Policial penal foi atraído para "coffee break" com gestores e recebeu voz de prisão
O servidor, que já foi diretor de presídios no Ceará, é suspeito de facilitar a entrada de celulares nas unidades. Ele nega e diz que, na verdade, atuava para inibir as ações criminosas
21:24 | Nov. 05, 2024
O policial penal preso suspeito de facilitar a entrada de celulares em presídios do Ceará, José Ramony Melo, contou ao juízo, durante audiência de custódia, que foi preso após ser atraído para um coffee break. O servidor afirmou, chorando, que foi chamado para o lançamento de uma empresa na unidade prisional, seguido por uma reunião com a direção, de onde foi retirado e apresentado para a Polícia Civil do Ceará, que cumpriu o mandado de prisão, por meio da Delegacia de Assuntos Internos (DAI).
O policial penal, que tinha três anos e meio de profissão, nega ter envolvimento com organizações criminosas ou esquema de entrada de aparelhos celulares. "Tenho fé em Deus que quando sair daqui eu vou provar e vou derrubar as pessoas que eu tava quase pegando. Eu levantei mais de 10 nomes, passava para a inteligência todas as informações que eu recebia. Sempre fui uma pessoa muito responsável", afirmou o agente de segurança em vídeo da audiência, ao qual O POVO teve acesso.
Ramony cita, durante a audiência, que foi o responsável por repassar informações sobre material ilícito que entrou em uma máquina de costura na Unidade Prisional 2, em Itaitinga. A apreensão foi divulgada pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). O equipamento era uma doação de visitante cadastrado e estava "recheado" com carregadores, celulares e chips.
O agente de segurança afirma que não possuía vida de luxo e que passou um ano pagando as parcelas da viagem internacional. "Não entendo o sensacionalismo da mídia que eu tinha vida de luxo. Eu passei um ano para pagar a passagem", descreve.
Na audiência, Ramony afirma ainda que no momento da prisão ele estava com dois aparelhos celulares de uso pessoal, pois havia feito a compra de um novo celular e faria o backup. Ele nega que os outros aparelhos tenham sido encontrados em sua posse e afirma que os celulares estavam em outras unidades.
Além disso, diz que em todas as entradas nos presídios passava por procedimentos de vistoria. Com ele foram apreendidos roupas e o dinheiro, uma quantida de R$ 3 mil, que segundo o policial penal seria usado para pagar uma manutenção do carro. Na residência dele foram apreendidos R$ 46 mil em espécie.
"Eu tinha acabado de comprar um celular novo que ia trocar e no dia que eu fui preso eu ia fazer o backup de troca do aparelho. Meu celular de uso foi apreendido, minhas roupas na mochila, o dinheiro eu ia destinar para pagar o conserto do carro do vazamento de óleo. Nenhum ilícito foi encontrado, nada proibido", afirma.
Preso afirmou que policial receberia R$ 35 mil para introduzir aparelhos
José Ramony teria recebido R$ 35 mil para introduzir quatro celulares para dentro do presídio Unidade Prisional Francisco Hélio Viana de Araújo, em Pacatuba (Região Metropolitana de Fortaleza). Foi o que afirmou à Polícia Civil um preso que disse ter sido “cooptado” por Ramony para fazer parte de um esquema voltado ao fornecimento de celulares a detentos.
A informação consta no pedido de conversão da prisão temporária de Ramony em prisão preventiva, o que foi atendido pela Justiça nesta sexta-feira, 1º. Na peça, é afirmado que a investigação teve início em 1º de outubro último, quando seis celulares foram encontrados no presídio de Pacatuba. No dia seguinte, mais três aparelhos foram localizados. (Colaborou Lucas Barbosa)
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