Acusado de chefiar facção cearense é morto em presídio por aliados
Fellype Abdoral Sales de Oliveira, de 32 anos, foi preso em fevereiro de 2013, apontado pela Polícia Civil do Ceará como chefe de uma organização criminosa e responsável pela parte financeira do grupo. Segundo a SAP, o interno foi morto por integrantes do mesmo grupoUm homem acusado de ser um dos chefes da área financeira da facção Guardiões do Estado (GDE), que estava preso há quase dois anos, foi morto nesta terça-feira, 3, dentro da Unidade Prisional 3, em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou o homicídio e apontou que o interno foi morto por presos da organização criminosa da qual ele participava.
Fellype Abdoral Sales de Oliveira, de 32 anos, foi preso em fevereiro de 2023, apontado pela Polícia Civil do Ceará como chefe da organização criminosa Guardiões do Estado (GDE) e responsável pela parte financeira do grupo. Ele foi detido em um condomínio de luxo no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
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De acordo com apuração do O POVO, Abdoral também era conhecido como Águia e foi citado no inquérito da operação Fartare, da Polícia Federal, que rastreou o tráfico de drogas com montante de R$ 77 milhões em lavagem de dinheiro no Ceará.
Águia é citado em um salve da facção Massa. Esse salve foi anexado no documento do inquérito policial. A operação Fatare foi deflagrada em novembro deste ano.
O advogado da vítima, Jader Aldrin, afirma que teve acesso ao reconhecimento visual do local do crime ainda na DHPP, com a equipe que fez a perícia no local. "As lesões deferidas contra ele, todas na região torácica, totalizaram 27", disse.
Ele afirma que a família tomou conhecimento da morte do interno por meio do serviço de assistência social da Secretaria da Administração Penitenciária.
Defesa de Águia entrará com ação contra o Estado
O advogado Jader Aldrin ressalta que Fellype chegou a ser socorrido na enfermaria da unidade prisional, mas faleceu ainda na maca. Ele relata que acompanhou a saída do corpo da vítima da sede da Perícia Forense e que não obteve informações sobre o caso ao procurar a unidade prisional.
O POVO solicitou informações à SAP e o órgão informou que os policiais penais intervieram em um confronto de internos pertencentes a uma facção de origem cearense durante a manhã desta terça-feira, 3.
De acordo com a SAP, a vítima era um facicionado e foi atingido por um integrante da mesma organização criminosa. Os profissionais de saúde prestaram socorro ao homem e acionaram o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu). A SAP ainda informou que o interno foi levado a uma unidade hospitalar, no entanto, não resistiu aos ferimentos.
A SAP informou que todos os internos envolvidos no crime, junto do preso responsável pelas agressões, foram encaminhados a uma delegacia para as responsabilizações do homicídio.
A Defesa da vítima informou que ingressará com uma ação na Vara da Fazenda Pública para responsabilizar o Estado pela morte do interno.
“É responsabilidade do Estado zelar pela vida das pessoas que estão recolhidas em ambientes prisionais. Vamos ingressar com o pedido de reparação por danos morais, combinados com danos materiais”, disse o advogado Jader Aldrin.
Águia era acusado de financiar GDE e investigado por crimes de lavagem de dinheiro
A prisão de Abdoral foi realizada por força de mandado de prisão preventiva e por integrar organização criminosa. A Polícia Civil do Ceará cumpriu seis mandados de busca e apreensão em imóveis ligados à Fellype e em uma das casas uma arma de fogo foi apreendida.
Fellype era apontado nas investigações pelo apelido de Águia e era responsável por financiar a GDE, manter empresas no nome dele para realizar lavagem de dinheiro. O homem possui antecedentes criminais por tráfico de drogas.
As investigações apontaram que Águia possuía poder de decisão nas execuções de desafetos ou integrantes de grupos rivais. Os policiais representaram pela prisão preventiva, além dos mandados de busca e apreensão de imóveis e empresas que possuíam qualquer tipo de ligação com ele.
Além dos celulares, dinheiro e automóvel, a Polícia apreendeu seis imóveis, sendo três casas de alto padrão e uma loja de roupa, um lava jato e um rancho, todos situados no Eusébio, Camocim e Iguatu.
Águia era citado no inquérito da operação Fartare da Polícia Federal
Águia é citado no inquérito da operação Fartare, da Polícia Federal, que foi deflagrada em novembro deste ano, por meio de um salve replicado pela facção "Massa", que cita Águia como um integrante do Conselho Final.
O salve que o ameaça de morte é referente ao ano de 2022. Esse aviso da facção afirma que as "bandeiras" da GDE seriam retiradas nas áreas do Conjunto Palmeiras, José Euclides, Luiz Gonzaga, Casinhas, Sítio São João, Santa Filomena, Cidade Nobre.
O referido salve citado no inquérito da operação Fatare aponta que Águia se reuniria com outros fazendo "planos maquiavélicos" e planejando matar "donos de áreas". Essa ideia de matar chefes do tráfico seria de um preso que estava em unidade federal e que teria sido orientado a esse tipo de atitude. Uma espécie de "golpe" contra os chefes da facção para, assim, tomar o poder da área dominada pelo tráfico.
4º homicídio em presídios cearenses em 2024
Esse foi o quarto homicídio dentro de presídios cearenses no ano de 2024. Antônio Kaique da Silva Martins foi morto na Unidade Prisional Vasco Damasceno Weyne, Unidade Prisional - Itaitinga 5, com golpes de uma arma artesanal. O interno Giovanni Oliveira de Andrade Junior foi acusado do crime.