Oropouche: caso do Ceará é tema de estudo publicado em revista científica internacional

Estudo sobre transmissão vertical do vírus em caso de morte fetal foi publicado na revista científica New England Journal of Medicine

09:19 | Nov. 08, 2024

Por: Ana Rute Ramires
Maruim, como é conhecido o mosquito Culicoides paraensis, é o vetor da febre do oropouche (foto: Coleção de Ceratopogonidae do IOC/Fiocruz)

Estudo liderado pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa/CE) foi publicado na revista científica New England Journal of Medicine. Pesquisa confirma a transmissão vertical do vírus causador da febre do oropouche em um caso de morte fetal registrado no Ceará.

A detecção da transmissão vertical foi realizada pelo serviço de vigilância da Sesa/CE. O estudo foi publicado na revista americana no dia 30 de outubro e divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na última terça-feira, 5. 

Também colaboraram com o estudo:

  • Universidade de Fortaleza (Unifor);
  • Universidade Federal do Ceará (UFC);
  • Serviço de Verificação de Óbitos do Ceará Dr. Rocha Furtado (SVO/Sesa/CE);
  • Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen-CE);
  • IOC/Fiocruz;
  • Faculdade São Leopoldo Mandic;
  • Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE).

Além desse caso, outros dois registros confirmados de transmissão vertical correspondem a um caso de óbito fetal em Pernambuco e um caso de anomalias congênitas no Acre. 

Até a semana epidemiológica (SE) 41, de 6 a 12 de outubro, foram confirmados 231 casos de febre do oropouche. A maioria dos pacientes reside ou frequenta a zona rural de seus municípios, de acordo com o mais recente boletim da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa/CE).

Entre a SE 33 e a SE 34, houve a queda de novos casos mais relevante — de 36 para 10 novos registros. Das semanas 35 a 39, foram registrados 4, 2, 2 e 1 novos casos, consecutivamente.

Morte fetal foi registrada no dia 5 de julho 

Conforme a Fiocruz, a gestante, tem 40 anos e reside na região do Maciço de Baturité. Ela começou a apresentar sintomas compatíveis com Oropouche, como febre e dores no corpo e de cabeça, no dia 24 de julho, durante a 30ª semana da gravidez. A gestante teve a infecção confirmada. 

No dia 5 de agosto, houve o diagnóstico de morte fetal. Com autorização da família, os especialistas realizaram procedimentos minimamente invasivos para coletar amostras do bebê.

No Lacen-CE, o vírus Oropouche foi detectado em diversas amostras fetais, incluindo líquido cefalorraquidiano e tecidos cerebral, pulmonar e hepático, além do cordão umbilical e da placenta. 

Após confirmação do resultado positivo, foi realizado o sequenciamento genético do vírus detectado no feto nos laboratórios de referência, conforme a Fiocruz.

A análise apontou a presença da linhagem chamada de OROVBR_2015-2024, que emergiu recentemente no Brasil e foi caracterizada em artigo publicado na revista científica ‘Nature Medicine’, liderado pelo IOC e pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia).

Conforme o artigo, os resultados enfatizam os riscos da infecção pelo vírus do oropouche na gravidez e a necessidade de considerar a possibilidade de infecção em gestantes que sintomas sugestivos que vivam ou visitem regiões nas quais o vírus é endêmico ou emergente.