricos
  • 2024: 28 adultos e 6 pediátricos

Transplantes no Ceará

O Ceará realizou 1.955 transplantes de órgãos e tecidos ao longo de 2024. O número representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior, quando foram realizados 1.726 procedimentos. 

É responsabilidade dos hospitais estaduais (Rede Sesa) realizar os procedimentos de transplantes. O Estado realiza transplantes de rim, fígado, pulmão, pâncreas, coração, medula óssea, córnea e válvulas cardíacas.

Conforme a Sesa, a maior parte dos transplantes realizados no Ceará em 2024 foi de tecidos, com um total de 1.314 procedimentos.

Dentro desse grupo, a maioria correspondeu a transplantes de córnea [estrutura transparente localizada na frente do olho], que somaram 1.304, enquanto 10 foram de esclera [tecido que envolve o globo ocular].

Também foram realizados 152 transplantes de tecido líquido, sendo 100 de medula óssea autóloga [células da medula óssea do próprio paciente] e 52 de medula óssea alogênico [células precursoras da medula de um doador]. O procedimento é essencial para o tratamento de diversas doenças, como leucemias e outras condições hematológicas.

Já os transplantes de órgãos sólidos totalizaram 489 procedimentos em 2024. Entre os destaques, o fígado foi o órgão mais transplantado, com 232 procedimentos. Em seguida, aparecem os transplantes de rim, com 219, e os de coração, com 34. 

O Hospital Geral de Fortaleza (HGF) é o maior centro transplantador da região Nordeste e, até novembro, a unidade registrou 384 procedimentos. 

Segundo Ronaldo Esmeraldo, cirurgião e chefe do serviço de Transplante do HGF, apesar dos bons resultados, ainda existe um estigma em relação à doação de órgãos. "O maior desafio é a recusa das famílias, causada pela desconfiança no sistema de saúde e pelas dificuldades de internação", aponta. 

Transplantes no Brasil

De acordo com o mais recente Registro Brasileiro de Transplantes, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, entre janeiro e setembro de 2024 o Brasil contabilizou 6.966 transplantes de órgãos, 12.819 de tecidos e 2.305 de medula óssea.

Em relação ao número de doadores efetivos, o Ceará ocupa a sétima posição entre os estados brasileiros, com 170 procedimentos de retirada de órgãos de pacientes vivos e falecidos. Destes, 126 foram doadores de múltiplos órgãos.

Como se tornar um doador de órgãos

A doação de órgãos pode ocorrer em vida ou após o óbito. A doação em vida é permitida apenas em condições específicas, como órgãos duplos ou cuja retirada não comprometa a sobrevivência do doador, não cause riscos graves à saúde física ou mental e não resulte em mutilações ou deformações.

"Doadores em vida podem doar um rim ou parte do fígado para parentes próximos, amigos ou cônjuges. Já os doadores falecidos precisam do consentimento dos familiares, mesmo que tenham declarado em vida que são doadores", explica Ronaldo Esmeraldo, médico-cirurgião e chefe do serviço de Transplante do Hospital Geral de Fortaleza (HGF).

Para a doação pós-morte, é necessário diagnóstico de morte encefálica. Após a retirada dos órgãos, o corpo é recomposto e entregue aos familiares para sepultamento.

Atualizada às 21h09

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